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CCXP | O que rolou nos painéis de quadrinhos

A Comic Con Experience 2014 conseguiu reunir alguns grandes nomes dos quadrinhos nacionais e internacionais em painéis que trataram desde os novos rumos do mercado até reflexões sobre o futuro da indústria e a influência de alguns personagens na cultura pop em geral. Logicamente 2014 sendo o ano de comemoração de 75 anos da criação de um dos personagens mais famosos dos quadrinhos, o Batman, as atenções ficaram focadas no Cavaleiro da Trevas, seu futuro e sua influência no trabalho dos artistas presentes.

Na quinta feira 04/12/2014 estivemos presentes durante os painéis de Vampiro AmericanoDC Comics Gerações  Batman: 75 anos do Cavaleiro das Trevas e aqui você tem um pequeno resumo do que foi discutido pelos autores presentes.

Vampiro Americano

Paticipantes: Scott Snyder, Rafael Albuquerque e Sean Murphy

Scott Snyder explicou as origens do projeto e contou bastidores da participação do lendário escritor Stephen King nas cinco primeiras edições de Vampiro Americano. Segundo Snyder ele mesmo fez contato com Stephen King. King se prontificou a escrever o roteiro de uma edição. A medida em que King foi trabalhando o roteiro foi ficando cada vez mais longo o que resultou nas edições seguintes escritas pelo mestre do terror. Segundo Snyder, King é um grande brincalhão e fazia piadas nos roteiros inventando situações ridículas para os personagens. Snyder citou um roteiro de King no qual o personagem Skinner se transformaria em um morcego e sairia voando.Logicamente Snyder teve de informar a King que aquilo não era possível e King replicou dizendo que está somente sacaneando o roteiro. Segundo Scott Snyder existe a possibilidade de Stephen King voltar a escrever algumas edições de Vampiro Americano, pois os dois ainda mantém contato e tendo em vista que a série se aproxima dos anos 1970 há interesse do novelista em escrever algo sobre este período.

American Vampire Painel
Rafael Albuquerque, Sean Murphy e Scott Snyder no painel de Vampiro Americano.

Snyder em seguida explica a razão pela qual a HQ tem início nos anos 1920. Segundo o autor, este é um de seus períodos históricos favoritos nos Estados Unidos. Snyder explica que os anos 1920 são marcados por um sentimento de otimismo do pós-guerra e que é uma época em que os Estados Unidos estão em ascensão como potência econômica além de ser um período marcado por aventuras pulp.

Para Snyder escrever Vampiro Americano e séries autorais como The Wake e a mais recente Wytches é uma experiência gratificante pois é uma maneira de encapsular tudo que o autor mais ama e colocar em uma história. Segundo Scott Snyder, quando você lê Vampiro Americano entra em contato com os gostos pessoais do autor em termos de referências sejam históricas, culturais e políticas.

Sean Murphy falou um pouco sobre desenhar personagens com conceito visual criado por Rafael Albuquerque. Murphy explicou que os Vampiros na série tem um visual bem específico de acordo com sua espécie e que teve de estudar o que havia sido desenvolvido pelo Brasileiro. Murphy ainda explicou que como trabalhou em uma mini-série que não pertencia a continuidade normal da revista pôde fazer alguns vampiro do seu jeito. Sean Murphy revelou que adora fazer pesquisas visuais para os períodos históricos mostrados em Vampiro Americano e que Scott Snyder é bem específico com algumas referências visuais para a revista, principalmente com objetos de cena e que isso o ajuda bastante na hora de desenhar os quadros.

Rafael explicou que para ele não houve dificuldade para encontrar referências visuais para criar o universo de Vampiro Americano porque não enxerga muitas diferenças entre os EUA dos anos 20 e o Brasil. Além disso o desenhista explicou que Scott Snyder é muito detalhista com o visual de objetos de cena e vestimentas. Rafael ainda explica as diferenças entre as espécies de Vampiros da série. E que o visual das criaturas reflete principalmente os hábitos de cada espécie de vampiro. Segundo Rafael, a intenção foi criar seres animalescos, mas críveis e relacionáveis.

Snyder ainda falou sobre o futuro da série dizendo que com a chegada da década de 1960 teremos algumas surpresas como vampiros no espaço e algo relacionado a Area 51 e talvez alienígenas.

DC Comics – Gerações

Jose Luiz Garcia-Lopez CCXP 2014
Jose Luiz Garcia Lopez esteve conosco nos bastidores da CCXP 2014

Paticipantes: Ivan Reis, Klaus Janson, José Luiz Garcia-Lopez, Scott Snyder e Sean Muprhy.

Após uma longa apresentação dos participantes feita pela moderação do painel cada um dos autores presentes comentaram seus futuros projetos na DC Comics:

Jose Luiz Garcia-Lopez revelou que continua trabalhando em Batman `66  e que possivelmente estará fazendo alguma história da Mulher-Maravilha no futuro próximo.

Sean Murphy revelou que está trabalhando em dois novos projetos, um deles chamado Tokyo Ghost com Rick Remender, além de Chrononauts que é escrito por Mark Millar e tem estreia prevista para Março de 2015 nos Estados Unidos.

Klaus Janson revelou que continua trabalhando em Superman com John Romita Jr. até a edição 46 de Superman escrita por Geoff Johns. Segundo Klaus, grandes mudanças estão a caminho na revista do Homem de Aço. Janson ainda comentou sobre um projeto próprio que deve ser publicado em 2015.

Scott Snyder revelou que além de The WakeWytches e da nova temporada de Vampiro Americano ainda está envolvido com dois novos projetos com Sean Muprhy e Rafael Albuquerque.

O Proibido Ler perguntou a Scott Snyder sobre as repercussões do novo arco na revista do Batman chamado Endgame. Segundo o autor a história é uma continuação direta do arco Morte na Família protagonizado pelo Coringa. Equanto Morte na Família seria uma história de comédia na mente do Coringa, na qual ele e Batman poderiam ter um “final feliz” sem a presença da Bat-Família, Endgame funciona como uma tragédia na mente do vilão. Para Snyder “este é o fim de tudo”. O autor revelou que esta é a sua última história sobre o Coringa. Snyder contou que Endgame tem todos os ingredientes que ele gostaria de ver em uma história do Coringa e que Endgame foi planejada desde a época de Morte na Família. Snyder ainda revela que Endgame vai amarrar muitas pontas soltas na revista do Morcego e que ele teve a oportunidade de escrever vários personagens que nunca teve oportunidade de fazer antes. Segundo Snyder, o  final de Endgame trará mudanças radicais para o status de Batmam e do Coringa. Snyder ainda disse que está em seu quinto ano em Batman e que prefere arriscar a escrever algo original e significativo do que manter a revista com histórias sem repercussões relevantes para este elenco.

Ivan Reis
Ivan Reis está finalizando a mini série “The Multiversity”escrita por Grant Morrison.

Ivan Reis revelou que recentemente teve problemas de saúde por causa do trabalho e por isso foi orientado pelo editor da revista mensal da Liga da Justiça a se afastar momentaneamente de suas atividades. Ivan no entanto, ainda está trabalhando e finalizando a última parte da saga The Multiversity escrita por Grant Morrison. Ele disse que está muito feliz e se sente desafiado ao trabalhar com o autor escocês. Além disso Ivan, disse que em 2015 termina seu contrato exclusivo com a DC Comics e que existem muitas possibilidades para projetos futuros dentro e fora da editora.

Todos os autores comentaram um pouco sobre seus métodos de trabalho. Foi unânime entre os profissionais que mais do que alguma inspiração mirabolante, eles se valem de trabalho duro, disciplina e perseverança para tocar seus projetos e trabalhar com quadrinhos. Jose Luiz Garcia-Lopez revelou que não tem disciplina para trabalhar com prazos e que geralmente se atrapalha um pouco para cumpri-los atualmente. Os autores ainda comentaram sobre adaptações televisivas recentes de personagens da DC Comics. Segundo Ivan Reis, é muito interessante ver este novo universo televisivo em desenvolvimento e é ótimo ver as diferenças de tom entre os seriados. Scott Snyder disse que não pode comentar sobre Gotham pois segundo ele não assiste para que a série não influencie seu trabalho no roteiro da revista do Batman.

O painel teve pouco tempo para perguntas dos fãs e se encerrou meio que abruptamente, mas com uma calorosa celebração dos presentes ao seu final.

 

Batman: 75 anos do Cavaleiro das Trevas

Participantes: Scott Snyder, Jose Luiz Garcia-Lopez, Rafael Grampá, Rafael Albuquerque, Dave Johnson e Klaus Janson.

Scott Snyder
Scott Snyder falou conosco sobre o futuro do Batman, mas não revelou NADA sobre “O Cavaleiro das Trevas 3”.

Os participantes relembraram seu primeiro contato com o Batman. Rafael Grampá contou que seu primeiro contato com o personagem foi no desenho Super Amigos que passava no programa do Balão Mágico na década de 1980 e lembrou que tinha uma toalha de praia do Homem-Morcego. Grampá disse que o Batman foi o primeiro personagem que desenhou. Rafael Albuquerque disse que também tinha uma toalha do Batman e que a ilustração dela provavelmente era de Jose Luiz Garcia-Lopez. Albuquerque lembra que realmente começou a gostar do personagem após assistir os filmes de Tim Burton. Segundo Scott Snyder (que revelou que sua cueca favorita na infância era a do Batman) ele era fã da série de TV da década de 1960. Segundo Snyder ele levava a sério o programa e nem sabia na época que se tratava de uma comédia. Segundo Garcia-Lopez seu primeiro contato com o Cavaleiro das Trevas foi com bonecos em preto e branco na época em que morava na Argentina. Klaus Janson lembrou que seu primeiro contato com o personagem foi quando ganhou lençóis do Morcegão no Natal e que ficou assustado com a imagem. Dave Johnson contou uma história interessante dizendo que foi levado para uma revendedora de carros e que Burt Ward (o Robin no seriado da década de 1960) estava lá. Dave sentou no colo de Ward quando criança e tirou uma foto, infelizmente sua mãe destruiu a foto anos depois.

Perguntados sobre suas histórias favoritas do Morcegão a maioria dos participantes citou O Cavaleiro das Trevas de Frank Miller. Klaus Janson citou a coleção de Batman escrita por Neal Adams que permanecem até hoje como suas histórias favoritas do Homem-Morcego. Scott Snyder lembra que, apesar de O Cavaleiro das Trevas ser uma história futurística ela se relacionava muito com a realidade de sua infância vivendo em Nova York. Dave Johnson lembrou que sua história favorita de Batman é uma curta feita por Steve Purcell, Mike Mignola e Kevin Nowlan publicada no Brasil em Superman & Batman #32 sobre o Cara-de-Barro.

Perguntado diversas vezes sobre o recente anúncio de Cavaleiro das Trevas 3, Scott Snyder disse que não pode revelar nada. O roteirista somente adiantou que se encontrou em um jantar com Frank Miller no qual discutiram o recente arco Ano Zero e que Miller foi extremamente generoso e receptivo a ideia. Além disso Miller elogiou bastante o trabalho de Snyder na história sobre a origem do personagem. Segundo Snyder, Miller disse que “finalmente alguém escreveu uma história do Batman no qual ele leva uma puta surra”.

Snyder comentou sobre as novas publicações do universo do Morcego como Gotham Academy, Mansão Arkham, Gotham a Meia Noite e a recente mudança na Batgirl dizendo que os editores da DC Comics estão tentando levar o universo de Gotham a uma nova direção com estas novas publicações e que não tem medo de fazer mudanças mais radicais atualmente em prol de boas histórias.

A pergunta clássica sobre como manter o personagem relevante por 75 anos sem agredir os fãs foi feita e Snyder respondeu:

“Toda mudança que se faz no Batman provoca raiva e certo receio. Mas eu sei que eu amo o Batman e não faria algo de mal ao que é central no mito do personagem. Você só tem um chance de escrever o Batman – e não é pra mudar tudo, mas pra fazer aquilo de um jeito que seja inovador, pessoal. Tem que ser seu”.

Dave Johnson finalizou ironicamente: “Então vamos fazer ele virar negro e transsexual!”.

 

 

Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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