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HQ do Dia | Harbinger Vol. 1: O Despertar do Ômega

A corajosa iniciativa da editora HQ Maniacs em trazer o Universo Valiant em revistas mensais para o público Brasileiro teve uma recepção boa do leitor de quadrinhos mais atento. Infelizmente a empreitada teve de ser interrompida e o material agora será publicado em um tipo de formato que traga melhor custo benefício tanto para quem publica quanto para quem lê – encadernados reunindo arcos fechados.

Este é o caso de Harbinger Vol. 1: O Despertar do Ômega, um encadernado que reúne as cinco primeiras edições da revista homônima escrita pelo genial Joshua Dysart, ilustrada por Khari Evans e Lewis LaRosa e publicada originalmente aqui no Brasil na extinta revista mensal Universo Valiant. A história conta a origem do protagonista Peter Stanchek. Para quem não conhece nada sobre o título, Stanchek é talvez o indivíduo com poderes psiônicos mais poderoso de todo o Universo Valiant. Infelizmente estas habilidades mentais sempre foram uma maldição para o rapaz, tendo em vista a dificuldade em controlar tamanho poder. Nestas primeiras edições somos apresentados a esta traumática origem do protagonista, mostrando um pouco de sua infância e adolescência conturbada e seu primeiro contato com o filantropo dono da Fundação Harbinger, Toyo Harada. Harada, um poderoso e rico empreendedor que recruta jovens com habilidades semelhantes às de Peter para aparentemente ajudá-los a desenvolver seu potencial, é um homem que tem tudo. Agora ele está frente a frente com Stanchek, um jovem que não tem nada.harbinger-1

O roteiro de Joshua Dysart neste primeiro arco de Harbinger tem um ritmo narrativo completamente envolvente e natural. Apesar de ser um arco de origem, o backstory de Stanchek não é excessivamente esmiuçado, as motivações de Harada nem sempre são claras e nada em Harbinger é exatamente “preto e branco”. O maior exemplo da complexidade deste elenco é o protagonista: Stanchek está longe de ser um herói. O jovem é detestável, fraco, egoísta, estúpido e quase sempre age impulsivamente e toma as decisões erradas. E é exatamente isso que te faz devorar as páginas de Harbinger – Nas mãos de Dysart, Peter é tão falho e humano quanto qualquer um de nós, mas vive em um mundo surreal e ainda está aprendendo a lidar com todas essas situações fantásticas. Harbinger tem um escopo imenso dentro do Universo Valiant, pincelando conceitos e apresentando personagens que ecoarão por muitos anos na editora. É aqui que conhecemos, por exemplo o Projeto Rising Spirit – organização de extrema influência neste universo e somos apresentados a personagens que no futuro estrelam títulos solo ou de equipes como a recente Unity. Os diálogos de Dysart são certeiros. Cada personagem tem voz própria, motivações racionais dentro do contexto do roteiro e nada aqui é gratuito. Se os caras estão em um embate há um motivo justo para isso acontecer. Neste primeiro arco fica também estabelecido que o escopo de Harbinger se estende muito além da própria revista. Ramificações dos acontecimentos e conspirações destas cinco primeiras edições tem repercussões para toda a Valiant. Isso dá peso e relevância a uma publicação que poderia muito bem ficar contida dentro de seu próprio mundinho. Não é o caso. Estamos no olho do furacão da editora.

A arte de Khari Evans e Lewis Larosa em todo o encadernado é consistente, sóbria, inteligível, mas em momento algum chega a impressionar. O trabalho dos artistas está longe de ser ruim, no entanto as ilustrações estão ali para atender o roteiro de Dysart em primeiro lugar. Então as indulgências artísticas tão comuns em HQs de super-heróis raramente estão presentes em Harbinger, mesmo porque o título não pode ser classificado como um gibi de super-heróis convencional.

O Despertar do Ômega é o início da jornada de um dos personagens mais complexos, poderosos e interessantes do novo Universo Valiant. Aqui Joshua Dysart prova que para se contar uma boa história não é necessário uma trama extremamente revolucionária e sim um cuidado do com a caracterização de seus protagonistas e uma preocupação com um ritmo narrativo. O primeiro arco de Harbinger é uma ideia relativamente simples, mas protagonizada por um cara que é relacionável e que se torna interessante justamente por ser falho. Na maioria das vezes basta isso para envolver o leitor na sua história. Este é o primeiro passo do núcleo narrativo mais influente do Universo Valiant atualmente e a fundação que sustenta a linha editorial mais consistente da atualidade no mercado de quadrinhos. Uma prova irrefutável que explica porque a Valiant é o melhor universo de quadrinhos da atualidade.

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Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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