Igor Tavares Barbara Gordon acaba de se mudar para a cidade nos arredores de Gotham chamada Burnside, um distrito universitário, meio hipster muito inspirado em Williamsburg no Brooklyn, NY. Esta edição marca a estréia da nova equipe criativa no título formada pelos autores Brenden Fletcher e Cameron Stewart no argumento e a sensacional Babs Tarr na arte.
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Em Batgirl #35 acompanhamos os primeiros dias de Barbara no distrito de Burnside. A HQ começa na mudança da jovem e avança imediatamente para o dia seguinte a festa de 
recepção no apartamento de Barbara. A protagonista, como toda jovem universitária está de ressaca e acaba descobrindo que foi vítima de uma organização criminosa que rouba informações virtuais das pessoas e as expõe sem piedade na internet. A premissa é simples e funciona tanto para re-apresentar o elenco de apoio (incluindo personagens do título Birds of Prey), introduzir novas caras e dar um novo direcionamento para a protagonista. Para a minha surpresa esta edição não se trata de uma ruptura total com os eventos mostrados no run da autora Gail Simone e sim uma consequência dos eventos da encarnação anterior da personagem.
O tom da HQ, tanto no roteiro quanto nos diálogos definitivamente não tem nada a ver com HQs de super-heróis urbanos da linha Batman. Trata-se de um título muito mais despojado, casual, moderno e humano do que qualquer coisa vista nos outros da turma do Morcego (eu leio todos eles). 90% da HQ mostra a vida e os problemas de Barbara Gordon. Batgirl, a justiceira mascarada, é uma pequena parte da história e uma consequência direta dos eventos da festa de recepção. Esse é o charme da HQ, que assim como Gavião Arqueiro, Ms. Marvel e Demolidor na Marvel humaniza ao extremo sua protagonista e a aproxima do público que lê o título de fato.
A arte de Babs Tarr é um espetáculo de simplicidade e bom gosto. A artista prova que anatomia disforme, decotes desumanos, splash pages escandalosas e caras de “piranha emputecida” definitivamente não são o que fazem um bom título com uma protagonisa feminina. Babs nos entrega uma arte limpa, clara e objetiva. As soluções de enquadramento e fotografia de cenas são práticas e extremamente confortáveis pra quem vai sentar no metrô e ler isso no caminho pra casa. O jeito como a artista interpreta a incrível memória fotográfica de Barbara Gordon é genial. As passagens de ação são realistas e impactantes na medida certa e a caracterização do elenco é uma delícia. Muito se falou sobre o novo design da personagem e não irei me alongar aqui sobre o assunto. Só digo o seguinte: A ilustradora prova mais uma vez que é possível ser sexy sem ser vulgar em HQs e nos entrega uma Barbara Gordon apaixonante, real e totalmente relacionável. O figurino é parte integral da trama e todo o visual do elenco de apoio é reflexo da interpretação mais “pé no chão” da desenhista.
Batgirl #35 é uma vitória de sobriedade e foi com imenso prazer que devorei esta edição. Fletcher e Stewart conseguem em 23 páginas mudar radicalmente o tom da HQ, apresentar a personagem para os novos leitores e ainda iniciar e fechar uma história atual, pertinente, cativante e com boa dose de ação e humor. Babs Tarr entra definitivamente para o rol das artistas de HQ mais versáteis e competentes do mercado. Barbara Gordon é humanizada e agora é a nossa melhor amiga, nossa colega de trabalha, nossa irmã, namorada ou colega de classe e é muito bom ler de vez em quando uma HQ com um roteiro cativante e de fácil assimiliação com uma qualidade de execução tão alta como este. Que venha mais Batgirl pois estou apaixonado por esta nova versão.
