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Resenha – As Memórias de Marnie | Uma lição sobre solidão

Solidão.

Este sentimento talvez seja um dos que mais frequentemente afligem os seres humanos nos tempos atuais. Afinal, quem é que nunca se sentiu à margem dos círculos sociais, não é mesmo? Muitos experimentam aquela frustração de se sentirem inúteis e incapazes de criar vínculos com outras pessoas, o que por vezes evolui para um sentimento de frustração própria muito grande. Essa frustração própria é muito perigosa, porque é ela o martelo capaz de tocar o sino que desperta sentimentos negativos e autodestrutivos, como a baixa autoestima e o ódio de si mesmo.

Afinal de contas, nós estamos mesmo tão sozinhos quanto sentimos? Será mesmo um defeito pessoal? De todas as pessoas que você conhece, será possível que nem mesmo uma delas tenha um mínimo apreço por você?

Em “As Memórias de Marnie”, animação do renomado Estúdio Ghibli, nós somos apresentados à Sasaki Anna, uma garotinha introspectiva de apenas 12 anos que passa seus dias desenhando e observando as outras crianças brincando no parque. Anna se vê imersa em um círculo invisível, onde ela está do lado externo e no interior ficam as outras pessoas. Por não compreender os motivos para as pessoas a abandonarem e não se interessarem, Anna passa a acreditar que a culpa disso tudo seja única e exclusivamente sua. É triste, mas Anna deixa bem claro o seu desprezo por si mesma.

Resenha - As Memórias de Marnie | Uma lição sobre solidão

Devido à uma crise de asma, a tia e curadora de Anna decide enviá-la para a casa de parentes no interior, na esperança de que isso ajude a melhorar seu quadro de saúde, bem como para que ela tenha a oportunidade de conhecer pessoas novas e, quem sabe, criar algum laço de amizade.

A verdade é que Anna tem um grande ressentimento por ter perdido os pais e sua avó quando era criança, chegando a culpa-los por a deixarem sozinha no mundo. Ao descobrir que sua tia recebe apoio financeiro do governo para sustenta-la, Anna alimenta ainda mais o sentimento negativo de que é um fardo para as pessoas ao seu redor.

Na tentativa de fugir de uma possível interação social com moradoras do vilarejo, Anna tropeça e cai de frente à margem de um pântano, onde, no lado oposto, tinha uma mansão que parecia ser muito familiar. Em sua primeira visita, Anna repara que a mansão está abandonada, com vegetação crescendo em meio aos portões e muros, as portas de madeira profundamente desgastadas pelo tempo. Contudo, em uma segunda oportunidade, a garotinha se depara com a mansão completamente restaurada, iluminada e com pessoas dentro! É então que Anna e Marnie se encontram pela primeira vez.

Resenha - As Memórias de Marnie | Uma lição sobre solidão

Marnie é uma linda menina de cabelos loiros, sorridente e cheia de simpatia. Ela logo de cara demonstra ter muito carinho e preocupação em proteger Anna, que fica surpresa com o quanto se sente confortável perto daquela garota que havia acabado de conhecer.

As duas rapidamente se tornam melhores amigas e após conhecer um pouco mais de Marnie, Anna percebe que sua solidão não era um sofrimento exclusivo. Marnie também passava por um sentimento de solidão e abandono, porém com uma postura um pouco mais otimista em relação a tudo.

Tudo parecia perfeito, Anna havia encontrado alguém com quem podia ser ela mesma. O problema é que, durante o dia, a mansão voltava à sua aparência desgastada e abandonada, ao mesmo tempo em que Anna percebia que vez ou outra Marnie aparentava desaparecer repentinamente durante seus encontros.

Resenha - As Memórias de Marnie | Uma lição sobre solidão

Afinal de contas, seria Marnie apenas fruto da imaginação de Anna?

Além de Marnie, Anna conhece também uma mulher mais velha que também admirava muito aquela antiga mansão, tanto que passava as tardes pintando-a em um quadro. O decorrer da história também faz com que Anna conheça uma garotinha chamada Sayaka. A pintora e a garotinha acabam se tornando muito importantes para o desenrolar da história, de modo que são muito mais importantes do que realmente aparentam a princípio.

É através da amizade entre essas duas meninas que o filme conta uma história muito bonita em relação ao abandono, à solidão e em como nós nos portamos em relação a tudo isso. Existe muita subjetividade e muitas variáveis, que por vezes passam despercebidas em meio ao sofrimento e que podem ser determinantes para que você se sinta feliz ou triste.

Resenha - As Memórias de Marnie | Uma lição sobre solidão

Não importa o quanto pareça, você nunca estará só. Existe amor lá fora, talvez muito mais perto do que você é capaz de perceber. É só continuar buscando e, de algum jeito, ele vai te encontrar. Uma bela lição passada por essa incrível animação.

Foi com essa animação que o Estúdio Ghibli encerrou – com chave de ouro, diga-se de passagem – as suas atividades após anos de tradição. Para os conhecedores dos trabalhos do famoso estúdio japonês, creio que falar sobre a qualidade de animação e trilha sonora seja até redundante, mas reforço que é tudo simplesmente genial, envolvente e emocionante.

Fica aqui a minha recomendação da vez. Só confia e vai!

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Veja também: Resenha | Planetes #2

Escrito por Barbara

Capixaba, amante de jogos, séries, filmes, animes e de muita....MUITA comida!

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