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Aquaman (2018) | Dos sete mares, é a primeira onda de aventura

Enfim, o verdadeiro rei dos sete mares está entre nós. Tendo sido lançado no Brasil em 13 de dezembro de 2018, Aquaman nos coloca frente ao meio-sangue atlante Arthur Curry numa verdadeira jornada do herói para impedir o que parece ser inevitável: a então iminente guerra entre os reinos aquáticos e a superfície. Não bastando os prelúdios de uma guerra a caminho, família e responsabilidades entornam a aventura deste personagem “indigno de liderar” qualquer reino.

Aquaman chega aos cinemas como uma obra cinematográfica que é o que é: a aventuresca jornada de um meio-sangue incapaz de assumir as responsabilidades maiores que o antecedem e, novamente, indigno de liderar qualquer reino/causa que o seja, descobrindo ao longo do caminho, um ponto de equilíbrio entre ser de duas atmosferas distintamente. Sim, Aquaman é o que os trailers mostram e um pouco mais!

De uma forma geral, me agradou como toda a conceituação e aplicação da jornada do herói, foi apresentada no filme. Isto porque tal fórmula parece, num primeiro momento, aplicar-se naturalmente bem aos elementos contextuais de uma mitologia rica em conteúdo como se faz a do Aquaman.  

Nesse sentido, a narrativa de Aquaman é interessante e envolvente que, diante as suas limitantes de fórmula, consegue externar ao público suas propostas de mensagem e contextualizar elementos necessários da mitologia do personagem para a audiência; mesmo que por vezes falhe nisto e mantenha um escopo de certa superficialidade. De toda forma, senti alguns pequenos desencontros narrativos entre os eventos ocorrentes em Liga da Justiça (2017) e seus ecos neste universo em particular, mas nada que gere um grande incômodo.

É interessante notar também que Aquaman está mais confortável em trazer contextos cômicos para os filmes da DC Comics. Fazendo com certo agrado quando acerta os passos dessa dança (de rir e chorar). Em fato, a própria atmosfera do filme como um todo, se porta de forma mais segura e confortável na exploração do respectivo elemento, mesmo que tropeçando em alguns pontos, o que num filme como este tem de acontecer mesmo.

Mas nem só de textos, pré-textos e contextos se fazem a narrativa de Aquaman. No que se refere aos termos visuais de análise, Aquaman facilmente se resume em sensacional. Sim, o respectivo longa-metragem possui conceituações e execuções visuais que impressionam e captam a atenção de sua audiência, sem deixar de mencionar o fato de ser ricos em detalhes e com uma paleta de cores harmoniosamente expressivas que reforçam a narrativa em toda a sua beleza paisagística/fotográfica além mar e/ou terra (sinceramente, é um elemento visual que enche os olhos de agrado e definitivamente faz inveja aos documentários marítimos do Discovery Channel/NatGeo!).

É interessante mencionar, ainda que a atmosfera visual do longa transcreva sem hesitação o mundo dos quadrinhos para as telonas, os visuais de personagens como Mestre do Oceano e Arraia Negra, tal quais de locais como o Fosso, por exemplo, são extremamente lindos. Por fim,  outro destaque que eleva o patamar do longa para um lugar que outros filmes da DC/Warner nã chegaram, está no belo trabalho dos movimentos de câmera característicos de James Wan. Realmente não me lembro de já ter visto algo do tipo. Mas de fato, em especial nos momentos de combate, Aquaman aproveita de uma exploração de ambiente sólida que trabalha muito bem as perspectivas de três dimensões dos cenários em que executa sua proposta, enriquecendo assim tanto sua narrativa visual quanto a imersão de seu público.

Quanto aos antagonistas, a primeira aventura do Aquaman traz dois dos principais adversários do herói: em obvia hierarquia, o Mestre do Oceano e Arraia Negra. Conceitualmente falando, o longa acerta em transcrever tais personagens dos quadrinhos para as telonas, os mantendo “realísticos” sem perder tal essência. Porém, falha ao desenvolver seus discursos de forma a sintonizá-los para com o público, no que curiosamente tanto o Mestre do Oceano quanto o Arraia Negra não possuem um aprofundamento subjetivo, novamente limitados por um escopo superficial.

Isso incomoda? Assim com no caso dos muitos tropeços do longa, vai depender da sua percepção. Ainda sim, vejo as motivações de ambos os antagonistas sendo básicas, mas bem claras e sucintas. Além do quê, isso me leva a concluir e explicar o porque do título dessa resenha.

O que podemos dizer de Aquaman é que, além de ser o que é, ele busca dar um promissor pontapé inicial aos contextos cinematográficos da mitologia de um dos populares personagens da DC Comics do que realmente entregar uma trama compacta e de pontas delimitadas. Digo, se os sete reinos não foram explorados até a última gota ou os antagonistas do filme altamente embasados, você tende a gerar oportunidades futuras de desenvolver não apenas o universo especifico do personagem como do próprio Universo DC. 

Portanto, Aquaman é um filme naturalmente fluído, de bom desenvolvimento e execução que, ainda que tropece em determinadas instâncias no decorrer do caminho, proporciona uma primeira aventura satisfatória e definitivamente bem-vinda a cultura pop. Mais do que isso, Aquaman é um filme que, dos sete mares da mitologia do personagem, é a primeira onda de aventura de entretenimento justo e válido para esta.

 

Escrito por Isaias Setúbal

All I hear is doom and gloom. And all is darkness in my room. Through the night your face I see. Baby, come on. Baby, won't you dance with me?

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