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Mindhunter | Quem é aquele cara?

Mindhunter é uma das obras que mais prestigiamos neste ano aqui no site (leia a nossa resenha). Depois uma sólida estreia e esbanjar potencial para se tornar uma das séries pilares da Netflix, fica difícil não guardar muitas expectativas para a próxima temporada que chega em 2018.

Quem acompanhou a série deve ter ficado com uma pulga atrás da orelha para descobrir quem era aquele pacato cidadão mal-humorado que surgia sempre nas introduções de diversos episódios.

Certamente alguém nada amigável, certo? Depois de concluirmos o arco de Holden Ford na temporada, Fincher apresenta uma perturbadora cena mostrando esse mesmo homem queimando desenhos de diversas mulheres torturadas de variadas formas.

Não, o cara não é Holden Ford

Os novos fãs do seriado estão tão ansiosos para descobrir quem se trata esse cidadão que já estão considerando ele ser Holden Ford alguns meses depois dos acontecimentos mostrados na série. Mas o caso não é esse. Por mais que o desenvolvimento do arco do personagem mostre que ele esteja caminhando para um estado mental psicótico chegando até mesmo a repetir uma mesma frase que Ed Kemper fala durante um interrogatório, o final da temporada indica uma catarse no protagonista.

Ao ser abraçado por Kemper no fim do episódio e não saber reconhecer o que ele quer daquele cara, Holden tem um colapso nervoso ao perceber que está na mesma folha doentia que o objeto de seu estudo. Em desespero, foge e cai no corredor do hospital sussurrando que está morrendo.

Ou seja, por conta dessa reação exacerbada, Holden consegue fugir da escuridão. Céus, Fincher até termina a temporada com a excelente In the Light de Led Zeppelin para “iluminar” essa questão. A catarse deve mudar profundamente Holden que deve parar de se comportar como um maníaco que olhou por tempo demais para o abismo e agir novamente como uma pessoa equilibrada.

Então quem é?

Esse cidadão é um dos psicopatas recordistas de tempo que conseguiu fugir das forças policiais tendo assassinado 10 pessoas entre 1974 a 1991. Depois de 31 anos do seu primeiro assassinato, foi finalmente preso em 2005.

Trata-se do Assassino BTK, Dennis Rader. O apelido BTK vem do seu modus operandi no ato de matar: Bind, Torture, Kill. Ou seja, amarrar, torturar e matar – justamente por isso vemos tantos desenhos de mulheres amarradas enquanto são lançados ao fogo.

Rader tinha os meios mais fáceis para encontrar suas vítimas – isso é mostrado no seriado. Com livre acesso a diversas moradias para instalar sistemas de segurança, o psicopata já podia traçar seus planos para sequestra-las posteriormente. Era um psicopata organizado, extremamente metódico que planejava cada invasão com extremo cuidado para não ser surpreendido ou pego. Ou seja, aprendia a rotina das vítimas por meses antes de agir.

Todos os assassinatos ocorreram em Wichita, no Kansas. Ao longo das três décadas que a polícia falhou, o BTK adorava ridicularizar as forças da Justiça enviando pistas e cartas para veículos de mídia, além de reivindicar os assassinatos para si, afinal faz parte da mente psicopata uma enorme dose de narcisismo sádico.

Rader tinha tesão em lingeries e meias-calças. Em quase todas as vítimas femininas, roubou pertences íntimos e usou posteriormente para se masturbar no porão da casa da mãe. Era comum se fotografar enquanto amarrado usando também as roupas das pessoas que assassinou.

Dennis Rader relaxando no sofá com sua filha Kerri.

Seu primeiro ataque envolveu o infame assassinato da família Otero no qual Rader matou o casal e dois dos cinco filhos por sufocamento em 1974. O frisson midiático causou pânico em Whichita que foi assombrada pelos assassinatos de Rader até 1991.

No fim, Rader foi somente pego pela própria soberba e burrice. Quando foi anunciado que um livro seria escrito sobre os terríveis assassinatos do BTK, Rader recomeçou a infernizar a mídia reclamando a autoria de assassinatos até então sem solução. Uma dessas cartas foi enviada à polícia. O assassino ainda não entendia muito dessa novidade da informática consolidada nos anos 2000 e gostaria de saber se era possível rastreá-lo ao gravar documentos em um disquete.

Enganando o psicopata, a polícia afirmou que seria impossível pegá-lo através dos disquetes com seus escritos. E foi justamente por conta disso que Dennis Rader encontrou seu fim. Através de um documento gravado e deletado do disquete, por meio de metadados, a polícia encontrou o nome de usuário ‘Rader’. Em uma pesquisa rápida e simples na internet, foi rastreado um tal de Dennis Rader, presidente do conselho de uma igreja luterana.

Através de pistas reunidas na época, sabia-se que o BTK tinha uma camionete Cherokee preta. E na casa deste Rader também havia esse mesmo carro. Pegando DNA encontrado nas evidências dos crimes nos anos 1970 e colheita de DNA da filha do psicopata, a polícia reuniu provas o suficiente para colocá-lo para responder seus crimes.

Rader foi condenado a dez prisões perpétuas em uma penitenciária do Kansas. Na época não havia a sentença de morte no estado. Em um índice psicológico de maldade, ele atingiu o número 22, o máximo possível do estudo o categorizando como um indivíduo sádico que sente prazer em torturar pessoas e animais.

Agora resta ver como essa história perturbadora será trazida pelas telas de Mindhunter. Pela atmosfera do seriado, é bastante improvável que o BTK seja traído pela própria ignorância.

Por Matheus Fragata, dos Bastidores, nosso parceiro.

Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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