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Piano Vermelho | Uma narrativa maluca, surpreendente e musical

Depois de ter lido Caixa de Pássaros não contive a vontade de ler o segundo livro de Josh Malerman – Piano Vermelho. Será que Piano Vermelho seria tão bom quando seu antecessor? 

Piano Vermelho narra a história de uma banda de ex-militares, os Danes, que após emplacarem um super hit de sucesso abriram um estúdio e produzem outras bandas, vivendo em ostracismo, bebidas e se dedicando a musica. Até que um belo dia, um funcionário misterioso do governo dos EUA entra em contato com os Danes para um convite: Viajar até o deserto do Namibe para investigar a origem de um som misterioso que acreditam ter um terrível poder destrutivo. Liderados pelo pianista Philip Tonka, os Danes se juntam a um pelotão insólito através do deserto e seus segredos. A viagem, assustadora e cheia de enigmas, leva Tonka para o centro de uma intrincada conspiração.

Seis meses depois, em um hospital em Iowa, a enfermeira Ellen cuida de um paciente que se recupera milagrosamente de um acidente quase fatal. Ellen desconfia dessa recuperação que não parece ser explicável. O Paciente é ninguém menos que Philip Tonka, que acorda do coma com os fantasmas da viagem ao Namibe ainda o perseguindo e assustando. Onde estarão os Danes e o resto do pelotão? O que aconteceu na África afinal? Ele precisa escapar para descobrir.

A história por si só é de tirar o folego, Josh Malerman acerta outra vez em Piano Vermelho em como ambientar um verdadeiro thriller. O uso da alternância entra passado e presente mantem a gente preso e curioso sobre a história e, não pense que há momentos tranquilos na leitura, ela é toda super dinâmica e não perde nada nessa troca de tempo na narrativa, pelo contrário, ela funciona super bem para manter a velocidade e o interesse no livro. A editora também acertou no design do livro, a cada passagem de tempo entre passado e presente a pagina inicial vem na cor preta, deixando bem claro que mudamos de universo, algo que evita perfeitamente a confusão na leitura.

A narrativa é tensa e surpreendente, a todo o momento temos novas revelações sobre os personagens, sobre os acontecimentos. E a construção de cada personagem e sua evolução é feita com maestria, o leitor tem a empatia (ou o ódio) pelos personagens sendo construída de forma orgânica página a página. Philip é nosso herói e nos vemos sofrendo com a dúvida e medo junto com ele, nos desesperando e, ao mesmo tempo, tentando entender todas as maluquices que estão ocorrendo ao redor dele. E temos que falar de Ellen também, personagem que podemos considerar como heroína. Uma mulher que já passou por muita coisa e que se vê preocupada com esse novo paciente, que faz o que pode e não pode para ajuda-lo.

O livro trás tanta coisa diferente que se formos pensar nelas em separado a receita poderia dar muito errado, temos música, guerra, fantasmas, hospital, hostilidade, loucura mental, romance, bodes (!!), visões, enfim uma infinidade de elementos. Mas apesar de parecer que isso jamais funcionaria, somos surpreendidos positivamente. Funcionam. E funcionam muito bem para criar o ambiente deste thriller, deixando tudo envolvente e delicioso de ler.

O Piano Vermelho pode ser considerado um thriller, um livro de horror e um livro de ficção cientifica, mas também pode ser chamado de um livro de música. Josh Malerman reverencia a música neste livro, mostra a dualidade dela, o lado bonito e o lado destruidor que uma música pode ter nas pessoas e no mundo. Achei uma visão bem bonita sobre música e sobre o amor que uma pessoa pode ter por ela.

Outro ponto que achei fenomenal e que me fez pensar muito, foi a visão apresentada sobre tempo e guerra. Não vou dar spoiler, mas me fez pensar muito sobre o proposito das guerras no mundo, seja no presente ou as do passado. Mas adianto que faz você, com certeza, ter uma visão bem mais crua sobre o assunto e entender a natureza humana de uma forma diferente.

Piano Vermelho realmente consegue seguir os passos do livro anterior Caixa de Pássaros. Impressiona, choca, e te deixa após a leitura pelo menos uma meia hora só pensando em tudo que leu, analisando, buscando respostas e apreciando cada palavra. Josh Malerman é um novo escritor com tudo para ser um novo Deus do gênero.

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Escrito por Débora Mello

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