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Filmes proibidos e suas histórias polêmicas – Parte 1

Nas revistas, nos jornais, na TV ou no cinema, nada melhor do que uma polêmica para tornar algo interessante. Os filmes estão cheios delas! Antigos ou atuais, coloridos ou em preto e branco.  Quando se trata de história do cinema muita coisa fica escondida pela censura. Por isso, resolvi listar filmes proibidos e suas histórias polêmicas por aqui. Confira agora a primeira parte da matéria que vai  fazer você querer assistir todos da lista, e quem sabe até procurar saber mais sobre o lado oculto do cinema.

O primeiro filme da lista, é também a primeira polêmica do cinema. Para seguir uma linha do tempo.

Em 1986, The Kiss foi considerado obsceno demais para o público:

The Kiss (1886) – Thomas Edison & William Heise

Filmes proibidos e polêmicos 1

Contendo apenas um minuto, com um beijo técnico entre os atores. Isso mesmo, só um minuto! Claro que hoje em dia ele pode ser considerados um dos mais puros do cinema – tendo em vista que existem filmes com sexo explícito nas telonas.

Já em 1915, surge O nascimento de uma nação, considerado um dos filmes mais racistas já criado:

O Nascimento de uma nação (1915) – D.W. Griffith

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Dois irmãos da família Stoneman visitam os Cameron em Piedmont, Carolina do Sul. Esta amizade é afetada pela a Guerra Civil, pois os Cameron se alistam no exército Confederado enquanto os Stoneman se unem às forças da União. São retratadas as consequências da guerra na vida destas duas famílias e as conexões com os principiais acontecimentos históricos, como o crescimento da Guerra da Secessão, o assassinato de Lincoln e o nascimento da Ku Klux Klan.

Em 1932, a obra original que inspirou um dos remakes mais queridinhos do cinema, Scarface, foi criticada por tratar de um assunto delicado demais para a época: o crime organizado.

 Scarface – A vergonha de uma nação (1932) – Howard Hawks

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Tony “Scarface” Camonte (Paul Muni) trabalha para Johnny Lovo (Osgood Perkins), um ambicioso gângster que deseja criar um império do crime em Chicago. Baseado na vida de Al Capone, “Scarface” revive um dos maiores e poderosos gângsters de todos os tempos, aplaudido, na época, pelo próprio Capone.

No mesmo ano, o filme Monstros, foi criticado por exibir pessoas deformadas. Baita preconceito, diga-se de passagem:

Monstros (1932) – Tod Browning

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Sob a direção de Tod Browning, “Freaks” é um cult clássico de 1932 que abalou a sociedade da época, foi rejeitado, trancafiado e somente após 30 anos, na década de 60, que foi posto a mostra no mundo todo, em exibições de cinemas sujos e festivais amadores. O motivo de tanta polêmica e rejeição está na essência da trama, nas críticas e nos personagens incomuns.

Em 1935, o filme O Triunfo da vontade, fez apologia ao nazismo:

O Triunfo da vontade (1935) – Leni Riefenstahl

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O congresso Nacional-Socialista alemão de 1934 é documentado de maneira impressionante pela cineasta Leni Riefenstahl. No início, um bimotor desce dos céus, Adolf Hitler sai sorridente e é ovacionado pela multidão. Tudo é gigantesco: são paradas, desfiles monumentais e discursos para um público vibrando. Um espetáculo cinematográfico hipnótico que retrata, com imagens fortes, o regime nazista. Leni Riefenstahl – Cineasta oficial do partido Nazista, ao qual nunca se filiou, e que dispôs de grandes recursos para realizar este documentário e criar efeitos grandiosos.

Ela dirigiu também Olimpíadas (Olympia), sobre os jogos Olímpicos de 36, em Berlim, cidade onde nasceu. Uma artista completa, Leni era bailarina, atriz e sabia dirigir, editar, produzir e escrever. Trabalhou com foto-jornalismo durante a Segunda Guerra Mundial e foi presa pelos aliados e acusada de fazer propaganda nazista. Desde 52, quando foi inocentada, tem colocado novamente seu grande talento e criatividade a serviço do jornalismo.

Já em 1956, o filme Baby Doll, conhecido como Boneca de carne, foi criticado pela igreja católica pela cobiça a mulher do próximo:

Boneca de carne (1956) – Elia Kazan

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Archie Lee Meighan (Karl Malden) é um homem de meia idade que é proprietário de uma descaroçadeira de algodão. Archie espera ansiosamente o 20º aniversário de sua mulher, pois nesta data poderá, segundo um trato entre o casal, “consumar” o casamento. Entretanto seu rival comercial, que teve sua descaroçadeira destruída em um incêndio, suspeita que Archie é o responsável pelo incêndio e decide conseguir provas que o incriminem, utilizando a jovem mulher dele.

Em 1961, Meu passado me condena, um filme que tratava de homossexualidade e chantagem, foi considerado imoral:

Meu passado me condena (1961) – Basil Dearden

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Um dos primeiros filmes a falar abertamente sobre homossexualidade. Com a impressionante característica de que, na época, homossexualidade era crime na Grã-Bretanha, crime que dava cadeia, e era considerado tão grave quanto assalto. E ainda chamado de homossexualismo, caracterizado como doença. No longa, o jovem Jack Barrett (Peter McEnery) é preso pela polícia sob a acusação de ter furtado uma quantia em dinheiro da firma para qual trabalhava. Com ele, as autoridades encontram um álbum de recortes de jornal sobre o advogado Melville Farr (Dirk Bogarde), profissional respeitado no meio jurídico e que está prestes a obter uma indicação para integrar o Conselho da Rainha. A investigação fará com que Farr se envolva numa rede de chantagistas contra homossexuais, prática considerada criminosa pela lei inglesa.

No ano de 1962, Lolita, o clássico de Kubrick, baseado em uma obra considerada apologia à pedofilia, foi motivo de alvoroço pelos conservadores. E para encerrar a primeira parte da matéria com chave de ouro (ou de cadeia) fique agora com a história de Lolita:

Lolita (1962) – Stanley Kubrick

Filmes proibidos e polêmicos

Adaptado do romance lançado em 1955, Lolita causou uma forte impressão desde seu lançamento, pela forma do autor escrever, e pelo desafio à moral e bons costumes da época. Se não fosse o talento de Vladimir Nabokov, o livro poderia se tornar um romance pornográfico e fetichista, ou pior, acabar como um decadente elogio à pedofilia, como muita gente ainda afirma que é.

H.H. é o único narrador da história que não deixou isso explícito, ao menos para todos. Ler seu relato é se colocar na sua pele apaixonada, e até doentia. Inicialmente, o autor tentou publicar sob o pseudônimo de “Vivian Darkbloom”, mas vários editores recusaram o manuscrito, e o livro saiu com o nome real do autor, com cinco mil cópias, que foram vendidas tão rapidamente quanto se espalharam pela Europa.

O jornalista John Gordon escreveu no Sunday Express, jornal londrino, que o livro era “o mais pervertido que já havia lido”, e sua voz encontrou as ruas e a atenção dos conservadores. Um ano após receber o livro sobre a suposta ninfeta, a França o baniu por 2 anos. E a polêmica já tinha ocupado os tabloides por todo mundo. Assim, quando a G.P. Putnam’s Sons publicou o livro nos Estados Unidos (em 18 de agosto de 1958) as vendas foram enormes. Lolita foi o primeiro livro, depois de “E o vento levou” a vender 100 mil cópias nas primeiras 3 semanas. Poucos dias após seu lançamento, já se encontrava na 3ª edição e apesar do livro ocupar o centro dos debates literários, psicológicos e morais no país, nunca foi proibido nos Estados Unidos. Lolita ganhou o mundo. Só em português existem 3  traduções. Dentre as mais atrasadas, a China só liberou Lolita de qualquer censura em 2006.

O livro também ganhou duas adaptações para o cinema, que conversaram longamente com a censura. A primeira delas, de Stanley Kubrick em 1962, foi a mais prejudicada. O filme sofreu uma repaginada pelos conservadores, e apesar de não ser o maior destaque na filmografia de Kubrick, é um clássico.  A versão de 1997, de Adrian Lyne, foi muito mais livre e deu um ar extra a Lolita, 20 anos após a morte de Nabokov.

A obsessiva e complexa paixão de um homem por uma menina precoce, que ganhou o mundo com óculos em forma de coração, e se enraizou na cultura pop.  É tudo sobre Lolita, como diria H.H em seu relato.

Espero que tenha gostado dessa primeira parte da matéria. Não se esqueça de conferir a segunda parte amanhã. Se você conhece alguma história do cinema que mereça ser compartilhada, comente por aqui!

ATUALIZAÇÃO:
A segunda parte do post já está no ar, confira: Filmes proibidos e suas histórias polêmicas – Parte 2

Escrito por Juliane Rodrigues (Exuliane)

Serial killer não praticante, produtora audiovisual de formação e redatora por vocação. Falo sério mas tô brincando no twitter @exuliane

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