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HQ do Dia | Paper Girls #1

Stony Stream, Ohio. Algumas horas após a noite de Halloween de 1988. Em um bairro aparentemente pacífico durante as primeiras horas da madrugada quatro jovens entregadoras de jornal fazem suas rotas diárias até que uma bizarra descoberta muda completamente a vida de Mac, Tiffany, KJ e da novata Erin.
E assim começa Paper Girls, nova criação do autor Brian K. Vaughan (“Y – O último homem”, “Saga”) em conjunto com o artista sensação em “Mulher Maravilha”, Cliff Chiang. A sinopse descrita acima não revela nada de especial além de uma trama de mistério com ambientação retrô protagonizada por quatro garotas. A sinopse descrita acima pode fazer você ignorar este título caso não esteja familiarizado com o trabalho de Vaughan. Isso porque a sinopse acima não chega nem aos pés de fazer justiça a tudo que vemos nesta primeira edição de Paper Girls.
HQ do Dia  Paper Girls #1
Sabe aquela sensação de frio na barriga que muitas vezes experimentamos na infância e adolescência quando saímos em uma aventura com um grupo de amigos ou mesmo conhecidos sem saber o que vai acontecer naquele dia? Ok, imagine se algo realmente bizarro acontecesse neste dia. Agora multiplique essa sensação de frio na barriga por 30, adicione uma sutil camada de ficção científica a esta aventura e considere o fato de que esta aventura é protagonizada por quatro jovens moças que são a definição de “amor a primeira vista”. Talvez você possa ter uma ideia do que é a primeira edição de Paper Girls. Se filmes como “Conta Comigo”, “Os Goonies” ou mesmo “Super 8” vierem a cabeça durante a leitura, é isso mesmo que o autor está mirando (e acertando em cheio) ao apresentar o título.Vaughan aparentemente não se esforça neste roteiro. Esqueça seus habituais conceitos esdrúxulos e ambientações estranhas. Isto aqui é um simples passeio de bicicleta na madrugada por um bairro bem comum no qual muita coisa dá errado. Uma história com clima moleque e com gente de verdade – pessoas que você provavelmente já interagiu em algum momento da sua vida. Tudo isso salpicado com aquele clima de início de “bromance” feminino e uma dose bem sutil de mistério de ficção. As personagens são apaixonantes individualmente com seu jeito especial: Você vai gamar logo de cara na durona Mac e seu jeito “descaralhado” de encarar a vida, mas aos poucos se identifica com a sagacidade meio inocente da jovem Erin, com a inteligência de Tiffany e o senso de humor e a bravura surpreendente de KJ. Paper Girls tem o mérito de apresentar o elenco mais forte em estreias de quadrinhos do ano de 2015. É bater os olhos nas falas e se apaixonar para sempre por essas meninas.E a arte de Cliff Chiang? Paper Girls é um verdadeiro festival de sutileza e genialidade. O estilo minimalista de Chiang cria personagens e cenas com um impacto visual marcante onde a regra do “menos é mais” é levada ao seu limite. O visual do elenco de Paper Girls é tão distinto que você vai olhar uma personagem pela primeira vez e aquela imagem vai ficar “iconizada” na tua mente. Repare principalmente nas expressões faciais de cada um dos personagens (mesmo os que aparecem só em um ou dois quadros) nesta edição. Aqueles rostos tem vida, mesmo com a aparente ausência de detalhismo no traço do artista. Enquanto na apresentação geral do elenco o artista parece que economiza nos detalhes, nos cenários e ambientação há um cuidado absurdo para tornar este gibi com o clima de 1988. Desde o modelo das bicicletas até os posters em um dos quartos (“Deu a louca nos monstros” peloamor…), passando pelo estilo das construções e detalhes que só quem viveu aquela época ou vivenciou este tipo de gênero em outras mídias vai se ligar. Ambientação é tudo em Paper Girls. Um trabalho gráfico único. Chiang toma conta do gibi e desde o início já se torna insubstituível aqui.A pergunta mais frequente dos novos leitores sobre os trabalhos de Brian K. Vaughan é: “É tudo isso?”. Em Paper Girls temos um generoso “Sim!” como resposta. Gibi moleque, com ritmo acelerado, clima de aventura adolescente, um elenco que dá vontade de abraçar até esmagar, um mistério a ser desvendado e uma arte que você só encontra aqui. Sem mais. Pare o que está fazendo neste momento e leia a primeira edição. Depois volte aqui e agradeça.

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Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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