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HQ do Dia | Guerras Secretas #9

Ah, as incursões… Quando a contração do multiverso Marvel começou lá em Janeiro de 2013 na estreia de Jonathan Hickman em “New Avengers”, nós leitores não tínhamos a menor ideia do quanto este fenômeno impactaria as nossas publicações e personagens favoritos.
3 anos depois as incursões resultaram neste Mundo de Batalha e finalmente nestas Guerras Secretas. Na última parte da saga que tornou Victor Von Doom o deus e soberano do único universo Marvel existente na continuidade atual (as demais histórias publicadas atualmente se passam 8 meses no futuro da editora em um novo contexto, entenda), Hickman nos apresenta a principal falha de Destino e o motivo de sua derrota.
 HQ do Dia  Guerras Secretas #9
O roteiro desta última parte revela finalmente os planos dos 3 principais atores nesta peça: Primeiramente vemos Reed Richards do Ultiverso mostrando sua verdadeira natureza ao se deparar com todo o poder do Homem-Molecular. Em seguida vemos qual a função de T’Challa e a maior arma do universo Marvel nesta trama e no futuro de Wakanda. E finalmente o que estávamos todos esperando: O confronto final entre Reed Richards e Victor Von Doom.
Sobre este embate final entre as mentes mais poderosas da Marvel cabe aqui um parágrafo exaltando principalmente a maneira sucinta e precisa que Hickman apresenta seus antagonistas. São 6 páginas de embate entre os dois, com diálogos relativamente curtos e frases que sintetizam a essência de sua histórica relação. As falhas de ambos protagonistas na resolução do problema das incursões são mostradas sem excesso de exposição. No fim, Destino é derrotado pela sua própria falta de confiança e amor próprio e sua obsessão e admiração por Richards fica clara em suas próprias palavras antes do fim do Mundo de Batalha.
O combate pode ser visto como anti-climático por não haver um triunfo absoluto de uma força sobre outra, mas ao expor o Homem Molecular ao conflito e deixar este se dar conta do que realmente está acontecendo, Richards já demonstra porque é um dos personagens mais brilhantes do universo Marvel.
Mas não é só isso, Guerras Secretas #9 é de fato o início do novo Multiverso Marvel (Sim! Nós temos um Multiverso novamente). Hickman novamente nos presenteia com um retorno ao início de sua passagem por “New Avengers” e revisita Wakanda de maneira satisfatória para os fãs da mitologia do Pantera Negra. Pequenas pistas sobre o futuro da Marvel são deixadas aqui e ali, e o mais gratificante é ver a construção deste novo multiverso pelas mãos de um sonhador, um gênio e um louco. A belíssima cena da nova criação do Multiverso contém ecos de todo o trabalho deste autor desde sua época no Quarteto Fantástico e na Fundação Futuro. Um presente para quem vem acompanhando o trabalho de Hickman há anos e um recomeço extremamente empolgante para este núcleo de personagens.
A arte de Esad Ribic nesta última parte mantém a consistência e exuberância que o ilustrador vem mostrando desde que Guerras Secretas #1 foi publicada no ano passado. No entanto, com cenários um pouco menos elaborados (por conta do roteiro) e um elenco um pouco menor, o desenhista nos entrega uma apresentação lindíssima, mas sem aquele impacto visual incrível que vimos na oitava edição. Aqui Ribic serve o roteiro de Hickman da melhor maneira possível e mostra porque nem sempre o visual deve sufocar a história. Temos uma apresentação impecável em todas as páginas (com destaque para o quadro mosaico mostrando o embate de Reed e Victor), mas sem auto indulgência visual.
Guerras Secretas sofreu com descrença desde o início: A saga tem o mesmo nome de uma das histórias mais queridas dos fãs da editora. Além disso é costume na Marvel nos últimos anos entupir o mercado de “mega sagas que vão mudar seu universo”. Estas sagas de fato tiveram impacto, mas isto se deu através de histórias fracas com uma narrativa no geral bem pobre. Portanto quando a premissa do Mundo de Batalha foi apresentada e em seguida os planos de uma reformulação da Marvel foram revelados grande parte dos leitores torceu o nariz. Bom, o que podemos dizer é que em termos de roteiro e apresentação gráfica Guerras Secretas é uma das peças mais bem construídas e executadas por Jonathan Hickman e Esad Ribic nesta editora.
Em seu âmago, as incursões, o Mundo de Batalha e os pontos de vista entre Destino e Richards são um reflexo de como nós leitores encaramos nossos títulos e personagens favoritos: Nós, assim como Destino temos receio do desapego. Somos escravos daquilo que nos conforta e faremos de tudo para manter as coisas do jeito que queremos que elas sejam. A proposta de Richards é a aceitação da expansão e da falta de controle sobre aquilo que amamos. Afinal, quem ama algo tem de deixar a coisa livre para crescer e gerar frutos. Esta é a proposta do autor para esta nova Marvel. Logicamente que tudo que é publicado na editora não vai seguir os moldes estabelecidos aqui nesta edição final. A nova Marvel já começa totalmente desorganizada e Hickman tem muito pouco a ver com isso. A falta de continuidade já se instalou na editora desde Outubro e se você tem algum problema com isso é melhor nem tentar acompanhar. De qualquer forma, para o bem, para o mal ou para o pior, poucos autores poderiam criar uma maneira mais bonita e satisfatória de se iniciar um novíssimo Multiverso como Hickman e Ribic fizeram aqui. Sejam bem vindos a nova Marvel .

Veja também: HQ do Dia | Guerras Secretas #8

Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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