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O Abutre (2014) | Uma injeção de adrenalina numa sociedade anestesiada

Lou Bloom (Jake Gyllenhaal) é um homem muito inteligente, esforçado e dedicado, cuja ambição não tem limites. Por mais que seja apenas umO Abutre - Uma injeção de adrenalina numa sociedade anestesiada desempregado que vive de roubos, sua postura é digna de um executivo poderoso. Desde o primeiro diálogo do longa, Bloom vai mostrar para você que basta surgir a oportunidade perfeita para ele mudar o rumo de sua vida de forma meticulosa.

Enquanto dirige à noite, Bloom testemunha um acidente de trânsito que mudará seu futuro. Além da polícia e da vítima, um homem surge com uma câmera nas mãos (Bill Paxton) e grava tudo. O protagonista, que não é bobo nem nada, logo descobre que por trás disso há dinheiro e uma boa oportunidade de se dar bem na vida. É com essa ideia, uma câmera barata e um scanner, que Lou Bloom inicia sua transformação em abutre.

O Abutre - Uma injeção de adrenalina numa sociedade anestesiada

O abutre trabalha nas ruas escuras de Los Angeles e comemora cada morte que consegue capturar com suas lentes. Não demora muito até que ele forme seu bando. A primeira a se unir é Nina (Rene Russo), a diretora da emissora de TV que compra suas gravações. Seus ensinamentos são essenciais para a iniciação de Bloom: quanto mais violência, sangue, morbidez e cenas chocantes, mais dinheiro, mais audiência e mais sucesso. O abutre arruma um parceiro, um jovem tão desesperado para largar a prostituição, que aceita trabalhar com Bloom sem saber direito do que se trata, e sem fazer ideia da escuridão em que mergulharia nos próximos tempos.

Jake Gyllenhaal presenteia o público com uma das melhores performances de sua carreira em O Abutre. Seu personagem é parecidíssimo com sociopatas interpretados por Robert de Niro em filmes aclamados como O Rei da Comédia (1982), Taxi Driver (1976) e Estranha Obsessão (1996). Lou Bloom não quer apenas ser o melhor naquilo que faz, ele quer ser o maior. Ele não sabe qual é o limite, tampouco hesita em usar a manipulação como uma arma para alcançar seus objetivos. O público assiste, angustiado, um homem que vai até o fim, sem saber onde é esse “fim”.

O Abutre - Uma injeção de adrenalina numa sociedade anestesiada

A crítica de O Abutre é pesada, nua e crua. O espectador acompanha os passos de um homem simples que se torna bem sucedido, mas não é nada motivacional. Temos um protagonista que é a ambição, a fome, a frieza, a obsessão, e até mesmo a loucura, em apenas um corpo. É difícil encontrar o ponto em que nosso anti-herói perde de vez, a humanidade, mas acontece. E essa culpa também é nossa. Pense bem: as emissoras de TV precisam de imagens chocantes, de crimes brutais, de manchetes chamativas para que? Para alimentar outros abutres, a audiência.

Sim, O Abutre é uma grande injeção de adrenalina numa sociedade anestesiada com a violência urbana. Quem somos nós para apontarmos o dedo para as emissoras e para os homens e mulheres que ganham a vida vendendo esse tipo de gravação, quando no final da cadeia alimentar, lá estamos nós sedentos por sangue fresco, frente aos noticiários sensacionalistas?

O Abutre - Uma injeção de adrenalina numa sociedade anestesiada

Nesta estreia como diretor, o roteirista Dan Gilroy mostra que seu nome será lembrado ao lado de grandes cineastas clássicos e o público é quem agradece. O diretor de fotografia, Robert Elswit, fez com que o filme fosse completamente satisfatório, com as cores frias casando com os diálogos cínicos dos personagens e o elemento noir do longa, em conjunto com belos enquadramentos.


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Escrito por Louise

Amo, respiro e me alimento de quadrinhos, acho completamente normal se envolver emocionalmente com personagens de séries e filmes, e já vou avisando: NÃO MEXA COM MEUS HERÓIS!

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