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O Conto da Princesa Kaguya (2013) | Obra-prima atemporal do Estúdio Ghibli

O Conto da Princesa Kaguya (Kaguyahime no Monogatari) é uma animação de 2013. Dirigida por Isao Takahata (mesmo diretor de Túmulo dos Vagalumes – 1988) co-fundador do Estúdio Ghibli ao lado de Hayao Miyazaki.

Baseada no folclore japonês mais antigo “O Conto do Cortador de Bambu”, uma narrativa popular do século X. A trama “O Conto da Princesa Kaguya” detalha a vida de uma garota misteriosa, encontrada por um humilde lenhador (Sanuki no Miyatsuko) dentro do caule de um bambu brilhante, vestida como uma nobre princesa, do tamanho de um polegar. O lenhador a leva para casa como um presente divino. Quando sua esposa (Nobuko Miyamoto) a pega nos braços. ela se transforma em um lindo bebê humano. Uma menina que cresce e evolui mentalmente mais rápido que o normal.


Devido essas mudanças visíveis, ela é apelidada de “pequeno bambu” pelos seus colegas de vilarejo. Todos percebem que ela não é uma menina comum, mesmo assim a aceitam por inteiro. Seu laço mais forte (além dos pais) é formado com Sutemaru, um rapaz que a salvou de porcos do mato.

Inicialmente conhecemos sua história pós “adoção”, compartilhamos de suas brincadeiras e descobertas enquanto criança de família humilde, cercada por amigos.

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Algum tempo se passa, ela cresce rapidamente. Considerada um presente dos céus, seu pai descobre tesouros na floresta (onde a encontrou) e decide levá-la para capital. Ele deseja torná-la uma verdadeira princesa, ou melhor, acha que os céus desejam que ele faça isso por ela. No começo ela até se empolga com as novas regalias, isso até notar que o pai não permitirá contato seus amigos e que sua vida mudará para sempre.

A menina é nomeada oficialmente princesa de Kaguya, uma bela jovem, educada conforme a tradição. Na cidade, além das roupas e casa nova, ela ganha uma instrutora (Sagami) para moldá-la. Vemos sua relutância em seguir os ensinamentos (tirar os pelos da sobrancelhas, pintar os dentes de preto, aprender a tocar um instrumento). Vemos seu espírito livre sendo engaiolado, uma dura transição para uma vida adulta não desejada por ela, mas sim por seu pai.

O Conto da Princesa Kaguya nos mostra que para ser feliz não é preciso de muito. A ambição do antigo lenhador, acaba por afastar sua filha dos verdadeiros desejos. Na simplicidade das montanhas onde ela morava, se sentia completa e repleta de verdadeiros amigos. No local onde o pai moldou sua vida, o que vemos mesmo é a incrível sede de poder do homem e a infelicidade de sua filha.

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Um banho de empoderamento feminino. Ela toca, canta e se comporta como uma verdadeira princesa, para evitar conflitos, mas não deixa sua liberdade ser completamente roubada. Kaguya designa tarefas aparentemente impossíveis aos homens que chegam a sua porta, tudo isso para tentar evitar o casamento forçado, com um estranho que não ama. O que dá um rumo completamente diferente a trama.

Um dos muitos personagens femininos fortes do estúdio. Esse “conto de fadas” aborda o ponto de vista da princesa. A história é feita de humanidade, tratando temas delicados, tais como: a representatividade da mulher no Japão, os questionamentos sobre a real felicidade, a ambição familiar, o casamento forçado. Tudo isso abordado de uma forma magnífica em deliciosos 137 minutos, que não demoram a passar.

A arte feita e colorida a mão, foi pós-produzida digitalmente. Uma explosão de sentimentos em lápis de cor, carvão e aquarela, do mais simples e imenso bom gosto, dando um ar natural a história. Em alguns momentos (como este) conseguimos captar a brutalidade dos sentimentos de Kaguya.

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A trilha sonora ficou por conta do fantástico Joe Hisaishi, que vimos anteriormente na animação de sucesso Vidas ao Vento. Os dubladores originais são: Aki Asakura, Kengo Kora, Takeo Chii e Nobuko Miyamoto.

Emoções surgem repentinamente em sua tela nesta história atemporal e bem elaborada, que encanta, diverte e emociona seus espectadores, assim como inúmeras outras histórias do Estúdio Ghibli. A animação ficou em primeiro lugar em sua semana de estreia no Japão e conquistou diversos prêmios por onde passou. Indicada ao Oscar de melhor animação em 2015 (perdendo para Operação Big Hero).

O Conto da Princesa Kaguya estreou recentemente no Brasil e está em cartaz em alguns cinemas, ele é distribuído pela California Filmes.

Escrito por Juliane Rodrigues (Exuliane)

Serial killer não praticante, produtora audiovisual de formação e redatora por vocação. Falo sério mas tô brincando no twitter @exuliane

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