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Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco | Anime surpreende e homenageia mangá e versão clássica

Muitos vão achar uma série de problemas na versão dos protetores da Deusa Atena produzida pela Netflix. Provavelmente, muitos fãs usaram todos os adjetivos negativos que encontraram no dicionário para se referir à “Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco”. E aqui não vou fazer juízo de valor pra dizer se estão com a razão ou não. A gente sabe bem quando uma coisa bate e quando não bate.

Mas o problema da maioria em não ter achado a releitura da Netflix boa está no apego ao anime clássico e na eterna comparação das duas obras. Uma coisa tem relação com a outra, mas não podemos colocar as duas no mesmo balaio e achar que tem o mesmo peso.

A saga clássica dos Cavaleiros do Zodíaco jamais será superada por qualquer obra que venha a ser fabricada num futuro próximo ou distante. Os grandes fãs que assistiram ao anime na Rede Manchete ou àqueles que assistiram na Band, Cartoon Network e Rede Brasil, etc., precisam saber disso.

Enquanto houver comparação, enquanto houver qualquer equiparação entre elas, quem assiste vai perder o melhor que uma nova produção pode proporcionar que é a diversão. É perceber como eles pegaram um produto antigo e transformaram em uma coisa nova, que serve para convidar pessoas que nunca tiveram contato com a obra para dentro do universo criado por Masami Kurumada em dezembro de 1985.

É esse o objetivo da nova série. E não, não é um jeito de fazer quem é fã há décadas se sentir abraçado ou homenageado de alguma forma. Eu falo um pouco mais sobre essa relação de fã x releituras neste artigo: O Reboot de She-Ra e o dodói das crianças com mais de 30 anos. Em um outro que eu atualizo todos os anos desde a sua publicação em 2015, eu conto como foi minha relação com Cavaleiros do Zodíaco durante a minha infância e como ela é atualmente. E o que eu quero dizer com tudo isso? Que apesar de saber da importância do anime clássico, eu também sei qual é a importância dos novos produtos e como consumi-los de um jeito que não me incomode. E posso dizer que o anime da Netflix não doeu nadinha e eu ainda me surpreendi de forma positiva tudo que vi em seis episódios.

“Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco” conta a história de quatro garotos e uma garota que foram escolhidos como protetores da nova reencarnação da Deusa Atena. Uma história semelhante ao anime original, mas com o detalhe que o Shun aqui é do sexo feminino e não do masculino. Seiya perde a irmã logo no começo do anime assim como na obra que deu origem a esta, ele vai à Grécia lutar para se tornar um cavaleiro e talvez conseguir se reencontrar com Seika. Quando ele conquista a sua armadura, se junta a outros cavaleiros de bronze e de prata para um torneio de luta mais conhecido como “Guerra Galática”, onde o vencedor ganharia a armadura de ouro de sagitário.

Leia mais: Você sabe tudo sobre Os Cavaleiros do Zodíaco?

Bom, até aqui você pode perceber que é tudo semelhante. Sim, em termos gerais as releituras funcionam assim. Um ou outro elemento é modificado, mas o grosso ou a sua essência está lá sendo representada com uma nova roupagem e uma nova dinâmica. Qualquer fã de CDZ conhece esse arco melhor que a palma da mão. Então não há muito segredo por aqui.

A qualidade gráfica da série melhora após o primeiro episódio, a textura da animação fica mais detalhada e os golpes mais fluidos. A narrativa não é burra e nem robótica, você consegue compreender quem é quem e qual é a motivação de cada um. Não tem enrolação, mesmo porque são apenas 25 minutos por episódio aproximadamente. Então não há muito tempo pra ficar de firula. E isso foi um ponto positivo. Outra coisa bacana está nas referências ao anime clássico e também ao mangá. Você vai perceber que muito do que foi feito durante mais de duas décadas está retratado de alguma forma na passagem pelos seis episódios.

Leia mais: Os Cavaleiros do Zodíaco | Relembre os momentos covardes e mais engraçados do anime

A dublagem é o ponto alto da produção. Todos os dubladores do anime clássico como Hermes Baroli (Seiya), Letícia Quinto (Saori Kido), Élcio Sodré (Shiryu), Francisco Bretas(Hyoga), Úrsula Bezerra (Shaun) e Leonardo Camilo (Ikki), nomes já conhecidos na série clássica, também são os dubladores desta versão. Eles trouxeram mais emoção a cada um de seus velhos e conhecidos personagens e o resultado ficou incrível.

No mais, “Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco” é uma ótima homenagem à obra original. Pensa que durante todos esses anos, centenas de animes foram produzidos e por qual motivo a Netflix escolheu o universo de Kurumada para realizar uma nova versão e não qualquer outro? A resposta pode estar no fato da obra ser marcante, atemporal e seu cosmo ter reverberado até os dias atuais. Os Cavaleiros do Zodíaco nem de longe é o melhor anime que já existiu, mas há uma importância e um carinho muito grande por ele em todo mundo. O que ele fez nos anos 80 e 90 principalmente no País, ninguém conseguiu reproduzir até hoje.

“Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco” chega pra uma criançada diferente da minha ou da sua geração. Uma galera que cresceu na era da internet e com uma facilidade maior de consumo. E com certeza eles vão adorar. 

Leia mais: Relembre a época das Balas Zung e os famosos pôsteres álbuns dos Cavaleiros do Zodíaco

“Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco” é ainda mais importante para o legado de Kurumada, afinal de contas ele deve estar contente de ver algo que ele fez há mais de 20 anos ainda ser relevante. E a nova produção surpreende por tudo isso, mas principalmente pela coragem em se reinventar e tornar interessante uma obra que poderia ter caído no esquecimento como tantas outras.

Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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