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HQ do Dia | Convergence #0

Enfim começou. Hoje foi dada a largada para evento DC Comics que promete trazer de volta todas as suas encarnações favoritas dos personagens da editora. A edição zero serve como um prelúdio para a saga de verão que paralisa a DC Comics por dois meses em sua cronologia e tem a missão de nos lembrar porque apesar de tudo amamos tanto estes personagens. Convergenceé composta de uma mini série em oito partes com periodicidade semanal que conta a história principal e 40 tie ins com histórias em duas partes que substituirão suas mensais durante os meses de Abril e Maio deste ano.

HQ do Dia | Convergence #0Resumidamente (muito resumidamente pra falar a verdade) o que acontece em Convergence é: A consciência multiversal denominada Brainiac(que parece ser uma síntese de todas as versões já criadas do vilão) vem engarrafando “pedaços” de Terras de todo o Multiverso DC antes delas serem destruídas em linhas temporais como Pré-Crise, Pré-Flashpoint,Reino do Amanhã, Kamandi etc. Brainiac escolhe momentos específicos nos quais estas Terras estão prestes a serem descontinuadas e coleta essas amostras prendendo cidades inteiras em grandes domos. Estes domos são levados para a região no novo mapa do Multiverso DC (marcada com uma interrogação) fora do espaço e tempo. Neste lugar está o Planeta Tellos no qual são colocados estes domos para propósitos ainda não revelados. Tellos (que é um Planeta senciente encarregado de cuidar destes domos) sente que algo aconteceu com Brainiac (que saiu para capturar uma amostra da Terra-0 onde se passam as histórias atuais da DC Comics – e não retornou) e resolve colocar o plano de seu mestre em ação da maneira que acha adequado. Os domos são removidos e as diversas Terras da DC Comics aprisionadas por mais ou menos 1 ano começam a interagir. E aí é que começa a festa.

Os roteiristas Jeff King e Dan Jurgens tem uma tarefa bastante complicada na edição zero que é mastigar um conceito relativamente complicado como esse acima e tornar esta Convergência algo digerível para uma audiência que não vem acompanhando os rumos do Universo DC atualmente. A escolha em focar este prelúdio somente no Superman e em sua relação comBrainiac é acertada. Seria um desastre apresentar o conceito como este usando muitos personagens e linhas temporais e isso arriscaria a compreensibilidade da saga logo de cara. Colocando o foco no Kryptoniano os roteiristas mantém tudo isso na perspectiva de quem está descobrindo o que está acontecendo. Além disso os autores aproveitam e celebram momentos marcantes da carreira do maior ícone da editora e talvez dos quadrinhos. No entanto há uma pequena falha no roteiro do prelúdio que sacrifica um pouco o leitor casual. A história contada aqui deriva diretamente dos eventos finais da saga Doomed apresentada há alguns meses emAction Comics. Doomed ao contrário de Futures End ou Worlds End foi uma saga que se restringiu aos títulos do Superman.

Isso faz com que um leitor que não leu o final da saga fique um pouco perdido a princípio em relação a situação do Homem de aço ali. Essa relação próxima com a saga mostrada em Action Comics poderia ser sanada facilmente com uma página de recapitulação inicial, porém os autores se furtam da ideia e preferem inserir as informações que lhes convém nos diálogos de Convergence #0 o que novamente pode confundir um leitor casual. Entretanto no geral a primeira edição de Convergence apresenta uma premissa épica e grandiosa em uma escala ainda não vista após Flashpoint. E isso é o que todo leitor da DC Comics espera de uma grande saga multiversal. Os diálogos entre Brainiac e Superman e, em seguida entre Tellos e o último filho de Krypton são de extremo bom gosto. O roteiro, apesar das referências a acontecimentos em outras sagas é bem linear e os conceitos complicados são apresentados da melhor maneira possível. Se você for um leitor de quadrinhos de ficção habitual não terá dificuldade em entender o que se passa ali. Existem algumas referências totalmente deliciosas a outros eventos / realidades / linhas temporais já expostas nestas páginas. Você vai ver, ler e relembrar algumas coisas que provavelmente marcaram sua vida como leitor de quadrinhos da editora – seja uma versão específica de Brainiac ou alguma localidade do Universo DC que aparece de relance. E isso em uma saga lançada em pleno 2015 ainda tem seus atrativos.

HQ do Dia | Convergence #0A arte nesta primeira edição é de Ethan Van Sciver com colorização de Marcelo Maiolo e é simplesmente grandiosa. Apesar dos poucos personagens apresentados aqui o desenhista tem uma tarefa ingrata em passar para o papel ideias muito abstratas como as mostradas neste prelúdio. Nesta edição zero Van Sciver alterna entre páginas com poucos quadros e splash pages gigantes com paisagens surreais. Toda a arte nesta edição é extremamente abstrata, os cenários mudam entre quadros, os personagens aparecem em diferentes versões e apesar do artista ter a chance de exercitar bastante seus “músculos” criativos, poderia facilmente se perder no meio da salada que são os conceitos visuais na revista. Van Sciver consegue “vender” a ideia do roteiro de King e Jurgens através destas imagens e tornar algumas coisas que são subliminares bem compreensíveis pra quem lê. Em algumas páginas no entanto a arte final sofre um pouco desgaste. Alguns pequenos quadros tem um acabamento um pouco mais grosseiro em comparação às grandes páginas duplas e isso nos leva a perguntar se contratar um arte finalista separado para esta edição não seria uma opção melhor. A arte e o design deste roteiro é muito bem feita, mas existem sim algumas passagens que poderiam ser melhor finalizadas.
Convergence #0 é um prelúdio com acertos e erros. É certo introduzir uma saga como essa sob o ponto de vista de um protagonista meio “perdido” e usar um elenco pequeno para carregar esse piano. É extremamente acertado que o protagonista seja uma figura icônica como o Superman. Você pode não gostar do personagem, mas ele é instantaneamente reconhecível em qualquer uma de suas encarnações, fácil de entender suas motivações e poderes e participa de praticamente qualquer evento marcante na história da editora. Em uma saga que celebra estes eventos todos de uma vez, nada mais justo que usar o Homem de aço para introduzi-la. E é acertadíssimo pontuar a primeira edição com  referências e easter eggs da história da DC Comics. No entanto ao conectar esta edição diretamente com os eventos finais da saga Doomed os roteiristas arriscam alienar um pouco os leitores casuais que não estejam acompanhando Action Comics. A arte de Ethan Van Sciver é uma escolha incontestável para este prelúdio, todavia um arte finalista separado talvez pudesse incrementar ainda mais um trabalho gráfico do ilustrador que já é muito bem feito. Apesar desta edição ser basicamente um diálogo entre os personagens, Convergence trás uma mensagem muito forte logo em suas primeiras páginas e que realmente empolgam quem começa a ler a saga neste momento. Pode soar demagógico, mas quando alguém escreve: “Não importa o universo ou linha temporal. Todas demandam atenção” pode contar que haverá uma legião de leitores prontos para mergulhar nestas páginas.

Leia mais: Guerras Secretas e Convergence | A mesma história em editoras diferentes?

Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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