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HQ do Dia | Klarion #1

Klarion é um personagem bem antigo da DC Comics criado em 1973 por Jack Kirby e inicialmente introduzido na edição número 7 de Etrigan. Durante a história da editora Klarion teve duas versões muito marcantes: A primeira se deu em Justiça Jovem escrita por Peter David em 2000. A segunda na série Sete Soldados da Vitória escrita por Grant Morrison e lançada em 2005. Klarion é um menino meio demônio, meio bruxo que habita um mundo onde todos os habitantes são praticantes de magia. Nesta versão recentemente escrita por Ann Nocenti, devido sua natureza rebelde, Klarion foge pelo Multiverso e chega onde? Isso mesmo. Nova York, na Terra (e quem vai culpá-lo?).

A escritora faz um trabalho bem interessante introduzindo um personagem relativamente obscuro e dando ritmo a trama mesmo sem uma estrutura muito bem definida naKlarion_1 primeira edição. A intenção do garoto aqui é meio que se perder pelo Multiverso e aprender um pouco com experiências novas. Essa sensação a autora consegue transmitir muito bem através dos diálogos casuais entre o protagonista e o resto do elenco e do fluxo narrativo que é bem solto. O problema é que essa falta de objetivo e narrativa um pouco solta demais podem alienar leitores que precisam de uma certa estrutura para apreciar histórias em quadrinhos. Algumas coisas naturalmente não tem explicação na primeira edição de Klarion e você tem todo o direito de não gostar disso. De qualquer maneira a estrutura despojada e o foco no lado mais mágico e louco do Multiverso DC tem tudo para agradar leitores que tenham uma mente um pouco mais aberta a novas experiências. É claro que a estrutura da trama precisa ser um pouco mais “amarrada” e ter algum foco nas próximas edições, mas como estreia acho que esta revista tem potencial de agradar e captar alguma audiência.

A arte em Klarion é de Trevor McCarthy e o ilustrador faz um trabalho excelente desde as primeiras páginas até seu final. A caracterização de Klarion abraça sua natureza esquisita mesmo. Apesar da natural atualização do personagem não temos uma versão “hipster cool” do menino aqui. Klarion é intencionalmente “uncool” nesta primeira edição. Ele veio de outra dimensão, então suas roupas são esquisitas, seu corte de cabelo é questionável e até a cor de sua pele é alvo de críticas pelo elenco de apoio. Isso é um ponto extremamente positivo atualmente em um universo em que uma simples cueca para fora da calça é alvo de críticas. O enquadramento, cenários e fotografia desta edição refletem perfeitamente a loucura planejada pela roteirista e são parte integral da insanidade proposta. Então temos aquelas splash pages com diagramação sinuosa, muitas vezes assumindo formas espirais, circulares e cheias de referências ao ambiente em que o personagem se encontra naquele momento. Durante sua viagem pelo Multiverso os quadros assumem uma forma, em um cenário fechado o enquadramento acompanha o roteiro e assume uma forma diferente. Muito bacana o trabalho de arte aqui.

Klarion é um título intrigante. A primeira edição tem sim seus defeitos. Alguns diálogos soam desconjuntados e sem propósito para o fluxo da história, personagens vem e vão e tomam algumas atitudes sem muita explicação racional, a própria contextualização e apresentação de Nova York é um pouco confusa e você realmente não tem certeza em que Terra do Multiverso tudo se passa de fato. No entanto, essa quebra de formato por mais que seja feita meio aos trancos e barrancos, acaba sendo o charme da estreia do personagem nos Novos 52. A todo o momento da leitura tenho a impressão que Ann Nocenti teve uma ideia e saiu escrevendo o roteiro para esta primeira edição todo de uma vez sem se preocupar muito com nada a seu redor. Isso ao mesmo tempo que lembra um pouco a estrutura narrativa dos quadrinhos de outrora, pode irritar os leitores que preferem uma história mais estruturada. A arte de Trevor McCarthy é perfeita para este título, diferente da autora, o ilustrador não se perde em momento algum e entrega 23 páginas de pura loucura. Design de personagens impecável, cenários caprichados e uma fotografia e enquadramento imersivos o suficiente pra nos fazer ignorar algumas escorregadas no roteiro. Apesar de claros defeitos, uma leitura que provavelmente vai atrair muita gente para a segunda edição.

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Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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