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El Club De Los Incomprendidos (2014) | Amizades, amores e os clichês da “Sessão da Tarde”

Começar essa resenha falando de clichê pode parecer algo ruim, mas acredite, não é. Eu sou apaixonado por clichês do cinema e um dia eu quero divagar sobre essa paixão em um artigo especial. Mas hoje vamos falar sim de clichê e também de cinema, porém não será de um modo geral e sim em um filme espanhol.

Tirando os filmes de Pedro Almodóvar eu raramente assisto um filme espanhol, isso não tem nada a ver com gostar ou não gostar, mas sim, com a falta de conhecimento que tenho do cinema hispânico. Como qualquer reles mortal que tem um pouco de tempo livre e uma conta no Netflix, eu estava escolhendo alguma coisa leve para assistir quando me deparei “El Club De Los Incomprendidos” ou “Clube Dos Incompreendidos“, no Brasil. Um filme que eu não dava nada, mas que depois me surpreendeu, me conquistou e até me emocionou. EMOtivo que sou, sempre me emociono com filmes que abordam laços de amizade e companheirismo com uma certa dose de resignação e exclusão dos protagonistas por parte da sociedade de um modo geral.

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El Club De Los Incomprendidos é uma adaptação do best seller “Blue Jeans – Bom Dia, Princesa“, do escritor Francisco de Paula, lançado no Brasil pela Editora Planeta. O livro conta a história de seis jovens com personalidades diferentes, mas que carregavam uma coisa em comum: frequentar um grupo de terapia escolar. No livro e no filme foi tratado assim, mas se fosse um filme de Hollywood, com certeza seria aquelas salas de detenção que eles tem dentro das escolas. Com o passar dos dias esses seis jovens vão se conhecendo e criando vínculos e laços que vão ficar ligados para sempre. Mas o motivo que os unem logo de cara, é a questão de todos se acharem incompreendidos seja pelos seus pais, amigos, namorados, colegas de classe, sociedade e etc. Assim, nasce “O Clube Dos Incompreendidos“, um lugar onde todos eles se sentem seguros, fortes, unidos e, claro, compreendidos.

el-club-de-los-incomprendidos-2014-amizades-amores-e-os-cliches-da-sessao-da-tarde5A adaptação cinematográfica de El Club De Los Incomprendidos é o primeiro trabalho de Carlos Sedes como cineasta, antes disso ele dirigiu séries para a televisão. A história do longa parte do ponto de vista da mudança da protagonista Valeria (Charlotte Vega) para Madrid por causa da separação dos seus pais. Ela passa pelo processo de mudar de cidade, de deixar amigos no lugar que passou toda a sua vida e ao ser mudar, percebe que terá que refazer sua vida do zero, criar raízes em um novo lugar, conhecer novas pessoas e fazer novos amigos. Após se meter em uma briga no primeiro dia de aula, Valeria é obrigada a frequentar o grupo de terapia da escola, onde conhece as outras cincos pessoas que tiveram problemas na escola e por isso também estão lá. Aparentemente, é um mal começo para Val, porém, ela acaba descobrindo que essa pode ter sido uma das melhores coisas que aconteceu na sua vida.

El Club De Los Incomprendidos vai percorrer todos os clichês possíveis sobre filmes com jovens e seus dilemas da adolescência. Logo de cara você vai lembrar de alguns filmes que passavam na “Sessão da Tarde” e você cansou de assistir. Mas o que mais vai ficar em evidência é “Clube dos Cinco (The Breakfast Club)“, esse filme bebe muito da fonte do clássico dos anos 1980 de John Hughes. Mas além desse, temos fortes influências de outro filme de Hughes da mesma época, “Gatinha e Gatões“, que foi lançado um ano antes de Clube dos Cinco. E para finalizar, por que não falar também de relações com “Namorada de aluguel” de Steve Rash?

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Pois é, El Club De Los Incompreendidos tem fortes influências de longas que fizeram a cabeça da moçada nos anos 80. E por mais que pareça bem bobo num primeiro momento, o espanhol Carlos Sedes preparou boas surpresas e reviravoltas. Você vai lembrar de muitos momentos que viveu em sua adolescência ou de dilemas de ter um amigo ou amiga apaixonado pela mesma pessoa que você ou em casos como o de gostar muito de alguém mas não saber como contar isso para ele ou ela. Sedes soube trazer, ainda que de forma infantil e por vezes boba, o drama adolescente tão corriqueiro na vida de muitos jovenzinhos.

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Cenas clássicas como a trombada do garoto mais bonito da escola com a novata, ambos se odiarem no começo, mas depois morrerem de paixão um pelo outro. Temos o caso da garota que se apaixona pelo cara mais velho e acaba tendo consequências bem graves e ruins por isso. Temos o bobão “geek” meio estranho, mas engraçado e desengonçado ao mesmo tempo, que passa o dia jogando videogame, mas que ao mesmo tempo é emotivo e um doce de pessoa. Tem também a garota mais popular da escola que sai com caras badass e que tem um medo danado da rejeição, a garota estranha, tímida e de poucas palavras, que escreve anonimamente para um blog suas mais variadas histórias de amor ou fala de sonhos e anseios da sua juventude. Enfim, temos uma mescla de vários tipos de jovens com suas personalidades e desejos à flor da pele, com seus anseios e medos, com seus problemas e dilemas, muitos que eu já passei na vida e se você que está lendo é um adolescente vai passar também.

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El Club De Los Incomprendidos tem como pano de fundo a bela capital espanhola, Madrid, e o bacana de ter sido rodado lá, é que você conhece muitos lugares bonitos da cidade e foge dos cenários batidos dos filmes de  high school americanos. Os planos de câmera e a fotografia do filme é um charme a parte. A cada emoção do filme a tonalidade das cenas vai modificando, o longa, em sua maioria, tem um tom alegre e com cores marcantes sejam elas do figurino dos personagens ou das locações usadas para rodar cada tomada. Não chega a ser as “Cores de Almodóvar”, mas carrega uma certa influência desse diretor espanhol tão aclamado no mundo.

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Já a trilha sonora me decepcionou um pouco, pois por ser um filme espanhol poderia muito bem aproveitar muitas musicas de artistas locais, mas preferiram as velhas e batidas musicas de temas de comédias românticas adolescentes. E outra coisa, não finalizaram o filme tocando alguma musica daquele grupo que fez muito sucesso nos anos 2000, The Calling. Isso foi meio inadmissível, depois de ver tanto clichê e não terminar o filme com um que casaria tão bem com a proposta,  foi um grande ERRO!

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El Club De Los Incompreendidos é um filme bonitinho sobre amizade, sobre valores, sobre amores, vínculos e laços criados na adolescência. Sobre dilemas da vida pré-adulta, sobre companheirismo e acima de tudo, sobre compreensão. Apesar de uma proposta leve e piegas em alguns momentos, a película tem ganhos significantes em suas reviravoltas e na sua capacidade de surpreender e cativar o espectador. Se você estiver um dia de bobeira pegue esse filme para ver no Netflix, garanto que você não vai ser arrepender. E digo mais, pode ser até um filme para descontrair numa noite de reunião com amigos ou para ver com o seu crush numa tarde de domingo.

E VIVA o clichê do cinema!

Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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