in

Um novo mundo onde mutantes não têm medo

Jonhatan Hickman o grande roteirista de quadrinhos teve passagens cheias de elogios por “Quarteto Fantástico”, “Ultimates”, “Vingadores” e culminou seu trabalho em “Guerras Secretas” em 2015. Depois de alguns anos afastado da Marvel Comics, o autor queria mexer em uma dos maiores problemas das editoras, sua nova vítima “Mutantes” dos X-Men.

Logo de cara todos (inclusive eu) esperávamos que ele fosse fazer algo mais perto do que Grant Morrison fez na virada do século quando escreveu magistralmente Novos X-Men. Porém seu paradigma foi muito maior, enquanto Morrison desconstrói conceitos e renova ideias, Hickman abriu portas para novos conceitos e elevou a evolução da sociedade mutantes à um novo patamar. Tudo isso podendo ser resumido a uma palavra: União.

O pano de fundo dessa vez é algo muito mais científico, a cientista Moira MacTargget é uma pessoa central na trama, já que ela viveu muitas vidas e viu Professor X, Magneto e Apocalipse falharem das mais variadas formas na guerra entre humanos e mutantes. O novo plano parte da mudança e da criação de uma país chamado Krakoa e lá todos os seres com gene x são bem vindos.

Um novo mundo onde mutantes não tem medo
X-Men por Jonhatan Hickman

Em um mundo onde constantemente vivemos tentando entender o nosso papel na sociedade e diariamente dizendo que os fins não justificam os meios. Essa ideia de pacificação e união criada por Charles Xavier, Erik Magnus e Moira, parece ser a última tentativa de salvar sua espécie. Enquanto vemos o mundo debatendo se as trocas entre mutantes e humanos podem ser bem aceitas. Com a história fazendo até menção ao Brasil como um dos inimigos de Krakoa, em uma leitura cirúrgica do roteirista vendo como o governos brasileiro tem se portado.

Leia mais: Ciclope enxerga mesmo em vermelho?

Quando Hickman montou seus gibis, com duas minisséries, que se complementam House of X e Powers Of X são gibis que o tempo inteiro falam sobre conceitos políticos internacionais, formas de tratar governos, a troca de produtos para reconhecimentos de países. A construção de pontes entre nações. Muito o que vemos nessa história são apenas indivíduos que querem ser respeitados pelo o que são. Uma espécie que busca se desamarrar do preconceito que o mundo joga nas suas costas. Um mundo sem medo.

Um novo mundo onde mutantes não tem medo
X-Men por Jonhatan Hickman

Volta e meia eu vejo pessoas falando que quadrinhos e política não devem se misturar ou que o criador deveria apenas escrever histórias divertidas. Mas quando escuto isso me sinto enganado, pois quadrinhos sempre foram sobre ajudar o próximo, sobre fazer o outro entender que suas atitudes impactam no outro. Principalmente sobre respeito. Eu vinha sentindo falta de histórias que refletissem de novo a sociedade em X-Men. Hickman como estudioso, foi além, entendeu que sua obra poderia comentar mais sobre isso, explorar inovações tecnológicas e mundos alternativos.

Leia mais: Um quadrinho, jogo político, resistência e preconceito

Foram 12 semanas com muito texto de apoio, infográficos, cavando fundo nas histórias dos X-men, acusações de plágio e com uma fina que mostra que dessa vez esses personagens depois de perderem tantas batalhas, estão realmente prontos para viver lado a lado dos humanos e entregarem algo novo para a sociedade.

X-Men e Jonhatan Hickman se mostraram uma boa equação. Que a passagem desse autor e toda a sua equipe seja excelente. Os personagens que estavam de escanteio na Casa das Ideias mereciam de novo algum protagonismo.

Escrito por Pablo Sarmento

Oi! Eu sou Pablo Sarmento, inventei de escrevi sobre gibis e acabei me tornando meu pior inimigo dentro de um multiverso de versões de eu(s) mesmo(s).

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Loading…

Exterminador do Futuro: Destino Sombrio (2019) | Nostalgia como recurso

Armadilhas do Coringa, acertos de Watchmen e o tal do chato