Igor Tavares Em Março de 2016 a Marvel celebra 75 anos de um de seus maiores ícones, o Capitão América. Com isso a editora planejou sua primeira saga do ano como um evento comemorativo celebrando os 75 anos do Sentinela da Liberdade. “Avengers Standoff” começou no mês passado com o prólogo “Welcome to Pleasant Hill” (já resenhado aqui) e é um evento que reúne todas as equipes atuais dos Vingadores, muitos vilões clássicos da mitologia do Capitão, além de 3 dos personagens mais importantes que já vestiram o manto do Capitão: James Buchanan Barnes, Sam Wilson e o próprio Steve Rogers logicamente. “Standoff” toma de assalto todas as publicações dos Vingadores em Março e Abril deste ano, além de títulos como “Agents of S.H.I.E.L.D.”; “Illuminati”; “Howling Comandos” e, é claro “Captain America: Sam Wilson”.
Apesar do prólogo elucidar várias questões acerca da premissa criada pelo autor Nick Spencer para o evento, o pontapé inicial da saga é dado aqui nesta edição Alpha e a história prossegue nos títulos descritos segundo o checklist abaixo.
O roteiro de Nick Spencer nesta edição Alpha é um misto de thriller de conspiração e ficção com trama clássica de super heróis da década de 1980. O roteirista descreve com precisão e rapidez a situação de cada um dos 3 protagonistas da saga (Bucky, Steve Rogers e Sam Wilson) no contexto atual da Marvel sem sufocar a leitura com exposição demasiada. Alternando entre 2 ou 3 núcleos narrativos distintos, Spencer tornar as 37 páginas deste gibi uma leitura fluída e cativante. Os 3 “Capitães” por assim dizer, se encontram em posições diametralmente opostas atualmente e o roteiro de Spencer os faz convergir para um objetivo comum evocando questões de natureza carcerária (em relação aos supervilões Marvel), mas sem muito “nhé nhé nhé” filosófico. O resultado é uma trama que coloca a S.H.I.E.L.D. e principalmente sua diretora Maria Hill como os grandes arquitetos de uma catástrofe vindoura. Aquele velho mote da S.H.I.E.L.D. usando artefatos que não tem total controle sobre é usado aqui como artifício central e alicerce da cidadezinha de Pleasant Hill, portanto, se você está cansado do tema é provável que não leve muito a sério esta premissa. Em termos de execução de roteiro e diálogos, Nick Spencer é certeiro. O ritmo de leitura é ótimo, os personagens tem vozes distintas e são bem caracterizados e excluindo o excesso de sarcasmo por parte de Maria Hill (que parece mais um Tony Stark de tanta alfinetada em Steve Rogers), todo o elenco tem sua personalidade muito bem retratada.
A arte nesta edição Alpha é de Jesus Saiz e não há uma reclamação que possa ser feita em relação ao trabalho deste sujeito. Desde as cenas de ação envolvendo Bucky, Sam Wilson e a S.H.IE.L.D. até as discussões acaloradas de Steve Rogers com Maria Hill, tudo funciona visualmente. A caracterização do elenco é icônica e clássica como deve ser e a ambientação de Pleasant Hill tem a artificialidade e o clima de conto de fadas digno de um gibi de Archie e seus amiguinhos. Saiz é um artista completo e nesta edição exercita tantos seus músculos criativos em cenas de ação heroicas quanto seus dotes para impressionantes expressões corporais e faciais neste elenco.
“Assault on Pleasant Hill Alpha” sai muito melhor que a encomenda. Apesar da premissa da saga cair na conta da S.H.I.E.L.D. logo de cara, Nick Spencer consegue misturar ficção super heroica e trama trama de espionagem e de quebra ainda fazer alguns comentários sobre segurança nacional e vazamentos ilegais de informações sem sufocar o leitor com qualquer tipo de propaganda acerca disso ou daquilo. Diálogos muito divertidos, variação dinâmica entre núcleos narrativos, bom tempo de comédia e uma arte digna de 75 anos do Capitão América fazem deste início de saga uma leitura empolgante para os fãs do Sentinela da Liberdade e dão a entender que a celebração de seu aniversário pode se tornar uma interessante jornada para os fãs do personagem e da Marvel.
