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O Sétimo Filho (2014) | A adaptação que encontrou uma pedra no meio do caminho

Sabe aquele famoso verso de um poema de Drummond que diz: “No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho…”

Pois bem, isso pode traduzir uma boa parte do resultado que “O Sétimo Filho” entregou para o espectador. O longa é baseado no primeiro volume da saga “As Aventuras do Caça-Feitiço”, do escritor Joseph Delaney.  Dirigido por Sergey Bodrov, traz em seu elenco nomes importantes como Julianne Moore, Jeff Bridges e Ben Barnes – que ficou muito conhecido por seu trabalho em “As Crônicas de Nárnia”.

John Gregory (Jeff Bridges) é um “Caça-Feitiço” que mantém uma cidade do século XVIII longe dos maus espíritos. No entanto, ele não é mais um jovem e suas tentativas de treinar um sucessor falharam miseravelmente – já que seu último aprendiz foi assassinado. Sua última esperança é Thomas Ward (Ben Barnes), filho de um fazendeiro, que também foi “o sétimo filho do sétimo filho”.

Ao encontrá-lo, o Caça-Feitiço tem que convencê-lo a passar por um treinamento e, assim, encarar seu primeiro e grande desafio: acabar com a “Mãe Malkin” (Julianne Moore), uma terrível e poderosa bruxa que tem o poder de se transformar num dragão, além de controlar outras criaturas na sua região. Seu objetivo, não obstante dos demais vilões, é dominar o mundo.

O Sétimo Filho (2014) | A adaptação que encontrou uma pedra no meio do caminho

Aparentemente o filme vende a ideia de uma boa aventura, regada a fantasias, emoções, ação, reviravoltas e etc. Traz bons elementos que lembram muito bem uma aventura de Dungeons & Dragons. Temos uma espécie de mago, um guerreiro aprendiz, um troll, dragões e criaturas fantásticas, enfim, um cenário espetacular baseado na era medieval, com o grande objetivo de acabar com o mal que deseja dizimar a humanidade. A mistura desses ingredientes tinha tudo para dar certo e, em alguns aspectos até que rolou… Mas na maioria, não.

O Sétimo Filho (2014) | A adaptação que encontrou uma pedra no meio do caminho

A trama não cativa, o roteiro é atropelado e cercado de clichês. Eu tentei associar o que via com os 12 passos de Joseph Campbell, mas consegui identificar apenas referências em relação à jornada. As explicações necessárias acerca do universo e criaturas do filme são fornecidas dentro da relação entre Gregory e Tom (conforme Tom aprende, o espectador aprende junto com ele).

Contudo, Ben Barnes não passa confiança como o “escolhido” e nem mesmo um romance forçado motiva o garoto na busca pelo seu destino. A breve participação de Kit Harington me lembrou de outro filme dele – “Pompeia” – e ambas atuações fora da série Game of Thrones, reafirmam minha certeza de que o ator não consegue se desfazer da expressão de “You Know Nothing Jon Snow” em seu rosto.

O Sétimo Filho (2014) | A adaptação que encontrou uma pedra no meio do caminhoEm contrapartida, Jeff Bridges e a melhor atriz de 2015, Julianne Moore, carregam o longa nas costas – eles foram, definitivamente, o ponto alto do filme. Moore, como sempre, está fazendo um ótimo trabalho. Esta é uma boa chance para apreciar uma interpretação diferente dos últimos trabalhos da atriz, que esteve focada em papeis dramáticos como em “Para Sempre Alice” e “Mapa para as Estrelas”.

Bridges cumpre a premissa do personagem interpretado – o mestre preguiçoso, durão com o aprendiz e que sempre tem uma carta na manga para se salvar num momento crucial, onde tudo parece perdido.

Os efeitos especiais são ótimos, com CGIs muito bem elaborados, as tomadas panorâmicas, as transformações das bruxas em animais medievais, maquiagens, figurinos e composições dos cenários estão sensacionais. Sobre a adaptação, consta nos créditos a informação de que o filme foi  “inspirado” na obra de Joseph Delaney, ou seja, se você leu o livro, não espere algo 100% fiel – o que não é novidade no mundo das adaptações.

O Sétimo Filho é uma produção que “encontrou uma pedra no caminho” e essa pedra atrapalhou bastante, principalmente em satisfazer o espectador. Não sei dizer se foi falta de planejamento, ou se o plot foi supervalorizado e acabou não empolgando tanto quanto o livro. Mesmo caprichando nos efeitos visuais e na escolha do elenco, as falhas em setores cruciais foram determinantes no final, e a verdade é que Thomas Ward e John Gregory poderiam ter cativado muito mais. O Sétimo Filho tinha potencial, mas no meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho.


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Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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