in

Moleque (2016) | Uma homenagem à altura que o Chaves merece

Eu passei minha infância, adolescência e boa parte da vida adulta assistindo as peripécias de Chaves, Quico, Nhonho, Chiquinha, Seu Barriga, Seu Madruga, Dona Florinda, Professor Girafales, Dona Clotilde e tantos outros personagens de um dos maiores seriados que a TV aberta já exibiu e exibe até hoje.

A obra de Roberto Gómez Bolaños, mais conhecido lá no México como Chespirito, encanta gerações até hoje. E além disso, é o maior triunfo do SBT e também o terror das emissoras concorrentes. Houve um tempo, em que ninguém queria disputar uma atração que passasse no mesmo horário em que o seriado Chaves era transmitido pelo SBT, tamanho sucesso que o seriado fazia no Brasil. Afinal de contas, foram 30 anos sendo exibido diariamente no SBT. Até que em janeiro de 2016, eles começaram a remanejar o programa para ocupar alguns buracos na grade. Teve um tempo em que ele era exibido apenas aos finais de semana ou colocavam o programa novamente durante as tardes, depois remanejavam de novo para outro dia, horário e etc… enfim, o dono do Baú faz o que quer com o Chaves, afinal do canal é dele. E não importe o horário que o Silvio coloque o programa na grade da sua emissora, vai dar bom!

moleque-2016-uma-homenagem-a-altura-que-o-chaves-merece2

Mas chega de contextualizar sobre o que muitos sabem, vou falar de um filme que me chamou muito a atenção e é inspirado no Chaves. Dirigido e roteirizado pelo cineasta Marcos Pena, feito em parceria com a Guerrilha Filmes, o curta-metragem inspirado na série de TV Chaves (El Chavo del Ocho), conta a história de “Moleque” (traduzido do título original “El Chavo”, que é “moleque” em espanhol), um menino de rua de dez anos, interpretado pelo ator mirim Leônidas José, que vive atrás de comida. Um dia ele conhece Soneca, um vendedor de churros mais velho, que ao ver o garoto andando descalço, resolve dar um par de botas de presente para ele. Mas ao levar Moleque para a vila onde mora, Soneca passa maus bocados com as travessuras do menino.

moleque-2016-uma-homenagem-a-altura-que-o-chaves-merece

Essa é a narrativa proposta por Marcos em um curta-metragem que foi feito com muita sutiliza. Mexer com a obra de Bolaños não é para qualquer um, e se inspirar nela e entregar um resultado que beira a perfeição é para quem tem coragem. Marcos teve. O diretor utilizou crianças para representar seus próprios papéis, em vez de adultos fazendo papel de crianças. Uma “vila do Chaves” real e que fica na comunidade de Santa Efigênia, em Belo Horizonte, e atores como o Soneca (Geraldo Carrato), a dona Flora (Paula Santiago), a Senhora do 71 (Lilian Campmizzi) que lembram muito os personagens de Chaves.

moleque-2016-uma-homenagem-a-altura-que-o-chaves-merece3

Um ponto muito alto neste curta foi usar o termo de “inspiração” de forma apropriada. Não forçaram bordões e não tentaram deixar todo mundo muito parecido com o elenco do seriado. Marcos usou de referências simples para ativar a nostalgia do espectador e saber quem era quem no filme. Assim como ele faz quando aparece um carteiro que conversa com o Moleque, e a referência para saber que se trata do Jaiminho – ainda que logo de cara você já perceba isso – é um chaveiro que o entregador de correspondências carrega no bolso. E também as referências a episódios clássicos como “A Sociedade”, episódio que o Seu Madruga vende churros para a Dona Florinda, e o primeiro episódio que foi ao ar em 1973 , “Remédio Duro de Engolir”. Famigerado episódio que o Seu Madruga ameaça a Chiquinha para tomar o remédio com a história do “Velho do Saco”. História essa, que minha mãe usou contra mim um bom tempo.

O filme está completo no YouTube. Assista:

Enfim, Moleque é um curta-metragem que faz uma homenagem à altura da obra de Chespirito. Usando a série como pano de fundo, o diretor conseguiu dar uma roupagem muito nova e simples em tudo, assim como foi com o próprio Chaves. A série de TV sempre foi vista dessa forma, um humor simples e puro que faz falta nos dias de hoje.

moleque-2016-uma-homenagem-a-altura-que-o-chaves-merece4

Moleque custou R$65 mil e foi produzido com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. Além de estar disponível no YouTube, o curta foi selecionado para participar de festivais de cinema na Espanha, Argentina, Índia, Estados Unidos, Malta, além de ter sido exibido em São Paulo e Pernambuco. Se alguém tiver dúvida, Roberto Gómez Fernández, filho de Bolaños e responsável por “Chaves” após a morte do pai, tomou conhecimento do curta e aprovou o trabalho de Marcos e de todos envolvidos com a produção.

Moleque não tem vinculo comercial, portanto não precisa de liberação de direitos autorais, justamente por se tratar de uma adaptação. Segundo uma entrevista dada ao UOL, o diretor sonha em ver o curta sendo exibido no canal do SBT.

Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Loading…

O Homem de Aço | Longa sequência é confirmado!

4 filmes que você precisa assistir antes de decorar a sua casa