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O Incrível Mundo de Gumball | Já estamos com saudades de Bocquelet

Bem Bocquelet anunciou em setembro de 2016 que iria terminar sua colaboração no seriado “O Incrível Mundo de Gumball”, de sua autoria, após a sexta temporada. Ainda não se sabe se a série animada terá sequência sem ele, mas já estamos saudades. Poderia até ser considerado um dos seriados de animação mais influentes da atual década.

O seriado segue o formato clássico da animação familiar americana, com pai, mãe e três filhos – que conhecemos também de Os Simpsons e Uma Família da Pesada. Com o passar das temporadas, o show adotou um tom mais “dark”, apostando na sátira e com um grande número de referências culturais.

O apelido da família é Watterson, e os fãs dos quadrinhos Calvin e Haroldo logo se perguntaram que coincidência seria essa de o apelido ser o mesmo de seu criador Bill Watterson. Afinal, não é coincidência: é mesmo uma homenagem que Ben Bocquelet, o criador de O Incrível Mundo de Gumball, quis fazer ao gênio americano dos quadrinhos.

Estão ali representados todos os principais dramas, não só da vida moderna, mas da própria condição humana.

Episódios como aquele em que o robô Boberto pede a ajuda de Gumball e Darwin para explicarem a ele o que é o amor podem se considerar intemporais; só deixará de ser quando nossa cultura e civilização tiverem desaparecido na sua forma atual, e não seja mais possível identificar o amor como uma questão importante, tal como tem sido durante séculos.

O que você faria se ganhasse a loteria?

Tem até um episódio em que os personagens falam o que fariam se ganhassem uma grande fortuna, por exemplo, nas Grandes Loterias. O episódio motivou até críticas, pois mostrava Nicole tendo sonhos de consumismo fútil se ganhasse uma grande fortuna em uma loteria. Mas para quem se mata trabalhando dois turnos na Fábrica do Arco-Íris para sustentar sua família (pois Ricardo, seu marido, não trabalha), será assim tão negativo sonhar com um pouco de luxo?

Críticas caem ao lado do essencial

Os críticos apontaram que o seriado caminhou em um sentido de politização que “desvirtuou” seu significado original. De qualquer forma, quando um seriado faz esse tipo de aposta, é inevitável que todos aqueles com opinião política diferente da que é representada acabem deixando crítica. Por outro lado, seria importante dizer que “O Incrível Mundo de Gumball” representa um conjunto de valores e de opiniões e que não se limita a ser uma forma vazia de entretenimento; antes leva seus espetadores a pensar. O episódio em que os personagens da escola resumem as grandes obras da literatura universal em um teatrinho é uma dessas obras primas da série, no quesito de fazer os jovens refletir e pensar.

Mas, claro, essa é a opinião dos críticos. O fato de o seriado ter seguido esse caminho e ter conseguido manter os espetadores mais jovens grudados em suas aventuras é um prêmio para a capacidade criativa e de execução de Ben Bocquelet e sua equipe.

Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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