in

HQ do Dia | Batman: Europa #1

Não se preocupe, Bat-fã! “Batman: Europa” não é mais um título periódico protagonizado pelo Homem-Morcego. Todo mundo provavelmente já tinha esquecido deste projeto do lendário Jim Lee que trata-se originalmente de uma mini-série em quatro partes com uma aventura do Batman no velho continente. Anunciada desde 2004 pela DC Comics, a HQ finalmente vê a luz do dia agora em Novembro de 2015. Esse enorme atraso no título escrito por Matteo Casali e Brian Azzarello acarreta em alguns problemas para a publicação que se refletem na primeira edição da mini-série.

Em resumo, a história se inicia da maneira mais genérica possível em um gibi do Batman: Adivinha como? Acertou quem disse “O Cavaleiro das Trevas enfiando a porrada (e vencendo) algum vilão de sua extensa galeria”. Partindo daí, descobrimos que há algo de errado com o Detetive mais famoso de Gotham. Ele e os computadores da Bat-Caverna foram infectados por vírus – um começa a comprometer sua saúde e o outro seus sistemas. Logicamente Alfred e Bruce Wayne rastreiam de alguma forma bem simplória a origem do vírus e descobrem que ela está em Berlim na Alemanha. Daí começa a investigação no velho continente e vemos Batman finalmente se aliando a um de seus mais conhecidos antagonistas ao final da edição.batman-europa

O roteiro de Casali e Azzarello não faz a mínima questão de estimular a leitura nesta primeira parte da história. Tudo, desde a premissa até as falas e o ritmo narrativo é ou genérico ou extremamente lento. Não há nada que catalise aquela sensação gostosa de estar lendo uma boa história de mistério protagonizada pelo Batman. Nada parece desafiar muito o herói e o que poderia ser o diferencial, que é o fato do personagem estar em outra cidade, não é explorado em momento algum aqui. Se o intuito dos roteiristas era colocar o Batman em um território desconhecido, o objetivo não foi alcançado. O Cavaleiro das Trevas não tem a menor dificuldade em se virar na Alemanha. Fora isso, os autores cismam que fatos históricos sobre a cidade em caixas de texto sonolentas são relevantes para a história. Ok! É legal relembrar a segunda guerra e a cisão da Alemanha Ocidental e Oriental, mas estamos em 2015 e Berlim atualmente é muito mais do que é mostrado nas 33 páginas deste gibi. Isso se torna um fracasso duplo, pois além de retratar a cidade somente por seu passado de derrotas não acrescenta nada ao contexto da história.

A arte em “Europa” originalmente seria totalmente feita pelo astro Jim Lee, no entanto devido às suas múltiplas atribuições atualmente na DC Comics, o que vemos é um misto de leiautes de páginas feitos por Guiseppe Camuncoli (Sim. Aquele que trabalhou em “Superior Spider-Man”) com lápis de finalização de Lee. Essa colaboração somada à inusitada colorização de Alex Sinclair salvam esta primeira edição de um fracasso muito maior. Lee e Camuncoli funcionam perfeitamente em uma história do Batman. O design de páginas de um complementa os exageros ocasionais do outro e raramente vimos um Jim Lee trabalhando com este nível tão bacana de fotografia e interpretação visual. A colaboração conjunta parece imperceptível e só quem conhece muito bem o tipo de trabalho de Lee percebe intervenções visuais pontuais do outro artista que colocam o traço do veterano nos eixos. Lee por outro lado tem liberdade suficiente para dar impacto às cenas, focando no que faz melhor: poses heroicas e ação. A colorização de Alex Sinclair é a cereja no topo deste confeito, com um estilo de um aquarelado artificial muito peculiar que deixa o visual da história com um ar totalmente rústico e meio agressivo. Isso movimenta demais as páginas que cairiam num marasmo enorme com outro tipo de apresentação.

“Batman: Europa” vale pela arte. Temos um início de mini-série genérico em termos de Batman em uma Berlim datada e totalmente sem personalidade. Diálogos sem impacto e um ritmo narrativo sonolento e sem surpresa. A arte por outro lado tem um visual impressionante e até meio surpreendente em se tratando de Jim Lee. Portanto, se você esperou 11 anos para ler isso aqui, vale a pena esperar sair com um preço mais barato e pegar em uma promoção porque o gibi não acrescenta nada de novo à mitologia deste ícone da DC Comics.

Leia também: HQ do Dia | The Flash #37

Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Loading…

Into The Badlands | Review do episódio 1×01 – “The Fort”

Game of Thrones | Cartaz da nova temporada dá esperança ao fã sobre Jon Snow