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Como Eu Era Antes de Você (2016) | O choro é livre, literalmente

Filmes desse tipo você já sabe mais ou menos como vai ser. A escola Nicholas Sparks de filmes românticos adaptados de bons livros (eu sei que muita gente não gosta, mas aqueles que eu tive a oportunidade de ler, eu gostei e achei bom), ensinou o mundo muito bem. Sparks teve ao menos 10 dos seus livros transformados em filmes, muitos deles se destacaram como “Um Amor para Recordar”, “Querido John”, “Diário de Uma Paixão”, “Um Porto Seguro”, “A Última Música” e muitos outros. Mas o importante a dizer sobre essa comparação com a escola de Nicholas, é que a nova geração tem aprimorado suas técnicas, e de alguma forma estão deixando esses filmes mais cativantes mesmo apresentando fórmulas conhecidas.

Dirigido por Thea Sharrock e escrito pela própria autora do livro, Jojo Moyes, Como Eu Era Antes de Você conta a história de Will Traynor (Sam Claflin) um homem rico, mal-humorado, inteligentão e com um espirito aventureiro e radical enraizado na sua personalidade. Preso a uma cadeira de rodas depois de um acidente de moto, Will desconta toda a sua amargura em quem estiver por perto. Quando ele contrata a jovem Louisa Clark (Emília Clarke) para cuidar dele, ele nem desconfia que ela está prestes a trazer cor a sua vida. E nenhum dos dois desconfia de que irá mudar para sempre a história um do outro.

O longa de Thea Sarrock apesar de corrido, tem uma narrativa simples, mas que cativa o espectador. Nessa narrativa, ele apresenta o estilo de vida e de personalidade dos protagonistas, Will Traynor e Louisa Clark. Isso é um ponto chave para incluir você na história, o bom desenvolvimento e apresentação de ambos os personagens foi imprescindível para fluidez do enredo.

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A personagem de Emília Clark traz um carisma para a tela que deixa todo mundo com um sorriso no rosto. Não precisaram forçar nem um pouco qualquer atitude dela. Uma mulher de família humilde, que passa por dificuldades financeiras, trabalha em um cafeteria mas logo de cara é demitida, não tem grandes aspirações na vida, mas independente disso, está sempre de bom humor e procurando sempre fazer o melhor. Tem um gosto peculiar para tudo, inclusive para a moda e vestuário, uma das coisas que mais chamam a atenção na personagem. Toda essa descrição tende a soar de forma caricata, mas não é o que acontece. Louisa Clark traz um à tona todo aquela luz de coisas boas que você tem que enxergar em um personagem que faz a função de iluminar locais, pessoas e situações por onde passa.

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Já o caso de Will Traynor é diferente, ele vai servir como o contraponto de Louisa. Vamos imaginar a seguinte situação: Você é um cara bonitão, tem dinheiro para bancar qualquer loucura, seja isso uma viagem, um carro de luxo, um lifestyle de bon vivant e qualquer absurdo que você imaginar. Tem um cargo importante em uma empresa de renome, é filho de uma família tradicional londrina e leva uma vida agitada, praticando esportes radicais e viajando mundo afora. Certo dia, o despertador toca, você acorda; dá um beijo na sua adorável e lindíssima namorada, se veste, sai para trabalhar e durante o trajeto entre a sua casa e o seu trabalho, por um descuido seu e de um motociclista, uma moto te atinge em cheio e te deixa entrevado em uma cadeira de rodas para sempre. Como seria o seu humor depois dessa mudança repentina de vida? Que pessoa você seria se não pudesse fazer mais nada sem ter que precisar da ajuda de alguém? Como seria sua personalidade se o bem mais precioso que você tinha em seu ímpeto, foi lhe tirado? Pois bem, esse é Will Traynor, um cara que por causa de um acidente de trânsito teve sua vida inteira e de seus familiares modificada. Ele não é um cara legal, ele é irritadiço, arrogante, um homem de poucas ideias e também de paciência limitada. E que fez a escolha que fez na vida, e essa escolha ninguém será capaz de fazê-lo mudar de ideia.

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Como nós sabemos, ponto e contraponto tendem a se atrair. Essa é a função do imã, né? Quando os lados opostos se atraem. Louisa com todo o seu carisma vai tentar quebrar o gelo de um cara que já decidiu o seu futuro. Mas independente disso, ambos terão suas vidas modificadas. A química de Emília e Sam em tela é perfeita. A foto abaixo tirada nos bastidores das gravações, descreve totalmente isso.

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Com toda essa apresentação feita de forma clara no longa, Sharrock conseguiu mesmo usando uma fórmula já batida, levar o espectador às lagrimas em diversas cenas. Você vai se identificar em diversos pontos, vai refletir sobre as atitudes de Will ou de Louisa e vai tentar compreender as motivações de cada um deles sem sentir raiva ou ódio do destino que Sharrock entregou o filme. Além, é claro, de rir em vários momentos. O viés cômico de Emília Clark, funciona que é uma beleza.

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A fotografia em cenas com a Emília Clark é sempre repleta de luminosidade e de cores, enquanto a cena com Sam Claflin tende a ser mais cinzenta. Um clichê que funciona, assim como funciona quando os dois estão juntos, onde a paleta cinzenta vai saindo de cena enquanto a paleta de cores mais vivas entra para fazer a sua parte. Outro clichê que funciona. Como Eu Era Antes de Você está rodeado de clichês que funcionam, e quando eu falo que funcionam, é que poderia ser feito de outra forma, mas não fizeram e nem por isso você se incomoda.

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Eu conversei com pessoas que leram a obra de Jojo Moyes e questionei o fator “filme x livro”, e me responderam que ele, o filme, apesar de corrido, é muito fiel ao livro. Portanto se alguém tiver alguma dúvida sobre a fidelidade de adaptação nesse caso, acho que a questão está resolvida.

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Por fim, Como Eu Era Antes de Você é um filme romântico com uma fórmula batida, mas que funciona e te convence pelo carisma dos personagens, pelo desenvolvimento deles e que o andar da carruagem te pega pelo coração. O choro dentro da sala de cinema é livre, literalmente falando. Não fique dando uma de forte, embarque no clima e na jornada de Will e Louisa, e deixe essa história te cativar, mesmo se você for a pessoa mais durona do mundo – esse filme vai te deixar com os olhos marejados. E o detalhe mais importante,  sem forçar, sem apelar e sem tornar o romance mais piegas do mundo. Isso pode ficar com todos os outros filmes do Nicholas Sparks que eu não citei aqui.

Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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