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Hunters -1ª Temporada| Excelentes personagens em uma narrativa difícil

Quando anunciado, “Hunters” apostava em uma produção carismática e interessante, tudo que o serviço streaming da Amazon Prime precisava. Convenhamos, a produção carregava o nome forte de Jordan Peele (Corra e Nós) como produtor. Entretanto, a primeira temporada dessa forte aposta carece de um melhor carinho em seu roteiro e narrativa. 

Criado por David Weil em seu primeiro trabalho, “Hunterstende por unir humor, espionagem e ação com um toque de acidez. Seu foque é demonstrar os horrores que os sobreviventes do Holocausto carregam em si sendo guiados pela vingança de seus monstros. Um verdadeiro “Caça as Bruxas”. 

Jonah (Logan Lerman) é um rapaz que leva uma vida difícil no subúrbio de Nova York nos anos 70, como perdeu seus pais vive com sua avô, uma sobrevivente do Holocausto.  Criado com uma educação prudente, o rapaz até tenta seguir o caminho correto, porém encontra na venda de drogas um retorno financeiro para ambos. Tal atitude que nunca deixa de proporcionar tristeza em sua avó, o que acaba por gerar desentendimentos e brigas entre os dois. As coisas mudam para Jonah quando presencia sua avó ser morta em sua casa por um misterioso homem. 

Com a falta de importância da polícia no assassinato de sua avó, ele procura respostas e vingança por conta própria. Seu caminho se cruza com o ricaço judeu Meyer Offerman (Al Pacino). O experiente senhor demonstra ao jovem que sua luta é muito maior do que imagina. O misterioso homem, responsável pela morte de sua avó, é um nazista que está infiltrado na população americana junto com outros que buscam a dominação mundial e implementação do Quarto Reich. Porém, Jonah e Meyer não estão sozinhos na luta, uma equipe bem peculiar os ajudarão: a freira Harriet (Kate Mulvany), o ator fracassado Lonny  (Josh Radnor), a ativista negra Roxy (Tiffany Boone), o ex-soldado Joe (Louis Ozawa) e o casal de judeus sobreviventes Markowitz (Saul Rubinek e Carol Kane).

 

Logo em seu primeiro episódio, “Hunters” entrega qualidade, porém, ao decorrer do restante dos episódios a história não consegue nos manter atraídos, pois se perde em tramas desnecessárias que fogem do verdadeiro objetivo que desejaria contar. Aliás, o que favorece isso a  é duração de cada episódio ,60 minutos, que prevalece um ritmo lento e cansativo. 

Apesar do roteiro prejudicar os avanços narrativos, ele sabe priorizar a qualidade dos seus personagens, todos tem arcos narrativos definidos e atrativos. Logo isso leva a deixar de lado os problemas de enredo para focar ao que de verdade interessa, as jornadas particulares de cada figura sobrevivente abalada de alguma maneira pelos horrores de seus monstros. 

A vingança que a equipe deseja incorpora é conduzida pelo drama, todos foram de alguma maneira abalados internamento pelos monstros. O roteiro cria um tom satírico quando inclui a violência como razão de atos. O que fica claro que é os próprios “bonzinhos” são tão monstros de de sua própria sede de vingança, no fim, eles precisaram se tornarem maus para destruir o mal.

Al Pacino aqui não é usado como deveria, o personagem do ator tem poucas cenas e não agrega como deveria no conjunto inteiro da obra, parece que sua presença foi utilizada como atração do público. Quem conduz toda a trama são o restante da equipe, aliás, eles atraem nossa curiosidade e descoberta para receber mais sobre suas motivações. Enquanto aos vilões, fica explícito que eles são caricatos para trazer a essência da história.

A ambientação respeita o sabor dos anos 70, o figuro e veículos proporcionam a imersão solicitada. Um ponto interessante é a fotografia que prioriza mudar tons de diferentes épocas, como nos 40 com a violência da guerra sempre são usados cores frias e no presente as tonalidades fortes e brilhantes. 

Hunters” prova ser em sua primeira temporada algo que beneficia melhor seus personagens do que propriamente seu enredo. O que fica claro é a urgência em desejar explorar inúmeros caminhos narrativos, mas sem a devida preocupação e importância em uma premissa tão boa em sua essência.

Escrito por Rafael Tanaka

Publicitário, amante de cinema, quadrinhos, filmes e séries. Sempre existe coisas para se descobrir nesse mundo da cultura pop.

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