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Resenha e análise completa da música Homem-Aranha do cantor Jorge Vercillo

Em algum lugar desse mundo você com certeza já deve ter  ouvido falar de Jorge Luiz Sant´anna Vercillo, certo? Talvez soe mais familiar se juntarmos o primeiro com o último nome, igualmente como as cias aéreas exigem quando compramos uma passagem, desta forma teremos algo como Jorge Vercillo. Ficou melhor agora? O cantor da música popular brasileira que recentemente colocou mais um “L” em seu sobrenome, adotando o formato original, é um músico exímio, pois além de cantor, é um grande compositor e violinista brasileiro. Já vendeu mais de um milhão de discos e DVDS em pouco mais de 15 anos de carreira. Menino do “errejota”, Vercillo geralmente é muito comparado ao Djavan, mesmo sendo infinitamente melhor que ele, as pessoas tem o costume de fazer esse tipo de comparação, pois Jorge começou a carreira na música por causa dele.

Mas um aprendiz em determinado momento da vida sempre supera o seu mestre, e Jorge Vercillo superou Djavan quando decidiu fazer o que ele nunca fez, lançar uma música do super-herói mais popular da Marvel, o Homem-Aranha.

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Desde os tempos mais primórdios, os cancioneiros eram recheados de cantigas de heróis, era algo comum em cancioneiros medievais. Entretanto, com o passar do tempo, os cantores entoaram outros versos e cancões diferente daquelas que seus ancestrais chegaram a cantar um dia. Jorge Vercillo em plena era moderna e travestido de contemporaneidade, fez uma canção sobre o amigão da vizinhança. Traçando um paralelo entre o herói de antes com o herói de hoje,  escute a bela homenagem que o mestre Jorge Vercillo fez ao Homem-Aranha:

Após ter escutado a canção até o final (eu espero que você tenha feito isso) eu vou explanar um pouco mais sobre a letra e também sobre o clipe. Embarque na viagem e vamos juntos rumo ao desconhecido.

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Logo na primeira cena temos uma pessoa de preto descendo numa corda enquanto tudo gira ao fundo, no canto esquerdo, nosso Homem-Aranha está sentado com algumas teias que mais parecem barbantes nas mãos. Ele brinca com a teia, ele observa a mesma de longe e de perto e de repente se desfaz da teia e lança ao infinito. O Homem-Aranha tateia o chão em busca de alguma coisa e acaba encontrando algumas folhas de papel, algo que parece ser o story board do videoclipe. Jorge caminha com as folhas nas mãos até a ponta de um abismo fictício e como num passe de mágica, aparece numa escada numa posição heroica quase ao estilo Spidey de ser. Esse é o cenário deste videoclipe, onde o cantor e compositor Jorge Vercillo vai ao longo de 4min26s num clipe metalinguístico, nos guiar entre o universo diferente e contemporâneo do Homem-Aranha

“Eu adoro andar no abismo
Numa noite viril de perseguição
saltando entre os edifícios
vi você
Em poder de um fugitivo
Que cercado pela polícia, te fez refém
lá nos precipícios
Foi paixão à primeira vista
me joguei de onde o céu arranha
te salvando com a minha teia
Prazer, me chamam de Homem-aranha
Seu herói”

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Neste primeiro momento, temos um Homem-Aranha quase igual ao criado por Stan Lee. Ele está andando por prédios e abismos, aqui no Brasil é mais fácil andar em abismos do que em Nova Iorque, já que temos tantas cidades com morros e montanhas.  Depois de passar pelos abismos, ele finalmente começa a saltar entre os edifícios e avista uma garota em apuros. Feita de refém por um fugitivo, a garota passa por um momento de extremo perigo quando de repente  o sentido aranha do mais próximos que nós temos de um Peter Parker começa a apitar e foi assim, que ele resolveu primeiro se apaixonar  para depois salvar a gata com a sua fodenda teia. Ao deixá-la em um lugar seguro, ele se apresenta e diz:

“Prazer, me chamam de Homem-Aranha e a partir de agora eu sou definitivamente o seu herói.”

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No clipe, Vercillo é um pouco mais contundente e provavelmente por problemas de roteiro e também de verba de produção deixou essa cena no imaginário do ouvinte. Logo depois, ele constrasta o arquétipo de herói que conhecemos nos quadrinhos com a realidade do herói brasileiro.

“Hoje o herói aguenta o peso
das compras do mês
No telhado, ajeitando a antena da tevê
Acordado a noite inteira pra ninar bebê”

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Realmente, hoje em dia o herói é aquele que consegue honrar com todas as compras do mês. Herói é aquele que trabalha 12 horas por dia, que pega ônibus e metrô lotado, que segue em frente e segura rojão, que se vira em dois ou mais para dar o sustento da família. E como já não bastasse isso, ainda tem que ser ponta firme nos momentos onde aquele futebolzinho de domingo está cheio de fantasmas em campo ou a novela preferida da esposa está sofrendo com a chuva forte. Tudo bem que a musica é datada e hoje em dia, esse não é mais um problema para muitos heróis brasileiros, pois dispomos de avanço tecnológico que nos deu o prazer de nunca mais ter que subir em um telhado para arrumar uma antena de TV. Mas ainda não dispomos de tecnologia para ninar bebês por uma noite inteira com a mesma eficiência e segurança de um adulto. Portanto ser herói é muito mais do que simplesmente pagar as contas ou salvar a mocinha de um vilão mequetrefe. É preciso ninar e cuidar da futura geração desse país.

“Chega de bandido pra prender,
de bala perdida pra deter
Eu tenho uma ideia:
Você na minha teia
Chega de assalto pra impedir,
Seja em Brasília ou aqui
Eu tive a grande ideia:
Você na minha teia
Hoje eu estou nas suas mãos
Nessa sua ingênua sedução
que me pegou na veia
Eu tô na tua teia”

Em contrapartida, como você pode perceber muito bem na estrofe mostrada acima, este Homem-Aranha deixou de lado a vigilância contra bandidos, balas perdidas e assaltos principalmente na capital do nosso país. Talvez Brasília não seja realmente um lugar para o Homem-Aranha, acredito que seja um lugar mais apropriado ao Capitão Rogers com todo o seu patriotismo, senso de justiça e liberdade. Por isso, o Homem-Aranha de Jorge Vercillo prefere ter uma ideia melhor a cuidar da criminalidade que nos assola. Este Cabeça de Teia romantizado pelo cantor e compositor brasileiro que é o melhor que o Djavan, prefere estar na teia de um outro alguém. Perceba a estrega deste herói que simplesmente se vê sem saída e nas mãos praticamente de um carcereiro. Mesmo diante de um ingênua sedução que qualquer herói seria capaz de suportar, ele é pego pela veia e acaba novamente na teia de alguém que o fez deixar de lado a luta pelo crime se tornando um reles marionete.

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Jorge Vercillo com seu Homem-Aranha sai do heroísmo habitual, permeia a realidade do brasileiro e acaba nas mãos de um manipulador desconhecido e que também solta teias. Este Homem-Aranha até convence em seu primeiro e segundo ato, mas atola o trator no desfecho. Você não sabe se sensibiliza com o fato de um herói ser o homem que faz as compras do mês, arruma a antena da TV e nina o bebê ou se morre de ódio com o fato dele abandonar o crime e se tornar um mero pau mandado.

Por fim, eu termino esta resenha deixando aqui a opção de você dar o play no clipe de novo, mas dessa vez repare bem o que acontece entre os minutos 3:35 até o 3:50. Se liga no jeitão e na malemolência de Jorge Vercillo ao interpretar e entoar os versos da canção que eternizou o Homem-Aranha na música popular brasileira.

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Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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