Rafael Tanaka Um projeto pode ser marcado por grandes desafios, inúmeras desavenças e uma entrega conquistadora. No seu desenvolvimento, é claro, iremos vivenciar brigas, sorrisos e inspirações. Fácil enxergar na maioria dessas visões, o ego prevalece no meio da dignidade. Tente montar isso, enquanto você precisa provar ao mundo que sua empresa é superior a de seu adversário. Sem dúvidas, essas são as claras representações que “Ford vs Ferrari” quis deixar.
Dirigido por James Mangold (Logan), o filme é sustentado na história real da briga comercial entre as duas poderosas empresas do automobilismo, Ford e Ferrari, a americana e a italiana decididas a impactar as pessoas tanto no mercado como nas pistas de corridas. Uma luta que ficaria marcada na história e mudaria o rumo do setor, no filme se sustenta na história real na briga de interesses comerciais e nas corridas entre as duas poderosas Ford e Ferrari que definiram por si próprias o futuro dos conceitos do setor automobilismo nos anos 60.
A Ferrari enfrenta uma de suas piores fases no mercado, perto da falência não encontra outro meio a não ser adquirida por outra empresa, dê olho no lucro em seus resultados, o presidente da Ford não hesita e trata de propor negociações para comprar a empresa italiana. Mas surge uma briga de interesses para provar sua relevância, o que impacta em uma rivalidade que será resolvida nas pistas de corrida.
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Decidido a vencer a todo custo a famosa 24 horas de Lans Mans, o presidente propõe ao projetista Carol Shelby (Matt Damon) criar um carro capaz de quebrar a Ferrari nesse prêmio da França. Visionário, ele consegue apenas enxergar o ignorante, porém ótimo piloto Ken Miles (Christian Bale), para controlar a máquina que significaria a exatidão na vitória. Porém, os dois teriam que quebrar algumas barreiras burocráticas para provar suas visões.
Apesar da disputa de poderes no setor automobilístico, o roteiro traz o foco para os bastidores dessa briga, especialmente no processo de desenvolvimento do carro, demonstrando as dificuldades da engenharia e burocracia, uma maneira de prova que não é tão simples apenas colocar um veículo na pista e ganhar uma corrida. Essas curiosidades e visão despertam o interesse para nos manter guiados pela narrativa.
Mesmo que consiga transparecer os bastidores e as corridas, o roteiro peca em desenvolver seus personagens, não que eles sejam rasos, pelo contrário, não é atribuído tempo para desenvolvimento de melhores personalidades e motivações. É perceptível que eles poderiam apresentar muito mais na história. O que fica claro aqui, é a necessidade de se apoiar apenas na história e não em seus protagonistas.
Nessas disputas em que o ego de cada um fala muito mais alto, porque cada um tem sua visão particular e não quer o outro o limite, o famoso “Eu sou melhor que ele”, isso não apenas com as duas grandes empresas, mas os próprios personagens, até como tem alguns deles que desejam passar a rasteira em função de prejudicar para ter seu ganho. Apesar que mesmo assim, os nossos deslizes são realizados por nós mesmo que nos deixamos influenciar pela ignorância do outro.
Os personagens da Ferrari são apresentados como os vilões, com aquele jeito cartunesco colocando os americanos como os verdadeiros heróis. Essas limitações de personagens e atuação não são sentidas com os protagonistas, um alívio, pois Matt Damon constrói um personagem excêntrico e humilde em seus atos, já Christian Bale é um carrancudo e sem escrúpulos mas que sabe como o carro funciona. Porém, nada que represente o peso de outra de suas atuações, ambos entregam o que prometem mas sem elevações.
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O entusiasmo nos momentos das corridas é o olhar que James Mangold apresenta em uma câmera que segue a velocidade dos carros, a adrenalina dos pilotos e as consequência dos acidentes com todo o choque em explosões e em perdas. Um realismo que se separa de outros filmes do gênero que pecam por se manter em um caminho fantasioso, o que fica claro é que o diretor quis estampar todas as conquistas e as perdas que temos no caminho.
Não apenas por aproveitar as corridas, os carros e uma briga de gigantes do automobilismo em uma história real, “Ford vs Ferrari” tem a importância em agradar diferentes públicos, como os amantes deste esporte que desafia vidas por sua velocidade ou por aqueles que buscam um bom entretenimento. Seja por qualquer uma dessas razões, a experiência será um prato cheio.
“Ford vs Ferrari” estreia dia 14 de novembro de 2019.
