Santhiago de Freitas Apesar de sua nacionalidade americana, a “Heavy Metal” tem origem na França, com a Métal Hurlant (traduzido como “Metal Uivante”), criada em 1974 pelos artistas de quadrinhos Jean Giraud (conhecido mundialmente como Moebius) e Phillipe Druillet. A revista francesa também contava com artigos e resenhas de livros, filmes, música e video games, com temas mais voltados para a fantasia e ficção científica.
Originalmente, a edição americana lançada em 1977 era apenas uma tradução da revista francesa, em edição e publicação mensal.
A Métal Hurlant, junto com seu “filho” americano, tem em suas publicações temas mais sérios, surreais e artísticos e ambas são amplamente consideradas como as primeiras expressões (principalmente a Métal Hurlant) de “quadrinhos adultos”, sendo referência no mundo todo.
Leia mais: Os maiores fracassos de bilheterias dos cinemas de todos os tempos
A revista francesa encerrou seus trabalhos em julho de 1987, voltando de julho de 2002 a dezembro de 2004, com 147 volumes e uma série para TV de 2012 com duas temporadas e 12 episódios no total. Já a revista americana, foi de 1977 a 1992 pela HM Communications, Inc. e a partir de seu décimo sexto volume de maio de 1992 foi assumida por Kevin Eastman, co-criador das famosas “Tartarugas Ninja”, com o nome de Metal Mammoth, Inc. Kevin Eastman vendeu a revista em 2014, mas ainda continua como publicador e investidor da mesma. Atualmente, desde abril de 2016, o editor chefe da revista é o escocês Grant Morrison, famoso por seus quadrinhos britânicos e trabalhos na DC Comics.
Heavy Metal além dos quadrinhos
Em de 7 de agosto de 1981, foi lançado o primeiro filme da franquia chamado “Heavy Metal – Universo Em Fantasia” (1981), de produção canadense e americana, o filme contava com histórias contadas de maneira antológica com várias delas sendo baseadas em contos da revista, como “Den”, originalmente pelo americano Richard Corben, e outras originais para o filme como a história “B-17”, que tem como trilha sonora “Heavy Metal” (Takin’ A Ride) de Don Felder. Veja abaixo:
Esse era outro ponto forte do filme, sua trilha sonora que conta com artistas de extremo peso, como Black Sabbath (com o lendário Ronnie James Dio no vocal), Nazareth, DEVO, Journey e os americanos do Blue Öyster Cult, que escreveram várias músicas baseadas no filme para seu disco também de 1981, “Fire Of Unknown Origin”, entre inúmeros outros, com o disco da trilha sonora chegando a décima segunda posição da Billboard 200.
O filme praticamente duplicou sua verba, de 9.3 milhões de dólares com 20.1 milhões de bilheteria e gerou uma “sequência”, “Heavy Metal 2000” (2000) – também conhecido como “Heavy Metal: F.A.K.K.²” -, coincidentemente também de 2000, a produção canadense e alemã se baseia na graphic novel “The Melting Pot”, de Kevin Eastman, Simon Bisley e Eric Talbot. O filme mantém os aspectos do primeiro, com a temática adulta, a animação rica e a trilha sonora pesada, contando com bandas como Pantera, Monster Magnet, Billy Idol e System Of A Down.
Leia mais: DOOM | Incrível trilha sonora do jogo é oficialmente disponibilizada
O filme com uma verba de 15 milhões, foi lançado diretamente para o formato de vídeo e sua protagonista, Julie, era baseada na então esposa de Kevin Eastman, a atriz e modelo Julie Strain, sendo a dubladora da personagem e servindo como modelo para a mesma. O filme também gerou um jogo em terceira pessoa, também com o nome de “Heavy Metal: F.A.K.K.²”, que servia como uma “continuação” para a história do filme, se passando 30 anos depois da história original.
O game lançado em 2000 para o Windows e Mac, e, em 2001 para o Linux, tem como protagonista também a heroína Julie, e foi construído na engine do clássico jogo da id Software, Quake III: Arena. Apesar do filme e seus produtos não terem gerado tanto lucro e agradado a todos, “Heavy Metal 2000” (2000) e tudo relacionado a ele, continuam como obras de respeito com grandes proporções e qualidade, sendo um reflexo dos anos 90 e 2000.
A Heavy Metal atualmente e seu futuro
A “Heavy Metal” já passa do número 294, com uma edição especial na número 295 com histórias baseadas em músicas de bandas como Judas Priest, Def Leppard, Iron Maiden, Megadeth, High On Fire e Tenacious D. Não é a primeira vez que a revista faz um especial assim com essa colaboração de “artistas e artistas” (de quadrinhos e da música) e atualmente também conta com a série especial do Iron Maiden, baseado no jogo “Legacy Of The Beast”, que se encontra no seu segundo volume e que está na turnê mundial “Legacy Of The Beast Tour”, disponível como merch da banda.
Leia mais: Casamento gótico cria polêmica entre católicos no interior de Minas Gerais
A Heavy Metal no Brasil
Infelizmente, não existe nenhuma publicação da “Heavy Metal” em circulação nas terras tupiniquins, mas a revista foi publicada baseada em seu formato americano original, adaptada para o país de 1995 a 1999, contando também com especiais lançados pela própria no Brasil, como a erótica e polêmica “Druuna” (publicada atualmente pela editora Pipoca & Nanquim), do também polêmico artista italiano Paolo Serpieri.
Porém, sua fórmula foi amplamente copiada no mundo todo e principalmente no Brasil, com revistas como “Animal” e sua versão brasileira, a “Metal Pesado”.
Com mais de 40 anos de história, a “Heavy Metal” definiu inúmeros padrões e formatos para quadrinhos e toda a mídia relacionada à fantasia, ficção científica e arte do mundo todo. Sua qualidade e seus temas únicos fazem de seu slogan, “The World’s Greatest Illustrated Magazine” (em tradução, “A maior revista ilustrada do mundo) uma realidade.
Infelizmente, resta apenas esperar as novidades e quando a “Heavy Metal” volta para o Brasil, pois apesar de ainda ser encontrada com a devida sorte através do garimpo em sebos e comic shops, a revista (e suas parceiras de formato, revistas antológicas mais sérias em quadrinhos) faz muita falta com suas inúmeras publicações atuais de extrema qualidade.
