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Em defesa da Supergirl: não há nada de errado em ser feminina

Este texto (ou melhor, textão) é dedicado a todas as mulheres que acharam o trailer da série “Supergirl” muito infantil, muito feminino, muito comédia romântica ou algo similar a isso. Quero compartilhar com vocês o que me fez gostar e ter fé nessa série, apenas com um trailer e mostrar-lhes o quanto a Supergirl é incrível.

Para isso, vou começar falando da comparação absurda que estão fazendo internet afora, entre o trailer de Supergirl, e a sátira do SNL sobre um filme da Viúva Negra.

A acusação é que uma série de aventura estrelada por uma personagem feminina, que tem muitas características femininas, como esta:

É fundamentalmente indistinguível de uma sátira que critica clichês de comédia romântica, que na cabeça de muitas pessoas, são o que as mulheres querem consumir, como:

Pense em Batman e Superman. Suas revistas, seus filmes, suas séries televisivas, séries e filmes animados. Eles são diferentes? Sim, eles são. Batman e Superman são personagens completamente diferentes nas suas histórias de vida, carreiras e, inclusive, cores.

Quando a série animada do Superman passava na TV aberta, nos anos 90, a série do Batman também passava. E adivinha só? Eram dois desenhos muito diferentes, porque Clark Kent/Superman e Bruce Wayne/Batman são personagens distintos e, portanto, seus programas refletiram isso.

Uma reclamação bastante comum e compreensível sobre o filme “O Homem de Aço” (2013), foi que o tom do filme não se encaixava, nem adequava ao Clark Kent/Superman que os fãs conheciam. Foi um filme muito obscuro, muito corajoso, muito angustiante, muito Batman. Superman não tem que ser igual ao Batman e Batman não tem que ser igual ao Superman.

Assim como a Supergirl não tem que ser igual a Viúva Negra, e a Viúva Negra não tem que ser igual a Supergirl.

Essa comparação do trailer de Supergirl com a sátira que o SNL criou para a Viúva Negra é uma forma de rebaixar a série que ainda nem estreou, rebaixar a própria personagem e rebaixar muitas mulheres também. Lembre-se do tratamento que o Universo Cinematográfico da Marvel dá a Viúva Negra. O que o vídeo do SNL quis fazer, foi criticar a relutância da Marvel em dar mais espaço e melhor caracterização às personagens femininas. Para isso, juntaram alguns clichês de comédia romântica com uma personagem que não se encaixa naquilo.

Em defesa da Supergirl: não há nada de errado em ser feminina

Natasha Romanoff não se encaixa numa comédia romântica. Sua personagem não combina com uma narrativa sobre uma jovem esperançosa, que quer fazer o bem, trazer a paz ao mundo e proteger as pessoas. Natasha sofreu lavagem cerebral e foi torturada quando era apenas uma criança. Ela cresceu dentro de um centro de treinamento, e foi criada como uma arma, não como uma pessoa. Ela é uma espiã, uma assassina que hoje está tentando fazer as Em defesa da Supergirl: não há nada de errado em ser femininapazes com sua própria consciência devido às suas ações passadas. Natasha é uma personagem obscura, que não tem uma “origem super-heroica” tradicional. Ela é metade-espiã, metade super-heroína. Natasha não está destinada a ser uma inspiração ou um símbolo colorido de esperança para as massas, mas sim, uma força silenciosa que ajuda as pessoas enquanto limpa o caminho sangrento que se arrepende de ter traçado. Ela é um ícone de força, atitude, superação, inteligência, entre outros. Ela é maravilhosa e nós a amamos por isso, mas um fato inegável é que a Viúva Negra é diferente da Supergirl – o que não é ruim. Entendam: nem tudo que é diferente, é ruim, às vezes, é apenas único.

O SNL propositadamente colocou a Viúva Negra, uma personagem com toda essa bagagem de sofrimento e redenção, num filme que não combina com ela – MAAAAS é o tipo de filme que a maioria das pessoas acredita que é ideal para o público feminino. Comédias românticas insípidas, sem heróis, sem ação, entre outros.

A Supergirl é completamente diferente da Viúva Negra – embora ambas sejam maravilhosas. Ela não tem um passado negro envolvendo tortura e abusos. Embora tenha perdido seus pais (e seu planeta) quando era apenas uma criança, ela foi adotada por uma família que proporcionou-lhe uma vida normal, feliz e cheia de carinho. Kara ainda tem seu primo, Superman, um super-herói cujo exemplo é o melhor possível – ela tem condições de ser uma jovem esperançosa, que quer fazer o bem, trazer a paz ao mundo e proteger as pessoas. Ela está destinada a ser uma inspiração e um símbolo colorido de esperança para as massas, assim como seu primo.

Em defesa da Supergirl: não há nada de errado em ser feminina

Dizer que a série da Supergirl será ruim, ou pior, machista, só porque traz alguns clichês de comédias românticas, é extremamente sexista. Não há NADA de errado em ser feminina, tímida, esperançosa, colorida e alegre. Se essas características combinam com a personagem, ela está mais do que livre para ser assim. Nada disso é inerentemente mau, nem sexista.

Ou o quê?
Vai dizer que você duvida da capacidade de uma mulher só porque ela é “muito feminina”?

Em defesa da Supergirl: não há nada de errado em ser feminina

Somos educadas para sermos doces, frágeis, inocentes e mudas, enquanto nossos corpos são sexualizados. Experimente pesquisar “Supergirl” em algum mecanismo de busca na internet. Você levará alguns bons minutos até que consiga encontrar uma imagem onde seus peitos não tenham sido desenhados de forma ridiculamente enorme (Não que haja algo de errado com peitos grandes, ok? Se você tem, isso é ótimo! Se você não tem, é legal também!) e ela provavelmente, estará seminua. Ela foi transformada em um símbolo sexual, menosprezando a super-heroína que ela é. Ninguém acreditou quando Kara disse pela primeira vez que era a Supergirl. Ela era só uma garota, o que ela podia fazer?

Em defesa da Supergirl: não há nada de errado em ser feminina

Desde muito novas, temos que lidar com essa frase. “Não, você é só uma menina.” Numa das melhores partes do trailer, Kara diz para sua chefe que a heroína devia ser chamada de Superwoman (Super-Mulher), mas sua chefe fez um discurso que abriu um sorriso enorme no meu rosto:

“O que tem de errado com o “garota”? Eu sou uma garota, e sua chefe, e poderosa, e rica, e gostosa e inteligente. Então, se não acha que “Supergirl” é nada menos do que excelente, o problema não estaria em você?”

E isso é verdade. Garotas podem fazer o que quiser. Garotas são excelentes, nada menos que isso.

Em defesa da Supergirl: não há nada de errado em ser feminina

A Supergirl impede a queda de um avião e o carrega, sozinha, até um pouso seguro na água.
A Supergirl enfrenta um tiroteio de peito aberto, briga com os bandidos e impede um assalto.
A Supergirl, com um soco, faz um inimigo atravessar uma parede de tijolos.
A Supergirl para um caminhão com o próprio corpo.

E ela também usa óculos, é tímida, insegura, tem uma chefe, tem uma irmã protetora, tem pretendentes, assiste TV, se preocupa com o que vestir, é positiva, é imatura e é feliz. Ela é nada menos que excelente, e se você discorda, o problema pode estar em você.


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Escrito por Louise

Amo, respiro e me alimento de quadrinhos, acho completamente normal se envolver emocionalmente com personagens de séries e filmes, e já vou avisando: NÃO MEXA COM MEUS HERÓIS!

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