Charlie Grandchamp Prepare-se para ser surpreendido…
A nova série da USA, estrelada por Rami Malek, é tudo o que faltava na televisão. Criada por Sam Esmail, “Mr.
Robot” é um suspense psicológico de encher os olhos e perturbar o intelecto.
A história é contada pelo ponto de vista de Elliot, personagem de Malek. Ele narra seus pensamentos e, assim, acompanhamos o desenvolvimento da trama. Elliot é um programador genial que trabalha para uma empresa de segurança cibernética – pelo menos, durante o dia. Quando chega a noite, ele age como um hacker vigilante. Por toda sua vida, Elliot teve problemas em lidar com o mundo à sua volta, devido ao seu transtorno de personalidade antissocial, mas tudo muda quando precisa lidar com uma invasão de sistema como nunca tinha visto antes. Ele logo descobre que esse hack, na verdade, é apenas uma pequena parte de um plano muito maior, arquitetado, aparentemente, pelo misterioso Mr. Robot (Christian Slater).
É difícil, se não impossível, falar sobre a trama de Mr. Robot sem jogar spoilers, mas vou me esforçar. Não quero arruinar o prazer de ninguém ao assistir e, acreditem, você quer assistir essa série.
Um bom episódio piloto deve intrigar, deixar o público querendo mais, deve despertar a curiosidade sobre o rumo que a trama irá tomar e, ao mesmo tempo, mostrar alguns caminhos que levarão até lá. Mr. Robot não é pretensiosa, mas abre um leque de possibilidades e apresenta capacidade de se tornar uma das narrativas mais interessantes dos últimos tempos.
O público é levado a questionar o que está vendo – se é realidade ou não – devido ao problema psicológico do protagonista. Uma vibe Clube da Luta parece emanar da história, mas posso estar enganada. Faz apenas parte da minha teoria. Acompanhar a história toda pelo ponto de vista de apenas um personagem influencia muito o que pode ou não estar realmente acontecendo.
Estamos falando aqui de uma trama envolvendo hackers e o universo cibernético no que acredito ser uma das melhores representações da atividade. Em momento algum você se pega pensando que aquilo parece baboseira. Não tenho experiência com linhas de códigos, mas tudo pareceu muito palpável e crível. É uma história sobre teorias de conspiração, como a sociedade é moldada pelas corporações, como você publica toda sua vida online e como você está o tempo todo sendo controlado.
Outro ponto importante é fotografia da série. Os ângulos, as escolhas de imagens, o tempo… Tudo parece maravilhoso demais e enche os olhos de maneira que apenas o cinema parecia conseguir. Isso é um reflexo natural do quanto a qualidade televisiva, no quesito técnico, está melhorando. Esta não é a única série a ter esse trabalho impecável de imagem.
Todos os personagens são intrigantes e, apesar de talvez serem uma representação errada do que realmente são, já que é o ponto de vista que Elliot vê, são todos interessantes. O misterioso Mr. Robot, por exemplo, não tem praticamente nada revelado sobre o personagem e ainda assim, consegue comprar o público. A atuação de Malek como Elliot é excelente, é possível sentir a estranheza do personagem.
Em suma, o primeiro episódio de Mr. Robot é um piloto fora do comum, com uma produção impecável e um roteiro envolvente, que promete contar uma história espetacular. É difícil julgar uma série cuja proposta é tão densa apenas pelo seu piloto, mas se continuar como começou, teremos um novo marco na televisão americana.
Assista o trailer:
A série terá 10 episódios em sua primeira temporada, e tem estreia prevista para o dia 24 de junho, nos EUA. Não há previsão de estreia no Brasil.
Gostou? Tem mais:
