Bruno Fonseca Uma das coisas que nós do Proibido Ler resolvermos fazer este ano, foi apoiar publicações independentes de quadrinistas Brasil afora. Seja publicando uma resenha crítica sobre a obra, seja divulgando uma campanha de financiamento coletivo do Catarse ou dando um simples boa sorte ao autor.
Para nós isso é uma forma de ajudar e também de reconhecer o trabalho do artista e da obra em questão. Pode ser pouco olhando por um lado ou pode ser muito olhando por outro. Tanto faz em qual lado você esteja, o importante é que estamos fazendo a nossa parte. “Um Cara Que Caiu Do Céu (e não conhecia a vida)” do psiquiatra paraibano e hoje amigo, Charlles Lucena, foi uma dessas histórias em quadrinhos que entrou na lista de obras que apoiamos este ano. Eu particularmente me envolvi com essa HQ de uma forma que nem eu mesmo esperava, não sei o que me chamou a atenção, talvez o titulo, talvez a capa, feita pela talentosa Mika Takahashi ou o conjunto da obra.
A única coisa que eu sei, e tenho certeza, é que chegou um exemplar na redação do PL. Confesso que demorei um pouco para apreciar, sentir o cheiro (uma mania que eu tenho de cheirar tudo que é livro e histórias em quadrinhos) e, claro, ler. Um Cara Que Caiu do Céu (e não conhecia a vida) conta a história de um alienígena que veio para nossa esfera tentar descobrir um mundo que nós mesmos, com todos esses 2015 (quase 2016) anos de existência, ainda não descobrimos em sua totalidade. Esse ET queria sentir nossas sensações, nossos vícios, nossas dúvidas, jeitos, podres, confusões, manias e tudo mais que acerca a vida terrena ou a vida humana. Lucena embarcou seu personagem em momentos que, em sua maioria, pode corresponder um padrão de vida. Momentos de tensão, ou de tesão, momentos de angustia, a descoberta de substâncias que nos levam a loucura em todos os sentidos, o sexo, fez o ET conhecer a sofrência e até mesmo, levou um ser que teoricamente teria uma evolução superior a nossa, a questionar o real sentido da vida.
Um Cara Que Caiu do Céu (e não conhecia a vida) tem um roteiro simples e um tanto poético. Seu autor talvez pelo fato de compreender as dúvidas e anseios do ser humano mais do que ninguém, conseguiu passar para o papel algo simples e ao mesmo tempo tocante que ganhou notoriedade e vida com a arte de cada um dos 22 artistas que participaram deste projeto. São eles: Alexandre Martins, Brão, Camilo Solano, Daniel HDR, Eric Peleias, Felipe Nunes, Gabriel Jardim, Gustavo Borges, Igor Tadeu; Jack Herbet, Jean Diaz, Leonardo Romero, Luciano Salles, Magno Costa, Maria Cau, Mika Takahashi; Paulo Moreira, Rafael Oliveira, Renato Quirino, Shiko, Thobias Daneluz e Vitor Cafaggi.
Um time de peso que com papel e nanquim, deram cada um a sua maneira e estilo, vida ao ser extraterrestre cara que caiu do céu para achar alguma coisa dessa loucura que chamamos de planeta água. A utilização de vários artistas possibilitou ao leitor entender que em cada momento o ET foi uma pessoa diferente e que viveu uma situação diferente em busca de uma compreensão melhor da vida terrena. Algumas páginas chamam a atenção pelo trabalho do artista e pela sua concepção em cima do roteiro. Existe um sumário na HQ que te possibilita saber o ilustrador que desenhou determinada página. E um dos baratos depois que você chega ao fim da história, é conhecer um pouco da vida de cada um deles e também de apreciar cada uma das páginas novamente. Duas delas me chamaram muito atenção: as artes de Gabriel Jardim e Jack Herbert. E para compreender os motivos que me levaram a escolher essas duas e também para não soltar spoilers é necessário que você leia a HQ, ok?
Entender as questões que permeiam a existência humana é muito difícil até para os extraterrestres. Já a sensação que você vai ter ao acabar de ler, talvez seja a mesma que motivou Charlles Lucena a escrever esta HQ.
Um Cara Que Caiu Do Céu (e não conhecia a vida)
42 páginas (aproximado)
Acabamento simples em capa cartonada
Valor: R$35,00
Veja também: Guia prático para começar a ler e comprar HQs
