Igor Tavares O professor Logan foi dar uma sentadinha no colo de Mefisto. Isso significa que pelo menos uma vaga está aberta no corpo docente da Escola Jean Grey para jovens super dotados. E, depois de Wolverine, quem é o personagem Marvel que tem tempo suficiente para aparecer em mais de 8 títulos por mês? Isso mesmo! O amigão da vizinhança – Homem-Aranha. A pedido do próprio Logan, o Aranha se apresenta à administração da Escola dos X-Men e os convence a começar a trabalhar com os jovens alunos da escola. Esta série mensal estreou em Dezembro de 2014 e vem substituir a HQ Wolverine e os X-Men após os eventos da morte do nanico Canadense. Você não sabia da morte? Então leia aqui.
O roteiro de Elliot Kalan (que também escreve para o Daily Show do apresentador Jon Stewart) é bem leve e tem um tom bastante infantil e descontraído, tendendo para a linha dos Marvel Team-Ups de outrora, o que facilita bastante a leitura e diverte na maioria do tempo. Temos uma premissa aceitável no que a HQ se propõe e alguns
leitores pode sim questionar a decisão de se admitir um professor não mutante para uma escola de mutantes – no entanto o tom da HQ difere muito dos títulos principais dos X-Men (felizmente) atualmente e a justificativa do roteirista é aceitável levando em conta a vibe mais despojada da HQ. Aqui vemos um Homem-Aranha fora de sua zona de conforto tendo que lidar com um bando de adolescentes com sérios problemas disciplinares. O elenco é pequeno e a escolha destes personagens (Ernst, Garoto-Olho, No-Girl, Pedreira, Glob Herman, Hellion e a Garota Tubarão) foi um tiro certo do autor, pois além de serem jovens com personalidades diferenciadas foram mutantes meio que negligenciados durante a fase de Jason Aaron em Wolverine e os X-Men e merecem um pouquinho de atenção. Nas 22 páginas da primeira edição temos a introdução do Professor Aranha, sua primeira aula (incluindo logicamente uma aula na Sala de Perigo) e uma visita ao Museu de história natural que inevitavelmente acaba em um conflito com um vilão meio restolho do Homem-Aranha. Apesar de termos momentos engraçados a história não apresenta nada imperdível pra quem não é fã do Aranha.
A arte de Marco Failla se inspira bastante no traço de ilustradores do Aranha da década de 1990 como Mark Bagley, Erik Larsen e até um pouco de Todd McFarlane. Temos aquele Aranha esguio e mirrado com os grandes olhos brancos em sua máscara. A postura do herói em batalha também lembra muito a movimentação do Cabeça-de-Teia no traço de Bagley – um Aranha mais defensivo e preocupado em não ser atingido do que fazendo poses heróicas. O elenco dos X-Men é bem diversificado e o desenhista faz um ótimo trabalho diferenciando poderes, expressões e maneiras de operar em cada um dos personagens. A colorização de Ian Herring é totalmente “cartoon” com um espectro de cores largo e vivo, uniformes chamativos e brilhantes do jeito que os leitores novinhos gostam.
Homem-Aranha e os X-Men #1 está longe de ser uma estreia arrasadora. Não é uma leitura essencial para fãs de ambas as franquias e provavelmente não é um título que terá uma duração muito longa. A proposta do autor no entanto é sincera e válida e apesar de ter 0% de originalidade, o material é bem executado no que se propõe. Com certeza não é uma leitura das mais empolgantes, mas avaliando a conjuntura atual tanto dos inúmeros títulos dos X-Men quanto os do Homem-Aranha a HQ até que não é das piores.
