Igor Tavares Estamos nos momentos finais de “O retorno de Jedi”. Darth Vader e o Imperador foram derrotados, a segunda Estrela da Morte foi destruída, os Rebeldes venceram o nefasto Império Galático e é hora de reconstruir, certo?
ERRADO! Não se engane pela capa estilo “foto de família em comercial de margarina”, pelo climão de “ganhamos a guerra” e nem pela sinopse descritiva de Star Wars – Shattered Empire, jovem Padawan. O pós-guerra pode ser mais perigoso e dramático que o conflito em si.
Shattered Empire é uma minissérie em quatro partes, produzida pela dupla Greg Rucka (criador da sensacional “Lazarus” da Image, além de escritor em Gotham Central, Justiceiro, entre outros) e Marco Checchetto (Justiceiro, X-Men) que nos leva diretamente para os acontecimentos que sucedem o final do Episódio VI de Star Wars.
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Aqui, em vez de focar no elenco principal da saga, Rucka introduz dois protagonistas extremamente importantes para o futuro da franquia e intimamente ligados ao futuro “Episódio VII – O Despertar da Força. Shara Bey é uma exímia piloto que lutou e ajudou a destruir a Estrela da Morte na Batalha de Endor. Seu marido chama-se Kes e é um valoroso soldado da tropa de elite rebelde, chamada de Pathfinders. Aqui começamos a ver como o casal sobrevive em meio ao caos que se torna a galáxia após a imediata queda do Império.
Greg Rucka sabiamente nos direciona, desde o início, por um roteiro nos moldes de “bastidores”. As cenas iniciais desta primeira edição são uma visão por outro ângulo do clímax de O Retorno de Jedi.
Isso, de cara, já dá aquele frio na espinha delicioso para os fãs da franquia. O efeito deste formato meio “distanciado” de roteiro faz com que Luke, Han, Lando e todo o elenco principal da saga se tornem heróis inatingíveis, além de dar humanidade aos verdadeiros protagonistas da guerra – que neste caso são os soldados que estão ali fazendo o trabalho sujo nas trincheiras do conflito.
É lógico que temos as eventuais interações entre os grandes ícones da franquia e os protagonistas, no entanto, este é somente um recurso narrativo para motorizar a história. O foco do roteiro é sempre o casal.
Shattered Empire está muito longe de ser um romance. Greg Rucka nos certifica disso desde os primeiros momentos, com sequências de ação constantes e um panorama rápido do pós-guerra galático.
Apesar das cenas entre o casal existirem, as mesmas não tomam muito espaço no roteiro, que é sempre focado nas repercussões imediatas do grande conflito galático. Os diálogos do autor são certeiros e o destaque vai para os jargões militares durante as batalhas espaciais, uma marca registrada da franquia e que é usada com muita propriedade pelo roteirista nas cenas inicias de ação.
A arte de Marco Checchetto foge um pouco da caracterização mais foto-realista que temos visto em grande parte dos títulos de Star Wars na Marvel recentemente. O ilustrador impõe seu estilo um pouco mais “solto” e fluído nas caracterizações na medida certa.
Você vai reconhecer imediatamente qualquer membro do elenco sem dificuldade, mas Checchetto consegue dar uma cara própria aos personagens clássicos usando seu estilo ao invés de simplesmente “fotografar” os atores da saga e colocar nas páginas. As batalhas espaciais são um destaque embasbacante logo de cara.
As manobras da elegante A-Wing de Shara Bey protegendo a fuga de Luke Skywalker durante sua fuga da Estrela da Morte por exemplo, são Star Wars em essência. É muito difícil ilustrar batalhas espaciais com a energia cinética, o impacto e a emoção que as mesmas merecem e exigem. E isso Checchetto nos entrega com extrema classe.
Shattered Empire é um passo a frente para Star Wars. Enquanto a linha atual da Marvel explora aspectos um pouco obscuros da franquia e constrói com muito cuidado e carinho o novo cânone deste universo na editora, esta mini série nos mostra algo completamente inédito com cara e cheiro de brinquedo novo.
Greg Rucka, em seu ritmo cadenciado e sóbrio, abre as cortinas para um futuro excitante que está a nossa espera a menos de 100 dias com a chegada do Episódio VII. Com a apresentação impactante e cheia de personalidade de Marco Checchetto e um casal de protagonistas marcante, esta primeira edição da mini série é algo definitivamente imperdível para os fãs da franquia.
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