Isaias Setúbal Assim como no espaço cinematográfico, as adaptações de histórias em quadrinhos para séries de TV vem se tornando cada vez mais abrangente e multifacetado, bem como requisitado pelas emissoras televisivas. Criada por Rob Thomas e Diane Ruggiero-Wright, a série norte-americana iZombie é mais uma dessas adaptações livre inspirada em sua própria série em quadrinhos de mesmo nome, publicada pela VERTIGO Comics.
Contextualizando, Liv Moore era uma médica residente e uma pessoa normal com vida normal, cercada por bons relacionamentos. No entanto, toda sua vida foi drasticamente alterada quando ela foi infectada durante um pequeno surto zumbi em uma festa ao qual estava. Consequentemente, Liv passa a trabalhar no necrotério do Seattle PD, não só para satisfazer seus desejos por cérebros, mas como também para ajudar a resolver os crimes como uma “consultora psíquica”. Tudo isso, a medida em que ela tenta entender sua condição, descobrir como ela foi transformada em um zumbi, encontrar uma cura em potencial, e lutar contra uma ameaça em ascensão.
De fato, a personagem Liv Moore é o grande destaque de iZombie. Não só por ela ser uma zumbi de certa reclusão, mas também por ela proporcionar uma gama ampla e variadas de personalidades e comportamentos (assumindo as melhores qualidades e piores defeitos daqueles de quem come os cérebros) a medida que, dentre um cérebro e outro, tenta manter a chama de sua própria essência acesa e no controle. Sem contar que, presenciamos uma personagem que lida constantemente com seu confronto entre sua reclusão e aproximação perante as pessoas de quem mais gosta.
É bem verdade que a atriz Rose McIver torna todo o processo de ligação entre a personagem e o público num fardo inevitavelmente agradável e de relativa facilidade, apresentando uma atuação carismática, super divertida e adaptativa para cada personalidade exigida nos episódios da trama.
Não só da protagonista se faz o ponto forte da gama de personagens de iZombie. Clive Babinaux, Ravi Chackrabarti, Major Lilywhite, Peyton Charles, e Blaine DeBeers são alguns dos personagens regulares que complementam o palco da série. Bem mais do que isso, as suas maneiras obviamente divergentes, cada um destes personagens se evidenciam durante o percorrer das tramas e inevitavelmente conquistam, na mesma proporção de sua protagonista, o carisma de sua audiência.
Tais personagens não só atuam para movimentar a trama, ou as motivações de sua protagonista, mas como se auto-complementam de maneira a terem seus destaques evidentes no palco da série. Ou seja, suas motivações, relações e afins também são trabalhadas no decorrer da trama.
iZombie é mais uma dessas séries que utiliza do recurso de apresentar a cada semana um caso divergente em seus episódios, no entanto sendo uma série que te faz ter esperanças na utilização deste recurso. Trabalhando mais do que corretamente com este recurso, acompanhar semanalmente os casos divergentes de iZombie se torna um verdadeiro atrativo e tão pouco se apresentam de forma massante e que canse sua audiência. Em especial, porquê a variedade dos casos proporciona na mesma medida a variação das personalidades de Liv Moore, sendo este um processo bastante interessante e divertido.
Bem mais do que isso, ainda que tenha essa divergência nos episódios, iZombie apresenta uma subtrama que se desenvolve coerentemente durante sua temporada, de modo a proporcionar ao telespectador plot twists interessantes e, também, complementar todas as suas pontas abertas (até mesmo as que você não nota).
Numa emissora de TV que já possui séries adaptadas de quadrinhos (bem como Arrow, The Flash e Legends of Tomorrow), iZombie se destaca por em nenhum momento iludir o seu público com eventos de grandiosos hypes (e nem mesmo precisa disso), mas que ainda sim apresenta de longe uma superioridade em comparação a estas séries (independente se esta comparação for especifica ou como um todo).
Assistir a iZombie é ter certeza de que você presenciará uma proposta de série interessante com boas e certeiras doses de humor, drama criminal e terror, bem como uma significativa e agradável exploração de uma perspectiva divergente para a temática zumbi. Ou seja, é assistir a uma série entretida, divertida e carismática que agrada tanto zumbis (fãs da temática) e não zumbis (não tão fãs da temática assim).
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