Rafael Tanaka Contar uma boa história de mistério não é uma tarefa fácil. É necessário utilizar incríveis elementos que agreguem a uma boa narrativa, sem esquecer de introduzir personagens carismáticos que atraem o público para despertar o interesse pela história. Todos esses devidos atributos faz “Entre Facas e Segredos”, se tornar uma grata experiência pelo seu gênero.
Dirigido e escrito por Rian Johnson (aquele que deixou os xiitas de Star Wars putos) faz uma homenagem excepcional para os romances investigativos de Agatha Christie de uma maneira original e super bem humorada. Mesmo com alguns elementos que se tornaram padrão nesse gênero, o filme ainda consegue impressionar por saber conduzir seu telespectador.
O escritor que se tornou milionário Harlan Throbley (Christopher Plumer) se suicida e choca toda sua família que procura entender os fatos que o levariam a tal ato. Apesar da tristeza, eles não escondem o olho grande para herança deixada. Entretanto, o detetive particular Benoit Blanc (Daniel Craig) assume as investigações da morte e realça que o milionário tenha sido assassinado por algum membro da família.
A família formada por Ransom(Chris Evans), Linda (Jamie Lee Curtis), Walt (Michael Shannon), Richard (Don Johnson), Joni (Toni Colette), Meg (Katherine Langford), Jacob (Jaeden Martell) pode ter um dos membros como o verdadeiro assassino. Aliás, todos tinham boas razões para acabar com a vida do escritor. Mas ao que tudo indica, a enfermeira do milionário, Marta (Ana de Armas) pode ser uma peça chave para descobrir todo o mistério.
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O segredo do roteiro utiliza é esconder de nossa visão as peças chaves para resolução, sempre que você acredita que sabe a resposta instantaneamente é surpreendido com uma novidade, mas lembre-se este é o típico de filme que quanto menos você souber melhor vai ser sua experiência. Nada é entregando de mão beijada. A narrativa quer intrigar você a tirar suas próprias conclusões e isso é fantástico em vários níveis.
Como havia dito, o roteiro sabe que se trata de uma história de mistério, então todo o clima conduz você para encontrar o responsável, o resultado de toda trama. A particularidade aqui é fugir do óbvio, tanto que a trama não é conduzida pelos olhos da investigação mas dos outros personagens que definiram os fatos, o que para nós apresenta outras visões mais profundas do ocorrido e tende a gerar uma boa conexão.
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A maioria dos objetos apresentados pelos olhos das câmeras no decorrer do filme são essenciais para ditar o desfecho, as falas não respondem todas as perguntas, mas estatuas, quadros e cartões entregam um background importante para centralizar todo o peso da história. Prestar atenção é essencial se você se quiser deixar levar para uma entrega maravilhosa.
Apesar de um elenco renomado com grandes nomes, as atenções aqui são para Daniel Craig com seu detetive forçado e um sotaque bem forçada e a irresistível de Ana de Armas, que entrega uma personagem excepcional e intrigante que tende a ter uma evolução estrondosa na narrativa.
Fica claro que Rian Johnson sabe contar uma boa história, seus outros filmes sempre apresentaram originalidade e um imenso controle criativo com ideias promissoras. Seu roteiro não apenas intriga com um bom mistério como também critica atual sociedade com seus pensamentos retrógrados, talvez uma indireta para os fãs que ele deixou irritado em Star Wars. Sua câmera esconde os pontos certos, mostra o necessário para criar a sensação de um mistério.
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“Entre Facas e Segredos” não é somente uma grata homenagem aos livros de mistério de Agatha Christie, mas de uma história que sabe manter sua atenção bem equilibrada, além de trazer algumas novidades com sua originalidade. O que por fim justifica a aliança entre um roteiro bem escrito e uma direção que sabe ditar um ritmo que não perde a marcha.
“Entre Facas e Segredos” estreou em 5 de dezembro de 2019.
