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HQ do Dia | The Fox #1

A franquia The Fox, apesar de ser praticamente desconhecida em quase toda a América do Sul sempre figurou no rol dos personagens clássicos da Era de ouro dos quadrinhos americanos e é reverenciada pelos admiradores e colecionadores mais hardcore. A história editorial do personagem é bastante longa e confusa. Desde que foi criado por Irwin Hasen Joe Blair na década de 1940 como parte da linha de super- heróis da antiga MLJ Comics (que mais tarde veio a se tornar a Archie Comis) o personagem teve várias encarnações nas décadas de 1960, 80 tendo até sido re-imaginado temporariamente na DC Comics no ano de 2010 como parte da re-integração da Archie Comics ao universo da editora.

Em 2013 no entanto a Archie Comics voltou a publicar uma nova versão do personagem dessa vez imaginada por Dean Haspiel como parte de sua nova linha de quadrinhos de super-heróis chamada Red Circle, e agora em Abril de 2015 finalmente temos o retorno do personagem em um título mensal solo sob o rebatizado selo Dark Circle escrito por Dean Haspiel com o veterano Mark Waid e desenhado por Haspiel.

The Fox apesar da confusa e maçante história editorial é uma revista em quadrinhos extremamente simples e conta a história do foto jornalista PaulFox-1 Patton Jr. que já viveu um passado como o combatente do crime chamado The Fox e agora tenta levar uma vida normal e sustentar a família composta aqui por Mae Patton e seu filho Shinji Patton. Patton Jr. não possui poder algum a não ser uma capacidade quase que sobre humana em atrair o sobrenatural, o estranho e o perigoso. O personagem é um imã de problemas super heroicos e sua tentativa de aposentadoria é frustrada logo nesta primeira edição. Para a alegria dos leitores. O dilema da aposentadoria é tratado com sensibilidade e bom humor sem descambar para o drama filosófico e para a lamentação. Os autores conseguem equilibrar os conflitos internos do protagonista com um roteiro bem movimentado de uma história fechadinha, com ação, mistério e algumas revelações do passado. A primeira edição explica tudo que você precisa saber sobre o personagem e já prepara o terreno para as próximas histórias, marca registrada de Mark Waid.

Waid e Haspiel escrevem o início do arco chamado Fox Hunt (Caça a Raposa) em The Fox de maneira muito similar a tônica usada por Waid em sua passagem pelo Demolidor: Uma leitura leve, com uma trama simples e de fácil entendimento, um senso de humor esquisito e agradável, protagonista em dúvida sobre seu papel, elenco de apoio cativante e aquele “quê” de Era de ouro. Isso tudo deixa o roteiro totalmente palatável tanto para quem já tinha lido algo do personagem quanto para leitores que nunca ouviram falar na franquia. The Fox não é uma HQ de comédia, mas também não é uma leitura séria. A revista tem um tom esquisito e indefinido e transita com muita naturalidade entre gêneros, em momento algum martelando na mesma tecla.

A arte de Haspiel é minimalista e muito inspirada na escola Bruce Timm (da série animada do Batman da década de 1990). A arte se encaixa perfeitamente nas esquisitices do roteiro desta primeira edição e cumprem o papel de deixar o surreal digerível para os leitores. As imagens transmitem com clareza a ideia dos autores e os quadros sequenciais retos e bem divididos deixam o ritmo de leitura bastante veloz e agradável. Haspiel tem um traço similar ao desenhista de PowersMichael Avon Oeming – o design simples do uniforme do protagonista e dos demais personagens servem para imprimir a figura do herói na cabeça de forma que uma vez que você viu Fox você nunca mais vai esquecê-lo.

Dark Circle tem uma franquia muito promissora em sua linha de quadrinhos na forma de The Fox. O relutante vigilante foge bastante dos moldes “altivos” ou “perturbados” dos super-heróis modernos sem em nenhum momento apelar para a caricatura. Ao mesmo tempo o tom estabelecido por Mark Waid e Dean Haspiel para a nova série evoca o que há de melhor nos quadrinhos da Era de ouro: Simplicidade, roteiro de fácil entendimento, elenco cativante e situações surreais divertidas. The Fox começa num ritmo acelerado e é leitura recomendada para qualquer fã de arte sequencial de qualquer idade.

Leia minha última resenha: HQ do Dia | Convergence #2

Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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