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Resenha | Vagabond #01

Eu me lembro muito bem de uma banca perto da escola que eu estudei no Ensino Médio, esta banca era especializada em histórias em quadrinhos e mangás e, em muitas das minhas infindas visitas ao local, eu acabei tendo o primeiro contato com dois mangás que faziam muito sucesso na época: Evangelion e Vagabond, ambos publicados pela Editora Conrad.

O primeiro eu cheguei a comprar algumas edições, o segundo eu não consegui comprar nenhuma. O dinheiro que eu ganhava para o lanche da escola só dava para comprar um deles e eu acabei optando pelo primeiro. Alguns anos depois daquele tempo, eu cheguei a me arrepender amargamente por não ter colecionado o título.  Porém,  após 15 anos, a Plante Manga – braço da Panini Comics – chegou para dar uma nova chance para mim e para você de conhecer a história do grande samurai Miyamoto Musashi, eternizada pelo mito Takehiko Inoue.

Esta é a quarta vez que tentam publicar Vagabond no Brasil, no inicio a Conrad publicou 44 volumes, mas cancelou e decidiu lançar uma versão de luxo, essa versão também não durou e foi publicada até o 14º volume. A terceira tentativa foi com a editora Nova Sampa, que em vez de continuar a publicação desde a primeira edição, preferiu continuar de onde a Conrad havia parado e o resultado foi desastroso. Foram publicados apenas 4 volumes e a publicação foi cancelada. Ano passado em plena CCXP, a Panini anunciou a volta de Vagabond e, para a alegria dos fãs, eles publicariam desde a primeira edição e além disso, prometeram um trabalho maravilhoso, inclusive com revisão e atualização dos argumentos e tudo mais.

Vagabond é um mangá baseado no livro Musashi, de Eiji Yoshikawa, que conta a história do lendário espadachim japonês. Vagabond já ganhou diversos prêmios, entre eles estão: Prêmio Kodansha de Melhor Mangá em 2000, Prêmio Cultural Osamu Tezuka em 2002 e foi indicado ao Prêmio Eisner em 2003 na categoria melhor autor/artista. Vagabond ainda está sendo publicado no Japão, está atualmente com 37 volumes e são lançados na revista Morning, da editora Kodansha, e já vendeu mais de 82 milhões de cópias em todo o mundo

resenha-vagabond-15A história se passa no ano de 1600 depois de Cristo, o Japão vive um dos momentos mais tensos da sua história. O jovem Takezo, ao lado de seu amigo Matahachi, deixa a vila Miyamoto para lutar na Batalha de Sekigahara. Embora sonhem com fama e glória, eles somente encontram a derrota e um caminho repleto de incertezas. Na grande Batalha de Sekigahara, Shinmen Takezo e Hon’iden Matahachi são remanescentes do lado derrotado da batalha, e passam, ao longo de 10 capítulos, buscando o retorno para casa e acima de tudo a sobrevivência. Mas está na primeira edição, assim como em qualquer outra, o ponto de partida da história. O fato de “volta para casa” não será tão simples assim e, em meio a tudo isso, Takezo e Matahachi enfrentam algumas emboscadas de bandoleiros que vão cruzando o seu caminho até a chegada na vila Miyamoto. Além das tentações, da quebra de votos e promessas e até mesmo de vínculos afetivos. É também o momento onde o autor mostra qual será a cina de cada um, enquanto Takezo descobre que vagará sem destino até encontrar seu caminho, tanto como pessoa, quanto como guerreiro, Matahachi escolhe o caminho mais fácil e deixa para trás um passado que posteriormente o cobrará diante de todas as escolhas que fez. Enquanto essa cobrança não chega para Matahachi, o jovem Takezo é quem pagará por ela nos primeiros passos de sua jornada até se tornar uma lenda.  Acompanhe a jornada de combates sanguinolentos e desafios espirituais desse destemido espadachim, que ficou conhecido pela posteridade como o grande samurai Miyamoto Musashi!

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Takehiko Inoue apresenta uma obra de arte página após página, sua delicadeza e seus traços são dignos de se emoldurar em quadros. Você não estará diante de algo simples e comum como encontramos em outros mangás, mas os mangás com histórias de samurais carregam em si, uma riqueza de detalhes incrível que só podem ser chamados de obra de arte. A proporção de cada quadro, o enfoque de cada câmera, o sombreamento de cada cena transmitem algo muito próximo da realidade. Não existe nada na obra de Takehiko que possa te incomodar, ele mescla uma delicadeza com brutalidade que chega a impressionar e emocionar ao mesmo tempo.

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A narrativa também é interessante e a história por mais que tenha um contexto complexo, é de fácil entendimento. Ele consegue dar um grau de imersão ainda maior que obras semelhantes a essa. É importante salientar isso, pois as vezes o leitor que não está acostumado a ler mangá pode se assustar achando que Vagabond, por ser considerado um título “mais cabeça” que todos os outros, seja uma obra de compreensão e entendimento mais complexo. Se esse for o problema pode ficar tranquilo, embarque na trajetória do joven Takezo e nas peripécias de Matahachi e seja feliz. Além de tudo isso, a narrativa é empolgante e a história é muito envolvente, e quando acaba você deseja mais, deseja o próximo volume e sofre com a abstinência de Vagabond até pegar o próximo volume para poder novamente mergulhar de cabeça na história.

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O trabalho de edição dessa obra está fenomenal. A capa foi mantida a original com acabamento fosco e o título com verniz localizado. As orelhas são um trabalho a parte do cuidado que os editores tiveram e as quatro páginas coloridas dão um chame ao volume como um todo. As onomatopeias foram mantidas no original com a tradução bem pequena ao lado ou embaixo de cada uma delas para se tornar entendível ao leitor, e como eu disse lá no inicio, a Panini fez um refinamento nos argumentos.  Então a linguagem está bem mais clara e atual sem perder a essência do original. Vagabond #01 é uma edição que não deixa a desejar em nenhum momento. A Planet Manga está fazendo um trabalho extramente absurdo com seus títulos recentes, e o cuidado com Vagabond tem superado todos os outros. Esperamos que seja assim até o final da coleção. O único problema é que a concentração da cor branca na capa pode sujar com facilidade e amarelar o mangá com a ação do tempo. Portanto guarde ele num lugar limpo e seco para que ele não sofra com a ação do tempo nem com a sujeira e assim, sua coleção consegue se manter quase perfeita.

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A periodicidade de Vagabond é mensal e o valor é de R$17,90. Esse valor é salgado? Se for comparar em relação ao material entregue, não. Mas a gente sabe que não é todo mundo que dispõe desse valor para dar em um mangá todo mês. Mas você pode economizar deixando aquele titulo meia boca de lado para investir em algo com mais qualidade, tanto graficamente falando como em termos de história e narrativa também.

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Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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