Depois do sucesso de “Halloween – A Noite do Terror” (1978) e “Halloween 2 – O Pesadelo Continua” (1981), os produtores e as mentes criativas por trás da agora franquia resolveram dar um passo ousado e fazer o terceiro ato sem os personagens já estabelecidos nos filmes anteriores. E isso revoltou os fãs.
“Halloween 3 – A Noite das Bruxas” é um filme de 1982 dirigido por Tommy Lee Wallace e como já citado acima, não deu continuidade a história dos filmes anteriores da franquia. No lugar, criaram um novo assassino e uma nova história. E minha missão aqui é sair em defesa desse filme incompreendido pelos fãs de terror mundo afora.
Nessa história, nós acompanhamos a jovem Ellie Grimbridge (Stacey Nelkin) em busca de desvendar a horrível morte de seu pai com a ajuda do doutor Challis (Tom Atkins) que o atendeu na noite de seu assassinato.
É impossível que eu defenda esse filme sem que aponte detalhes da trama, então se prepare para alguns spoilers. Caso queira assistir ao filme sem saber de nada, assista antes de ler o resto desse texto.
A Silver Shamrock é uma empresa de brinquedos e artefatos de pegadinhas que passou a criar máscaras para o Dia das Bruxas de forma massificada, se espalhando por todo o Estados Unidos rapidamente. Ellie e Challis percebem que tem algo de muito estranho nessa empresa e decidem investigar, indo até a pequena cidade onde a fábrica se localiza.
Aqui começa um dos trunfos do filme: a atmosfera. “Halloween 3 – A Noite das Bruxas” embarca em uma atmosfera de cidade pequena e mistério que consegue carregar até as cenas mais paradas do filme. Você acha que nada de mais está acontecendo quando na verdade todo o plano de fundo está sendo aprofundado.
Depois de ser capturado pelos agentes que trabalharam para Cochran, o homem por trás da empresa sombria, Challis, descobre os planos reais do homem que parece um vilão do James Bond. As máscaras têm acopladas em seu material um dispositivo que vai ser ativado as nove horas da noite de Halloween, sacrificando assim todas as crianças que foram levadas a comprar as máscaras.
É fácil perceber aqui a crítica do filme aos produtos massificados e ao capitalismo. “Halloween 3 – A Noite das Bruxas” não queria ser mais um produto massificado. Não queria mais uma sequência que faria milhares de dólares com uma fórmula fácil de ser repetida. E esse é o pecado do filme aos olhos de muitos. Tentando ser algo original e único, o filme é visto como uma falha.
As críticas negativas a esse filme se veem muito do que ele devia ter sido em vez de perceber o que ele é. Temos aqui um filme de terror rico em atmosfera e desenvolvimento de mistério, com personagens que são sim canastrões, mas quais grandes filmes dos anos 80 dentro do gênero não são?
Com uma trilha sonora rica composto pelo próprio John Carpenter, criador da franquia, o filme tem facilmente uma das melhores trilhas sonoras do gênero, com um jingle inserido na história que gruda na sua cabeça para o resto do dia. Além disso, a direção de Wallace é bem trabalhada com bons jogos de luzes e construção de tensão em cima de câmeras mais contidas.
“Halloween 3 – A Noite das Bruxas” não é nem de longe um filme de terror perfeito, mas não merece todo o desprezo dos fãs. É uma obra incompreendida em sua essência e descartado por não ser o que era esperado, nunca sendo analisado pelo que ele se propôs a ser. Seu legado é tão desesperador quanto o final do filme, com o herói falhando em sua missão.
Uma coisa é mais que certa: se o filme não fizesse parte da franquia, ou se a franquia tivesse desde o começo se proposto a ser uma antologia conectada apenas pela data comemorativa, “Halloween 3 – A Noite das Bruxas” seria um clássico de terror junto aos grandes da década.
“Halloween 3 – A Noite das Bruxas” está disponível no Prime Video.
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