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HQ do Dia | Ronda Vermelha

A justiça tem seu lado falho, isso todos concordamos. Quando os criminosos não são punidos e sempre saem impunes, percebemos até mesmo a fragilidade. E se pudéssemos funcionar, seguir algumas regras,  ir aonde ninguém foi, apenas pelo poder e a liberdade. Nós tornaríamos júri e executor? “Ronda Vermelha” é sobre ir aonde nem sempre podemos ir, mesmo sabendo que não voltaremos inteiro e corrompidos de lá.

Quatro policiais trabalham em um grupo especial chamado de Ronda Vermelha, há mais de dois anos tentam prender um grande traficante de drogas, a operação que era para ser bem sucedida acaba por ocasionar a morte de um membro da equipe pelas mãos do tal traficante, que sai impune. Cansados da justiça precária em deixar o criminoso em liberdade, eles decidem agir por conta própria e por debaixo dos panos, dando sempre um fim simples e direto. O que era apenas um acerto de contas acaba por ser tornar um grupo de extermínio, onde regras são criadas e todas pessoas maus deveriam morrer por suas regras, nenhum deles sabia que o caminho que veriam a percorrer tinha mais desvios que certezas.

Ronda Vermelha foi publicado lá fora entre 2013 e 2014 pela Dynamite e chegou ao Brasil em 2017 pelas mãos da Mythos Editora. Estava com saudade das histórias de Garth Ennis e seu estilo bem peculiar de retratar a violência, humor negro e as críticas sociais. O roteirista passou um tempo longe de trabalhos grandes depois de Justiceiro e Preacher, aqui seu retorno é marcado com um trabalho autoral.

A história aqui é muito mais contida e centrada do que em outros trabalhos de Ennis, não percebemos aquele jeito megalomaníaco e desenfreado, a violência cumpre nos seus quesitos da trajetória do roteirista, porém nada é escrachado ao extremo. Em toda a leitura percebi um enredo mais sério e pouco promissor, feito para não chocar até as almas mais fiéis aos seus trabalhos. A narrativa se preocupa em explorar os conflitos de cada personagens com seus dilemas dentro de cada ação executada como também tentam manter a mente sã em lidar com os dramas psicológicos, como cruzar a lei e se tornar a própria justiça.

Parte de trazer um tom realista para a história é graças as mãos do artista estreante Craig Cermak, antes havia feito alguns trabalhos menores, sua arte simples e objetiva cumpre em proporcionar a realidade pacata e ao mesmo tempo brutal dos personagens e suas feições em cada situação, ainda mais em planos escuros. O que arremeta muitos aos filmes policiais dos anos 90 focados na ação noturna e no clima noir.

Ronda Vermelha” é aquele trama policial conhecida e que não traz muitas novidades, mas cumpre o prometido em agradar em toda sua leitura, nada de exuberante como as tramas antigas de Garth Ennis, o que pode deixar os desavisados frustrados com as expectativas, uma promessa espiritual de Justiceiro, mas sem o limite da loucura.

Escrito por Rafael Tanaka

Publicitário, amante de cinema, quadrinhos, filmes e séries. Sempre existe coisas para se descobrir nesse mundo da cultura pop.

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