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A Série Divergente: Convergente | A derrapada depois do muro

Eu gosto muito de produtos de mídia com foco em adolescentes, desde filmes, séries a livros e histórias em quadrinhos. Para mim esse tipo de produto serve como válvula de escape do peso que às vezes eu me emprego em julgar produções mais adultas. Minha expectativa para a reta final da série Divergente, era essa: relaxar e curtir um momento com uma trama adolescente. Mas infelizmente não foi o que aconteceu e você vai saber tudo as seguir.

A Série Divergente: Convergente é dirigida por Robert Schwentke (mesmo de Insurgente) e escrita por Noah Oppenheim, Adam Cooper e Bill Collage baseados nas obras literárias de Veronica Roth. Nesta primeira parte da reta final, a história se passa após os eventos de Insurgente, Tris (Shailene Woodley), Quatro (Theo James), Caleb (Ansel Elgort), Peter (Miles Teller), Christina (Zoë Kravitz) e Tori (Maggie Q) preparam uma fuga após não concordar com as novas atitudes da mãe de Tobias (Quatro) e Líder dos sem-facção, Evelyn Johnson (Naomi Watts), após a queda de Jeanine. O objetivo desta fuga é saber o que tem além do muro, o que encontrar fora da cidade que sofreu tanto com a guerra civil. Tris ainda deseja ser livre e ver todos os seus semelhantes da mesma forma e, o que ela pretende é encontrar fora do muro uma solução para reerguer Chicago. O mundo encontrado além do muro lembra bastante o planeta vermelho. Após algumas incursões e exploração no local, eles descobrem a existência de uma nova sociedade e longa vai se desenrolar a partir daí.

Convergente | Teaser do trailer e pôsteres dos personagens

Até esse ponto, o filme andava conforme o esperado, mas já dava sinais de uma Tris totalmente diferente daquela vista em Insurgente. Com o passar da trama nós vamos entendendo melhor quem é quem nesta nova etapa e como a inversão de papeis vão tirar o protagonismo de Tris e dar ao Quatro. Tris está permissiva demais, facilmente manipulada e muitas vezes demonstra uma insegurança que eu não enxerguei em Insurgente. Eu esperava um empoderamento ainda maior da personagem, esperava vê-la com “sangue no zóio”, mas não aconteceu nada disso e minha decepção foi muito grande.

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Robert Schwentke não soube trabalhar a linha dramática de Convergente e toda vez que uma cena tinha a necessidade de receber uma carga dramática, parecia forçado demais ou até mesmo engraçado. O filme já começa entregando uma cena de beijo no topo de um edifício em ruínas com uma visão paradisíaca, típico clichê de filme com futuro distópico. Porra? Eu entendo que é necessário demonstrar o amor do casalzinho perfeito, mas tinha que ser logo no começo? Chicago tá só os pedaços, bora enfrentar o que for necessário para levantar o lugar ou para saber o que existe além do muro?  Mas não! Antes disso vamos dar uns pega aqui bem romântico para dar alegria aos “fãs” da saga. Coloquei em aspas, pois eu acho que é  fã de verdade não vai gostar disso.

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Shailene Woodley está irreconhecível, ela não é uma atriz que força o drama, ela sabe envolver o espectador e deixar a carga dramática aparecer naturalmente, vide A Culpa é das Estrelas (2013), mas em A Série Divergente: Convergente, ficou nítida a falta de trabalhar esse talento da atriz por parte da produção e direção, algo que bota mais um problema na conta de Robert Schwentke.

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Theo James está diferente de Insurgente, mas desta vez é algo positivo. É dele que surge as melhores cenas do longa, e eu tenho certeza que isso foi para dar um gancho ao próximo filme que será baseado em seu personagem. Seu protagonismo ocupa o lugar que era de Tris e ele que sempre atuou como coadjuvante até então, passa a ser o mandante da história.

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Miles Teller funciona com uma espécie de “alivio cômico” e na maior das hipóteses ele soa como algo positivo diante do restante do elenco, justamente pela tentativa de quebrar o gelo da trama que não tem o minimo artificio de envolvimento para com o espectador.

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O ponto positivo de A Série Divergente: Convergente fica para os efeitos especiais, para o mundo vermelho e menos caótico apresentado além do muro. As tomadas panorâmicas estão ótimas, as cenas de embates corpo a corpo também e todo o visual encontrado por Tris e cia é bem trabalhado. Mas o problema que eu relatei na resenha de Insurgente, sobre o clichê repetitivo das cidades num futuro distópico, ainda existe e eu sei que não vão se livrar disso até o encerramento da Série Divergente.

A nova trama pode até ser menos confusa que a anterior, mas desgasta demais o espectador. Eu comecei com a expectativa lá em cima e minuto a minuto, dentro das duas horas e pouquinho do filme, ela foi caindo até o ponto que eu torcia para o filme acabar, chegou a dar sono.

Eu sempre me identifiquei mais com A Série Divergente do que com Jogos Vorazes, a eterna sombra da saga de Veronica Roth. E eu não estou nem um pouco contente com o que eu vi, eu odeio ir ao cinema e sair de lá triste por achar o longa ruim de uma forma geral. Isso é triste demais. A Série Divergente: Convergente derrapou ao buscar o que havia além do muro, aliás, era melhor ter acabado aqui também. Esse problema de dividir um filme em dois sempre deixa puto com as sagas de Hollywood. Eu ainda fiquei sabendo que relacionando o livro com o que foi mostrado no filme, faltam apenas dois capítulos para a história no livro acabar. Ou seja, a segunda parte de A Série Divergente: Convergente, independente do nome que ela for receber, vai ter que enfiar histórias e mais histórias na trama para tentar apagar o fiasco que foi a primeira parte.

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Robert Schwentke derrapou e derrapou feio com essa saga, parece até que ele se esforça para finalizar o trabalho, parece que tudo foi feito nas coxas e com o minimo de respeito para com os fãs. Ele aprofundou os erros que a franquia já possuía. Fã nenhum merece esperar um ano para ver um resultado desses.

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Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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