Nicolas Cage é figura carimbada nos filmes da TV aberta e é quase impossível alguém que nunca tenha assistido ao seus filmes de ação. Infelizmente ele sofre um forte preconceito e acaba muitas vezes por não ser levado a sério, mas na verdade ele é um ator espetacular que tem papeis insanos, dramáticos e cômicos. Seus ótimos papéis insanos se devem a sua infância, pois sua mãe tinha crises depressivas e portanto ele passava a maior parte do tempo no hospital psiquiátrico.
Nicolas Cage dá tudo de si quando o papel lhe dá liberdade para isso. Se você não gosta de sua atuação, pode ser que você não conhece o ator de verdade. Por isso selecionei alguns dos seus melhores filmes desse operário da sétima arte.
Despedida em Las Vegas (1995)
Dirigido e roteirizado por Mike Figgis e baseado no livro homônimo autobiográfico de John ‘O Brien
Em Los Angeles, Ben Sanderson (Nicolas Cage) é um alcoólatra que perdeu tudo, família, emprego, tudo. Após ser demitido e receber seu acerto, ele decide gastar o máximo em bebidas e ir para Las Vegas para encher a cara até morrer. Em Las Vegas o mesmo conhece Sera (Elisabeth Shue) uma garota de programa, os dois se apaixonam e se aceitam como são. Ben vai morar em sua casa e o longa se centra neste relacionamento entre duas pessoas destruídas.
Tanto Nicolas Cage quanto Shue estão incríveis, e não é para menos, Nicolas Cage se filmava bêbado e visitava alcoólatras hospitalizados para dar o melhor de si na atuação, enquanto Shue entrevistou várias garotas de programa e dançarinas em boates de Striptease em Las Vegas. O longa foi premiadíssimo. Nicolas Cage conseguiu, além de outros, um Oscar por sua atuação.
Adaptação (2003)
Dirigido por Spike Jonze e escrito por Charlie Kaufman e baseado no livro “The Orchid Thief”
Charlie Kaufman (Nicolas Cage) precisa de qualquer maneira adaptar para o cinema o romance “The Orchid Thief”, de Susan Orlean (Meryl Streep). O livro conta a história de John Laroche (Chris Cooper), um fornecedor de plantas que clona orquídeas raras para vendê-las a colecionadores. Porém, além das dificuldades naturais da adaptação de um livro em roteiro de cinema, Charlie precisa lidar com a baixa autoestima, frustração sexual e ainda Donald (Nicolas Cage), seu irmão gêmeo brincalhão que vive como um parasita em sua vida e sonha também se tornar um roteirista.
Um Estranho Vampiro (1988)
Dirigido por Robert Pierman e escrito por Joseph Minion
Em Nova York, Peter Loew (Nicolas Cage) um agente literário deprimido, começa a ficar cada vez mais insano e sádico e aos poucos passa a acreditar que está se tornando um vampiro. Um longa tragicômico a flor da pele em que a atuação de Nicolas Cage chega a ser extremamente teatral. Neste longa, Nicolas Cage se obrigou a comer uma barata para entender melhor o personagem, a cena ainda precisou ser regravada três vezes e quando perguntado pela imprensa sobre o feito, ele disse que todos os músculos da sua boca não queriam fazer isso, mas mesmo assim o fez.
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Obs: o conhecido meme “You don’t say” vem de uma das muitas cenas sádicas entre Peter e sua assistente Alva Restrepo (Maria Conchita Alonso).
Coração Selvagem (1990)
Dirigido e roteirizado por David Lynch e baseado no primeiro livro da série Sailor & Lula de Barry Gifford
“Coração Selvagem” é um longa muito bem construído com diálogos incríveis e personagens cativantes. O filme gira em torno do casal Sailor (Nicolas Cage) e Lula (Laura Dern). Marietta, mãe de Lula, não aprova o relacionamento (por motivos fortemente pessoais) e por isso faz de tudo para impedi-los. Em uma festa um de seus capangas tenta agredir Sailor, pois Marietta conta que o mesmo tentou transar com ela no banheiro, Sailor o mata “na base da pancada” e é preso.
Ao sair da prisão, Sailor passa a viajar com Lula enquanto fogem de Marietta que chega ao ponto de contratar assassinos para ele. Sailor é um personagem com um espírito jovem, rebelde, que acaba por muitas vezes tomando decisões equivocadas por isso mas deixa o longa muito mais animado. As conversas entre o casal são ótimas, Lula é responsável por contar experiências e devaneios surpreendentes. Sailor é viciado em Elvis e Lula tem devaneios sobre “O Mágico De Oz” (1939).
Vivendo No Limite (1999)
Dirigido por Martin Scorsese, roteirizado por Paul Schrader baseado no livro homônimo de Joe Connelly
Frank Pierce (Nicolas Cage) é um paramédico que é constantemente assombrado por alucinações de uma garota que ele não foi capaz de salvar. Pierce está completamente estressado e frustrado, pois não consegue salvar ninguém, ele começa a acreditar que é responsável pelas mortes e por isso tenta ao máximo atender chamados simples e fugir de casos de vida ou morte. O filme conta basicamente uma semana da vida estressante em uma Nova York totalmente frenética e violenta, um longa com a característica marcante de Scorsese (drogas, violência e narrativa). O mais interessante aqui, é como Pierce vai ficando cada vez mais acabado, morto e assiste todos os seus companheiros salvando vidas enquanto se sente como um anjo da morte.
Os Vigaristas (2003)
Dirigido por Ridley Scott, roteirizado por Ted e Nicholas Griffin, baseado no livro “Matchstick Men” de Eric Garcia
Roy Walker (Nicolas Cage) é um especialista na arte do crime. Um estelionatário com TOC, agorafóbico e exímio fumante que Juntamente com seu sócio Frank (Sam Rockwell) engana as pessoas em variados esquemas. A única coisa que consegue controlar Walker são as pílulas e sem elas ele não consegue fazer nada, pois não consegue limpar a casa o suficiente, sair dela ou até mesmo controlar as piscadelas involuntárias e gagueira. Um dia todas elas caem no ralo da pia.
Frank marca uma consulta em um terapeuta para ele para que consiga novas pílulas e então o mesmo acaba se abrindo. Ao se abrir ele pede para o terapeuta ligar para uma ex-namorada que se separou dele quando estava grávida e então acaba conhecendo sua filha, Angela (Alison Lohman) e ela muda sua vida completamente.
Nicolas Cage está realmente incrível e MUITO convincente, nós conseguimos perceber os pequenos detalhes que o sufocam e acabamos também entrando no personagem. Por vezes ele me lembrou Neil Hilborn (famoso pelo poema sobre o amor de um homem com TOC). O filme é muito inteligente, tanto na arte do crime, quanto no cotidiano dos criminosos e tem reviravoltas surpreendentes.
A Outra Face (1997)
Dirigido por John Woo, escrito por Mike Werb e Michael Colleary
Sean Archer (John Travolta), um agente especial do FBI, vê seu filho ser assassinado por balas destinadas a ele, disparadas por Castor Troy (Nicolas Cage), um terrorista lunático. Por seis anos o agente tenta capturá-lo e, quando consegue, descobre que uma grande explosão está para acontecer em Los Angeles por obra do criminoso em conjunto com seu irmão. Archer acredita que Troy está morto, mas o mesmo descobre que o FBI tem o mantido sob cuidados médicos secretamente em um coma induzido.
É proposto a Archer que ele passe por diversas cirurgias a fim de torna-lo parecido com Troy, para enfim trocar de rosto com ele em uma técnica revolucionaria. Sendo esta a única chance e sem poder contar a ninguém, ele o faz. O problema é que Troy sai do coma e toma seu lugar, passando pelo mesmo procedimento, roubando sua vida e assassinando todos que sabiam do segredo.
Cage na verdade tem três personalidades aqui, sendo Archer, Troy e a união dos dois, pois a verdade é que Archer seguiu em sua busca por tanto tempo e de maneira tão exagerada que agora ao olhar no espelho, mesmo não tendo seu rosto ali, ele também se vê.
Vicio Frenetico (2009)
Dirigido por Werner Herzog e escrito por William Finkelstein
Após salvar um prisioneiro de afogamento em decorrência do furacão Katrina, o detetive Terence McDonagh (Nicolas Cage) é promovido a tenente. Com as costas seriamente contundidas, passa a depender de analgésicos para aguentar a dor e por isso mantem sempre uma postura torta. Ele sempre foi um policial corrupto, mas apesar disso, sempre manteve um senso de justiça consigo. Um ano depois está viciado em remédios para dor e cocaína.
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Quando uma família de imigrantes africanos é assassinada, ele é nomeado para o caso e sai à procura do assassino. Mas seu próprio envolvimento em atividades ilegais, compromete seus padrões morais e ameaça colocar a missão em risco formando uma teia de aranha onde ele se deita com deus e o diabo, se mantendo sempre alucinado.
O Sol de Cada Manhã (2005)
Dirigido por Gore Verbinski e escrito por Steve Conrad
David Spritz (Nicolas Cage) trabalha como apresentador da previsão do tempo num canal de televisão de Chicago tendo um relativo sucesso de audiência. Ele tem a grande oportunidade da sua vida quando a produtora de um programa nacional convida-o para um teste na estação. Porém a vida é bem diferente fora das telas, ele é um fracassado, divorciou-se há pouco tempo e não consegue manter uma ligação boa nem com os filhos, nem com o pai, nem com ninguém.
Ele é basicamente um “banana” que é até mesmo alvo de baderneiros nas ruas. Após receber a proposta passa então a tentar resgatar tudo o que perdeu, tomando decisões e tentando fazer acontecer, com o sonho de conquistar a vida perfeita com sua ex-esposa e filhos.
Cidade Dos Anjos (1998)
Dirigido por Brad Silberling, roteirizado por Wim Wenders, Peter Handke, Richard Reitinger e Dana Stevens. Re-make do longa franco-alemão “Asas Do Desejo” (1987)
O filme conta a história do anjo Seth (Nicolas Cage), um dos encarregados de tomar conta de Los Angeles, como um anjo que ajuda na “travessia”. Ele se apaixona pela mortal Maggie, uma cirurgiã que ficou arrasada quando perdeu um paciente durante uma operação. Seth, como um anjo, não sente emoções, mas tem um poder em sua voz e uma presença única. Ao se apaixonar por Maggie começa a refletir sobre a escolha entre nunca sentir medo, fome, frio, nunca morrer e sentir, amar, mentir e ter o direito de decidir tudo na sua vida.
O Senhor Das Armas (2005)
Dirigido, escrito e produzido por Andrew Niccol, co-produzido por Nicolas Cage
Yuri Orlov (Nicolas Cage) é um traficante de armas que realiza negócios nos mais variados locais do planeta. Estando constantemente em perigosas zonas de guerra, Yuri tenta sempre se manter um passo a frente de Jack Valentine (Ethan Hawke), um agente da Interpol, e também de seus concorrentes e até mesmo clientes, entre os quais estão alguns dos mais famosos ditadores do planeta.
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Orlov é um homem astuto, poderoso e inteligente, um excelente representante de um “Deus Da Guerra” que, sem dar um único tiro, mata milhares de pessoas todos os dias. Yuri foi baseado em vários nomes referentes ao contrabando de armas, como Viktor Bout, ex-militar soviético e Sarkis Soghanalian, apelidado como ” Mercador Da Morte”. O nome de Yuri foi baseado em Oleg Orlov, empresario russo suspeito por contrabandear mísseis, preso e assassinado na Ucrânia.
O Capitão Corelli (2001)
Dirigido por John Madden, roteirizado por Shawn Slovo, baseado no livro “O Bandolim de Corelli” de Louis de Bernières
Em 1941, a Itália alia-se à Alemanha para conquistar a Grécia. O capitão italiano Corelli (Nicolas Cage) é destacado para uma pequena ilha grega para tentar manter a ordem. Este adota uma atitude cooperante com os gregos do local e tenta estabelecer laços de confiança. É então que conhece Pelagia (Penélope Cruz) a filha do doutor (John Hurt) da ilha e se apaixona. Corelli é um italiano apaixonado, músico, festivo e divertido, que está sempre com um sorriso no rosto tentando ver o melhor de tudo, tentando encontrar paz na guerra e deixando de lado a guerra em si enquanto se preocupa com as pessoas. O filme quase não trata da guerra propriamente dita, mas sim dos choques entre nações que são obrigadas a conviver entre si.
Engano Mortal (1993)
Dirigido por Christopher Coppola, escrito por Coppola e Nick Vallelonga
Joe Donan, em conjunto com seu pai, são dois vigaristas. Em um de seus planos Joe o mata acidentalmente e ele, antes de morrer, lhe diz que deve encontrar um pertence de seu irmão gêmeo. Joe se aproxima do tio, que também é um golpista, e passa a tentar ganhar sua confiança, mas para isso ele deverá arriscar a sua vida mais uma vez e reviver o passado. Com um tom de filme policial antigo, Engano Mortal é propositalmente feito de forma bem exagerada, chegando ao trash, e também possui um grande plot-twist. Eddie (Nicolas Cage) é o braço direito do tio de Joe e é totalmente “fora da caixinha”, estranho de um jeito totalmente hilário e sinceramente, vale o filme inteiro.
Joe (2013)
Dirigido por David Gordon Green, roteirizado por Gary Hawkins, baseado no livro homônimo de Larry Brown
Joe Ransom (Nicolas Cage) é um ex-presidiário que vive preso ao passado. Afundado na bebida e amargurado com a vida, ele começa a trabalhar em uma madeireira durante o dia, procurando uma vida simples. Durante seu período de trabalho, ele encontra com Gary (Tye Sheridan), um jovem de 15 anos, que procura trabalho desesperadamente para conseguir sustentar sua família, cujo pai é alcoólatra e o espanca, tomando tudo o que ganha.
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Joe decide proteger e cuidar do menino, oferecendo-o um trabalho. Joe é um homem bruto, mas ainda assim direito – do seu jeito – E vai se tornando uma figura paterna para Gary. Ele começa como um personagem descartável, mas vai conquistando o espectador mais e mais conforme vai mostrando seu lado humano, raivoso e até divertido.
Asas da Liberdade (1984)
Dirigido por Alan Parker, roteirizado por Sandy Kroopf, Jack Behr, baseado no livro “Birdy” de William Wharton
Birdy (Matthew Modine) e Al (Nicolas Cage) tornam-se amigos na escola e vão servir o exercito durante a guerra do Vietnã. Birdy sempre possuiu uma fixação perturbadora com aves e suas experiências no Vietnã o empurram ao longo da história para que o mesmo entre num estado de insanidade que o faz acreditar que tenha se tornado um pássaro. Sempre encolhido nos cantos, retorcido como uma ave e sem nunca falar uma palavra, Birdy recebe tratamento em um hospital psiquiátrico.
O médico responsável traz Al para que o mesmo tente fazer com que Birdy volte a realidade. Al passou por uma cirurgia no rosto e precisou colocar uma prótese, mas as suas feridas não são só físicas, mas psicológicas – Fato que ele precisa esconder – Al passa seus dias no quarto com Birdy revivendo suas aventuras com ele e então o filme se baseia principalmente em flashbacks. Este longa é obrigatório, principalmente por Birdy e sua visão para com o mundo na adolescência, Al é o único amigo de Birdy e faz de tudo por ele.
Enquanto adolescente, Al se sentia dono do mundo, enquanto no presente Al está todo acabado e amedrontado. Nicolas Cage chegou a retirar três dentes sem anestesia por esse filme.
Peggy Sue – Seu passado a espera (1986)
Dirigido por Francis Coppola, escrito por Jerry Leichtling e Arlene Sarner
Em 1985, após desmaiar durante uma festa de confraternização, Peggy Sue, uma mulher de 43 anos divorciada volta no tempo, para 1960, época em que conheceu o futuro marido Charlie Bodell (Nicolas Cage). Ela tem então, a chance de transformar o curso de sua vida, decidindo se deveria casar ou não com o namorado de colégio. Charlie é um adolescente fanho que faz o estilo pop da época, com um topete loiro e uma banda – Essa foi a primeira vez em que Nicolas Cage se mostrou um cantor (em Coração Selvagem; O Capitão Corelli e Um Homem De Familia ele também canta), com músicas românticas e R & B.

Relembre outros filmes que merecem estar nessa lista por conta da bela atuação de Nicolas Cage.
Muitos podem dizer que ele deveria escolher papeis melhores, mas o trabalho dele é atuar, e é isso o que ele faz, se não o querem para papéis interessantes por não ser um “galã” ou algo do tipo, o que ele pode fazer? Mas agora as coisas estão melhorando. Há esperanças.
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