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The End Of The Fxxxing World – 1º Temporada | Perdidos em desfuncionalidade, nós nos achamos

Nesta última sexta-feira (5 de janeiro), a Netflix divulgou em seu catálogo a sua mais nova série: The End Of The Fxxxing World. Baseada na história em quadrinhos de mesmo título escrita por Charles Forsman, esta série britânica de “comédia sombria” absolutamente traz uma história de amor nada tradicional. Permitam-se embarcar nessa aventura desbravada por James e Alyssa.

Em The End Of The Fxxxing World, James (interpretado por Alex Lawther) está convicto de que é um psicopata, e após uma longa jornada de matança de animais e “nenhum resquício de sentimentos”, ele enfim decide que é hora de matar algo maior do que um gato ou coelho; é hora de matar uma pessoa. Alyssa (interpretada por Jessica Barden), cansada daqueles “adaptados” ao seu redor se lança espontaneamente a James na esperança de encontrar algo que a corresponda, sem sequer imaginar que ela é a escolhida para ser assassinada pelo esperto rapaz. Ambos acabam por chutar o pau da barraca, e saem mundo a fora em uma viagem – na qual as coisas perdem o controle – com o objetivo de encontrar o pai de Alyssa.

The End Of The Fxxxing World – 1º Temporada | Perdidos em desfuncionalidade, nós nos achamos

Uma das coisas mais legais de The End Of The Fxxxing World são seus personagens; quer sejam protagonistas ou não. No caso dos protagonistas, James e Alyssa são dois personagens desfuncionais se “atraindo” por objetivos próprios, mas que acabam se correspondendo mais do que imaginariam – embora tenha lá suas dificuldades. De toda forma, ambos os personagens conseguem sutilmente cativar a audiência e, ao longo da temporada, fazer com que você os compreenda e, de certa forma, até mesmo se identifique com eles. Em grande parte, isso é resultado das boas atuações de Alex Lawther e Jessica Barden. Mas mais do que isso, é resultado de aos poucos irmos nos deparando com suas verdadeiras naturezas, bem como seus contextos traumáticos, mostradas por um elemento de roteiro muito bem explorado na série, que falarei mais sobre ele a frente.

É interessante perceber também, que os personagens secundários são funcionalmente responsáveis por, em grande parte, moldar a história (principal ou de fundo) dos personagens e ainda a aventura (e suas posteriores consequências) em que os jovens embarcam. Além de sutilmente desenvolver contextos únicos que elucidam ao telespectador as razões para os comportamentos dos mesmos.

The End Of The Fxxxing World – 1º Temporada | Perdidos em desfuncionalidade, nós nos achamos

A trama de The End Of The Fxxxing World tem por si só uma premissa devidamente interessante. Contudo, é obviamente no desenvolvimento da mesma que temos efetivamente as nossas expectativas correspondidas. Em episódios curtos (de 20 minutos, apenas), a série se desenvolve ao seu tempo e, de certa forma, um tanto quanto despretensiosa ante as consequências que James e Alyssa se deparam. As desfuncionalidades dos personagens são exploradas de maneira incrível pelo roteiro, resultando em situações inusitadas e que, com uma boa dose de humor ácido, a série converte essas situações e suas consequências em uma sensação de prazer captativo ao telespectador. Digo, você facilmente vai querer continuar assistindo a série (e provavelmente a assistirá de uma vez só, como eu fiz) e, ao final dela, você ainda vai querer mais e mais (eu certamente gostaria de uma segunda temporada @netflix).

Um elemento chave fantasticamente explorada na série é sua narrativa. Dominada pelas perspectivas dos pensamentos dos personagens quanto as situações em que eles se encontram; hora de James, hora de Alyssa. Os detalhes de suas verdadeiras naturezas estão em seus pensamentos, e não muito em seus diálogos normalmente curtos e rápidos. E puta merda, é tão legal ver eles se perdendo em suas próprias desfuncionalidades, quanto é vê-los se encontrando nesse mesmo elemento.

The End Of The Fxxxing World – 1º Temporada | Perdidos em desfuncionalidade, nós nos achamos

Falando em perdido, tem outros dois elementos que eu gostaria de destacar. O PRIMEIRO é a questão de localidade. Originalmente, por se tratar de uma série britânica, é de se entender que a série se passa na Europa; mas tampouco a própria série em si, não se situa em uma localidade, como cidade, estado, país ou coisa do tipo. Ou seja, ao depararmos com o belo conjunto de paisagismo e fotografia (embora cliché), pensamos que a série pode estar sendo – relativamente – retratada em qualquer lugar do mundo. E isso é incrível, pois além de reforçar a ideia de “perdidos” tanto para os personagens quanto para a audiência, reflete uma ideia de que esse sentimento de “estar perdido” pode ser visualizado em qualquer lugar.

O SEGUNDO, é nada mais e nada menos do que a trilha sonora. Ironicamente, The End Of The Fxxxing World conta com músicas de baladas dos anos 60/70, incrivelmente bem ajustadas as situações propostas pela trama, de modo que todo o contexto apresentado seja de fácil emersão ao espectador e, desta forma, o mesmo possa absorver todo o momento. Um elemento e tanto se considerando a ideia de desfuncionalidades perdidas se compatibilizando ante o encontro de sua harmonia.

The End Of The Fxxxking World – 1º Temporada | Perdidos em desfuncionalidade, nós nos achamos

Só mais uma coisa, é que eu realmente fiquei curioso para ler o material de inspiração base, no caso a história em quadrinhos de mesmo título da série. Agora, só para finalizar, assistir a primeira temporada de The End Of The Fxxxing World é assistir a uma série de romantismo inusitado e “comédia sombria”, na qual o contraste de desfuncionalidades entre os traumáticos momentos e os humores ácidos momentâneos, convergem numa apresentação de boa trama e incrível narrativa. 

Escrito por Isaias Setúbal

All I hear is doom and gloom. And all is darkness in my room. Through the night your face I see. Baby, come on. Baby, won't you dance with me?

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