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HQ do Dia | Novo Capitão América #1

Desde sua chegada ao título do Sentinela da Liberdade em 2012 o autor Rick Remender vem plantando as sementes de novos rumos para Steve Rogers. Sua longa e dramática estadia na Dimensão Z. Sua relação com Jet Black e Ian. O destino de Sharon Carter. O conflito com o Prego de Ferro. No entanto, após seu retorno dos tormentos no mundo de Arnim Zola um dos aspectos mais marcantes no título foi presença de Sam Wilson como parte integral do elenco de apoio. Tudo isso e outros fatores que não valem o spoiler nos levam a estréia do novo Capitão América no dia de hoje.

Como todos sabem, Sam Wilson, ex-Falcão e um dos mais leais aliados do Homem-Bandeira é designado na derradeira edição do volume anterior de Capitão América (Edição #25) para assumir a persona e o escudo do Sentinela da Liberdade. Nesta edição temos uma apresentação completa tanto do novo Capitão América e seu elenco de apoio quanto do próprio Wilson, que tem suas origens e perrengues de infância mostrados em flashbacks curtos. Além disso a HQ re-introduz (pela octogésima vez, temos que ser francos) a Hydra Clássica e meio que realinha o foco antagônico deste título com o que foi visto principalmente no segundo filme do Capitão – O Soldado Invernal.

Remender escreve um roteiro bem reto e não cai em armadilhas. O escritor dá uma leve pincelada no passado de Sam Wilson, sem dar muito espaço para oHQ do Dia | Novo Capitão América #1 melodrama e usa a quantidade exata de cenas desse tipo para contextualizar sem entediar. Logo em seguida vemos a hilária situação atual de Steve Rogers enquanto Sam protagoniza um assalto a uma base genérica da Hydra nos presenteando com cenas de ação bem diferentes do que se espera de uma HQ do Capitão América. O autor ainda apresenta o novo Nômade, na figura de Ian Rogers e a relação entre este e o novo Capitão  já começa a ser desenvolvida de forma bem interessante. Os diálogos são precisos e as vozes dos personagens são cuidadosamente trabalhadas para se diferenciar entre si. Há uma boa dose de humor na revista, o que é revigorante tendo em vista o último arco do volume anterior que foi bem sério.

O novo Capitão América obviamente tem um visual, conjunto de habilidades, estilo de movimentação e combate completamente diferentes do antigo e é aí que entra a parte mais importante dessa estreia: a arte de Stuart Immonen e Wade Von Grawbadger. A dupla de artistas já consagrada no mercado (Grawbadger [eu adoro escrever esse sobrenome] recentemente recebeu um Harvey por melhor finalização em seu trabalho nos X-Men) nos presenteia com uma das estreias mais explosivas do ano em termos de arte. A caracterização do Sentinela da Liberdade e de todo o elenco da revista é soberba pra dizer o mínimo. Impossível não admirar as splash pages desenhadas por esses dois sujeitos e impossível não se empolgar vendo o novo “Capitas” voando e enfiando a porrada nos jagunços da Hydra acompanhado por seu indefectível mascote, Asa Vermelha (É!). As asas e o escudo funcionam muito bem visualmente (apesar de na prática eu achar que deve ser muito confuso conciliar os dois). Os quadros sobrepostos usados em quase que todas as páginas dão o dinamismo que esta nova encarnação precisa e a verticalização das cenas de ação é a palavra de ordem aqui. Os desenhos fazem um ótimo trabalho mostrando que este Capitão ainda tem muito a aprender e que não luta com a mesma graça ou desenvoltura física de seu predecessor. Isso é um aspecto muito importante desta edição e reforça os laços entre Sam Wilson e Ian Rogers.

Avaliando friamente, o roteiro de Capitão América #1 é óbvio, previsível e não tem diferença alguma entre o primeiro ato de qualquer filme ou HQ de ação que você já leu. É aquela receita de bolo: Está lá a apresentação do elenco mostrando a motivação dos personagens, seus dilemas e o que eles tem a oferecer a história em termos de bagagem. Está lá a apresentação de uma nova ameaça (velha no caso) e dos antagonistas que impedirão este elenco de alcançar seus objetivos. E está lá o cliffhanger final mostrando que o buraco é muito mais embaixo. Portanto, se você está esperando algo muito original em termos de roteiro esta não é uma boa pedida. No entanto, no feijão com arroz que se propõe, Rick Remender entrega uma bela de uma feijoada: Temos uma edição de estreia extremamente consistente. Temos um roteiro que dá um background muito bonito e muito digno para seu protagonista ao mesmo tempo que não entedia o leitor com muita ladainha. Temos cenas de ação especificamente escritas para os personagens aqui retratados, mostrando um Capitão América que atua de forma bem diferente de seu antecessor no campo de batalha. Temos a introdução de vilões clássicos do protagonista, o que sempre agrada os fãs. E temos um elenco de apoio totalmente diferente do que normalmente se vê neste título. O roteirista brinca com inversão de papéis a todo o momento aqui e até o que já está invertido em outra cena se reverte novamente (só lendo pra entender mesmo essa explicação tosca). A equipe de arte por sua vez faz um trabalho primoroso nesta primeira edição e apesar de perdermos a figura canônica de Steve Rogers, ganhamos um Capitão com uma presença visual marcante, diferente e inesquecível daqui para frente. Então, o saldo em Capitão América #1 vai depender da sua disposição em apreciar este novo rumo para o personagem. Se você torceu o nariz para a mudança, este roteiro talvez não seja suficiente para te fazer embarcar no título. Agora se você acha que a elevação do status de Sam Wilson de sidekick para protagonista principal foi uma ideia bacana vai se divertir bastante lendo esta estreia.

LEIA MINHA ÚLTIMA RESENHA: HQ do Dia | Liga da Justiça #35

Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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