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HEX | Um livro que fala de amor, sim pasmem, de amor

Há alguns dias falamos sobre a live que rolou com Tomas Olde Heuvelt, o escritor do livro HEX, lançamento de 2018 da editora Darkside Books. Na ocasião, tivemos acesso aos três primeiros capítulos do livro, e só por eles já ficamos loucos pela história. Mas e quanto ao livro todo?

Vamos relembrar um pouco do que se trata HEX. O livro se passa na pequena cidade de Black Springs, uma cidade à primeira vista pacata e com uma rica história de antepassados, imigração holandesa e de caça às bruxas. Mas a cidade esconde do resto do mundo a bruxa Katherine Van Wyler que foi condenada à fogueira. Katherine continua rondando a cidade mesmo após 300 anos. Com costuras em seus olhos e correntes nos braços, Katherine aparece nos lugares mais improváveis e quando bem entende, sussurrando a morte para quem chega perto o suficiente para ouvir. Escapar da cidade não é uma opção, pois ao se afastarem demais, as pessoas começam a ter pensamentos suicidas. Morar em Black Spring é uma maldição. Apesar disso, a cidade com o auxílio da HEX uma organização que controla e mapeia a exposição da bruxa e por onde ela circula – a cidade parece estar com tudo sob controle. Até que um grupo de jovens desafia as regras e começam a mexer com a bruxa, provocando-a e deixando todos à mercê da ira de Katherine.

HEX tem uma aura das histórias clássicas de terror, mas com a soma de fatores muito mais modernos do gênero. A premissa da história te faz crer que será mais um livro de terror sobrenatural e impossível, apesar de alguns momentos e características mais sobrenaturais, o cerne do terror do livro é bem factível. HEX não é o tipo de livro de terror que sabemos o que esperar, a cada momento ele nos surpreende com rumos inesperados, acontecimentos chocantes e nos deixa com sentimentos dúbios sobre em quem nossa fé é depositada e sobre quem é o mocinho da história.

Todos os personagens são maravilhosos e, por conta dessa mudança de perspectiva, a todo momento nos vemos amando e odiando cada um deles. Conseguimos nos colocar na pele de cada um, entendemos as motivações, as frustrações de todos, inclusive de Katherine, que em momentos odiamos mais que o infinito e depois temos a maior empatia por tudo que ela passa. Durante a leitura, com certeza você irá soltar diversos “Ai meu Deus”, pois acontece tanta coisa maluca, horrível e perturbadora que é impossível conter as reações à leitura. Não vou contar spoiler, mas tem diversos momentos que o desejo é entrar no livro e dar um bom puxão de orelha em todo mundo.

Como eu disse, não é um terror sobrenatural. Não espere ter noites insones por causa da bruxa. Para ser bem honesta, ela assusta, mas não é o ponto mais aterrorizante da história. Não para nós leitores pelo menos. O terrível mesmo são as pessoas. Me lembrou e muito o livro “Ensaio Sobre a Cegueira”, José Saramago, que vemos até onde as pessoas são capazes de ir quando estão em seu limite. Em HEX vemos o que o ódio e o medo pode causar em alguém e em uma sociedade. Como por vezes o senso de justiça é confundido com vingança e como facilmente se perde a razão por conta disso. Podemos facilmente falar que HEX é um livro que fala de amor, sim pasmem, de amor! A questão principal do livro é até onde se vai por amor, o que é amor verdadeiro e tanto os personagens como nós, temos ao fim do livro uma lição quase que como um tapa na cara disso tudo.

É um livro que te faz pensar, que te faz imaginar o que faria na mesma situação que a população de Black Spring, e até mesmo o que faria se fosse a bruxa. Mas que também te mostra que, provavelmente o que a gente pensa que faria, não é o mesmo que faríamos no caso de situações extremas. É um espelho sobre a feiura da nossa própria humanidade.

A diagramação, a capa, as bordas pretas das páginas, as ilustrações no começo e final do livro são um plus da Darkside Books, sempre trazendo beleza e qualidade e fazendo livros de encher os olhos e com layouts que combinam certinho com o livro. É um daqueles livros para se ter na estante e babar. Na edição temos um posfácio de Thomas, onde ele conta um pouco sobre suas inspirações para o livro, as superstições holandesas, costumes e ele também nos fala sobre a mudança no livro. Na edição original holandesa o final era outro, o problema é que ele não o conta o que era e isso é uma pena. Mas quando foi vendido os direitos para uma adaptação cinematográfica de HEX, ele alterou o seu final e alguns pontos do livro de forma que na visão dele ficaria melhor, acho que será difícil descobrirmos isso. Mas o final do livro apesar de não ser surpreendente como todo o resto do livro, é muito bom e justo. Algo que combina com a proposta dele.

HEX é um livro de terror moderno, diferente, chocante e que definitivamente vale a pena ser lido. Compre seu exemplar de HEX aqui.

Escrito por Débora Mello

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