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Tim Maia (2014) | A intensidade, a fúria e as canções de uma vida inteira!

Dos mais variados filmes que percorrem por vários gêneros do cinema, um dos que mais me chamam atenção, são os biográficos. Principalmente em filmes nacionais, pois provavelmente eu conheço um pouco da história do biografado. Foi assim com Cazuza, foi assim com Noel o Poeta da Vila e agora está sendo com o rei do Soul brasileiro, TIM MAIA!

No caso do Tim, filme que foi baseado na biografia “Vale Tudo – O Som e a Fúria de Tim Maia” escrita pelo jornalista e produtor musical Nelson Motta, eu fui à sala de cinema com uma expectativa maior que os demais. Confesso que nunca foi tão apaixonado pelo artista, eu conhecia suas músicas pelo que tocavam na rádio quando eu era criança ou de coisas que meus pais colocavam na vitrola.

Fui conhecer um pouco mais da história do cantor quando eu li uma outra biografia, o cara que era mais conhecido como “Tremendão”, ou melhor dizendo, Erasmo Carlos. E foi por causa dela que eu me aproximei das músicas e da história do Tião da Marmita!

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Logo que o filme começa você se depara com o Tim Maia, e você pensa: “Ue? Eles estão usando imagens de arquivo com shows do cantor?”. Mas só quando você redobra a atenção diante da tela, você percebe que ali está Babu Santana, posteriormente se contrapondo em cenas com seu “eu” adolescente interpretado por Robson Nunes, extravasando toda sua fúria.

Enquanto rolam as primeiras cenas seus ouvidos são invadidos pela musica de Tim, e aí meu amigo, eu me grudei naquela poltrona de cinema e só saí de lá quando acenderam as luzes e o lanterninha me avisando que o filme tinha acabado, não eu não dormi!

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Tim Maia é um filme biográfico muito diferente dos que eu já presenciei e curiosamente a maioria deles sobre cantores ou artistas. Ele é narrado por Fábio, interpretado Cauã Reymond, um personagem que não existiu em sua história real, mas ele é junção de alguns amigos que passaram pela vida do cantor, assim como suas mulheres, inclusive a mãe (Geisa) de seus dois filhos que foram condensadas na macaca de auditório Janaína e um tempo depois a groupie, vivida por Alinne Moraes.

Essa narrativa feita pelo Cauã é meio preguiçosa no inicio, mas com o passar do filme você percebe que ela é o que costura o filme e todas as passagens de Tim, um filme longo, são 2h20min de duração que contam alguns fatos sobre sua carreira e vida, desde o seu nascimento em 1942 até sua morte em 1998. O que mostrar em uma biografia é algo muito difícil e na minha opinião foi um dos maiores desafios que o cineasta Mauro Lima (Meu Nome não é Johnny) encontrou. O que colocar e o que deixar de fora num filme contando a história de uma pessoa que viveu histórias tão intensamente quanto ele?

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Há quem diga que Mauro não foi feliz no que mostrou em sua película, para outros, assim como eu, ele foi razoável. Mostrou o começo de sua vida, as vendas de marmitas, seu jeito desbocado desde a infância, a ida aos Estados Unidos, suas prisões tanto lá (na gringa) quanto aqui, The Sputniks, o começo de sua carreira em SP, a busca incessante pela ajuda de Roberto Carlos e depois disso todos os seus excessos, alegrias, desencantos, perdas e morte.

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O filme peca em algumas coisas, a primeira delas é sobre os personagens adjacentes, como os que viveram a sua história ou fizeram parte dela. Erasmo Carlos é um caso que eu prefiro nem comentar e o Roberto Carlos estava caricato demais. Aliás, gastaram tempo demais mostrando essa busca do Tim pela sua ajuda, sabemos que ele ajudou, mas da forma que foi abordada no filme não me agradou.

Depois disso eu não sei se a vida dele foi vivida tão intensamente assim ou se confundo tudo que vi com excesso. Será que foi uma vida de excessos?  A maior parte das cenas com festas era uma bagunça, e a unica coisa que se via era um Tim Maia acabado, derrotado por tudo. Talvez ali a intenção de Mauro, era mostrar que ele apesar de tudo era humano como qualquer outro. Mas como eu disse eu não sei se confundo isso com intensidade ou se ele realmente pecou pelo excesso, eu fico com a segunda parte.

Mas em contrapartida você presencia muitas coisas legais. O filme é engraçado, e por vezes você vai se pegar rindo de uma cena ou outra protagonizada pelo cantor.

Os diálogos são um dos pontos altos, muitos deles apoiados pelo deboche e ironia, são compartilhados de uma bela fotografia de tom amarelado que ganha cores à medida que música explode e sua trilha sonora, que em muitos momentos emendam em cenas do próprio protagonista cantando. Isso foi algo muito legal, você via o Babu interpretando algumas das musicas do Tim ao longo de sua carreira e quando ele parava de cantar a trilha entrava em ação e continuava a música enquanto rolavam outras cenas, muitas delas onde existiam diálogos de Tim com outras pessoas.

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A forma com que foi abordada sua passagem pela Cultura Racional desde o seu ligamento ao desligamento do universo em desencanto foi respeitada e tratada com delicadeza. Creio que não foi uma tarefa fácil para a produção, roteiristas e diretor. Mas foi feita de forma positiva e nessa época foi que saiu um dos melhores álbum de Tim Maia, o Cultura Racional Vol.1. e Vol.2.

Mas nada disso se compara com um dos momentos mais especiais para mim no filme e justamente nesta parte, onde escrevo este parágrafo, enquanto escutava algumas de suas canções, tocou Azul da Cor do Mar. E foi neste mesmo momento no longa, que meus olhos ficaram marejados, foi de arrepiar.Tim Maia com todos os seus defeitos é uma biografia sensacional. Ela é polêmica, louca, desbocada, debochada, oportunista, egocêntrica, individualista, drogada, machista, delicada, carinhosa, dedicada, companheira e amável. Enfim, ela é o que Tim Maia foi em toda sua vida!

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Ao Babu Santana e Robson Nunes meus parabéns por representar um Tim Maia do jeito que eu acredito que ele foi!


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Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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