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Vizinhos 2 (2016) | Uma comédia de piadas sujas que permeiam entre o correto e o incorreto

Vizinhos (Neighbors), o primeiro filme dirigido por Nicholas Stoller e protagonizado por Seth Rogen, Rose Byrne, Zac Efron e Dave Franco, entrega a mesma premissa para a sua sequência – Vizinhos 2. O novo longa manteve o elenco principal do anterior, e acrescentou Chloë Moretz, Kiersey Clemons, Beanie Feldstein, Selena Gomez entre outras. Em boa parte, uma quantidade significativa de elenco feminino, que é o enfoque desse segundo filme.

Com um novo bebê a caminho, Mac (Seth Rogen) e Kelly Radner (Rose Byrne) decidem vender a casa e mudar-se para o subúrbio, mas para isso acontecer, os interessados na residência têm um prazo de 30 dias para decidir se vão ficar com a casa ou não. É uma espécie de “caução” do aluguel.

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Entretanto, uma nova fraternidade, mais estrondosa que seus antigos vizinhos, assume a casa ao lado justamente nesse período tão importante para o casal. Lideradas por Shelby (Chloë Moretz), as meninas da “Kappa Nu” pretendem mostrar que sabem fazer uma festa bem melhor que os meninos. Como no primeiro filme, o casal vai tentar persuadir as jovens para, nesses 30 dias, não darem festa alguma e depois que esse tempo passar, aí sim, tocar o terror. Mas não é o que acontece. A fim de que a paz na vizinhança seja restaurada e a venda de sua casa concretizada, Mac e Kelly convocam sua arma secreta: Teddy (Zac Efron).

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Vizinhos 2 é uma comédia que traz os mesmos elementos do primeiro filme e algumas novidades que podem ou não agradar o espectador. As novidades estão mais ligadas as questões sociais ou aos momentos importantes da vida de alguém. O desprendimento da tutela dos pais, o casamento homoafetivo, a vida de pós-formado, o desprendimento do início da vida adulta para o pleno amadurecimento e as questões de igualdade de gênero.

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E é nesse ponto que o filme tenta se firmar, além do besteirol americano que é o carro-chefe do anterior. Seth Rogen, Evan Goldberg e Nicholas Stoller contaram uma história que caminha na linha tênue entre a comédia e a crítica social. Ok, essa geralmente é a função de qualquer comédia, criticar aquilo que estamos vivendo e nos colocar sob outro ponto de vista ou tentar rir de si e dos problemas da sociedade. Eles mostram isso de uma forma diferente, ao mesmo tempo que existem as piadas com pênis, drogas, álcool, vibradores e os clichês que eu e você já estamos cansados de ver nas comédias americanas, onde a maior parte do seu elenco é composta por jovens em uma universidade, o roteiro também dialoga com as questões que muitos adolescentes estão vivenciando atualmente.

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Quando Shelby fica sabendo que a fraternidade liderada por Madison (Selena Gomez) não dá festas, pois isso e só nas fraternidades masculinas ou que não podem fumar e nem vestir o que quiser, ou seja, um regimento conservador, ela resolve fundar a sua própria fraternidade, e a chama de “Kappa Nu” (se não me engano, já vi esse nome em outra comédia, mas tudo bem). Essa fraternidade passa a ter a igualdade como combustível para conquistar novos membros e tornar a fraternidade auto-sustentável. Por qual motivo meninas não podem dar festas? Por que elas sempre têm que servir apenas para entretenimento de bêbados e drogados mal intencionados? Por que não podem viver à sua maneira? Essas são algumas das situações que Shelby não quer mais ter que lidar em sua nova “casa”.

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Entretanto, os roteiristas vão além e mostram que os problemas não são apenas estes. Existe também a questão da experiência de vida e como lidar com as responsabilidades e cobranças de uma vida “adulta”. Como lidar com tudo isso quando, até ontem, você vivia sob as asas dos seus pais?

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É nesse ponto que entra o papel de Zac Efron, que também tem um desenvolvimento importante e que vai além das piadas e das cenas sem camisa. Teddy Sanders vive aquele momento onde o melhor amigo está se casando, enquanto ele está formado, o emprego como modelo vivo de uma grande marca não rende o quanto rendia antes e, ele não consegue esquecer os momentos de glória que viveu quando foi líder da “Delta Psi”. É aquele típica situação onde você se sente perdido sem querer se desgrudar do passado, mas ao mesmo tempo tem a obrigação de dar uma continuidade e criar um futuro pra si mesmo.

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Como dar seguimento na própria vida quando você acha que já viveu tudo o que podia viver, e agora sofre as consequências de ter sido tão irresponsável em uma fase importante da sua vida? Como seguir em frente quando você se sente perdido e sozinho? A solução que Nicholas Stoller deu ao personagem funcionou muito bem e seu papel nesse longa em busca das suas próprias respostas, como eu disse lá no início, vai além dos clichês do primeiro filme.

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Quanto ao casal Mac e Kelly, foi a parte menos proveitosa do filme. O que tem de novo entre o casal do primeiro filme e o do segundo? Apenas aquela sensação de que o tempo tem batido à porta e eles não querem abrir. Eles ainda vivem as mesmas piadas e o mesmo jeito bobão de ser, mesmo com uma filha em plena fase de crescimento. De resto, é tudo igual ao primeiro longa.

Vizinhos 2 amplia tudo que aconteceu de bom no primeiro filme, mas peca ao impulsionar as piadas com maconha, pintos e vibradores, garotas com camiseta molhada e a típica festa de calouros e veteranos de fraternidade que tende sempre a ser ligada no nível máximo de intensidade. Porém, o filme acerta quando brinca com algumas situações do cotidiano e filmes que saturaram a mente de qualquer um, vide o caso dos minions, por exemplo, e  acerta também quando tenta dar uma amenizada em tudo que é sujo e incorreto no filme.

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Vizinhos 2 é um filme que permeia entre o politicamente incorreto e o politicamente correto. Eles abordaram muito bem a questão de igualdade de gênero e como os adolescentes estão lidando com esse momento, onde a tendência é se voltar contra os padrões estabelecidos pela sociedade, mas não deixa de falar de outras situações que podem incomodar um ou outro sem a necessidade de exagerar na dose da polêmica transmitida em tela. Você vai perceber que existe muito mais de Seth Rogen no roteiro do que no filme anterior, e também vai se ver rindo de muitas cenas e situações que você achou que no filme não teria a mínima graça.

Além de todas as bobagens e idiotices, Vizinhos 2 é um ótimo filme. Ele me fez rir em muitos momentos e se isso aconteceu, o filme já valeu.


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Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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