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HQ do Dia | Arlequina #1 – Uma estranha no ninho

A editora Panini acaba de lançar no Brasil um encadernado contendo as 9 (0 a 8) primeiras edições de Harley Quinn, série mensal lançada em 2013 pela DC Comics e… Sim. Você não precisa ler esta resenha toda para comprar. O fato é que em virtude do recente (bem recente) aumento de popularidade da personagem ocasionado pelas imagens recentemente vazadas diretamente do set de filmagens do longa metragem Esquadrão Suicida e a escassez de material da personagem no mercado, um encadernado com 188 páginas da lunática mocinha venderá muito independente da qualidade do material.

A série em questão é escrita pelo casal (são casados mesmo) de roteiristas Amanda Conner e Jimmy Palmiotti e tem início em Gotham com a edição zero da revista original na qual a protagonista quebra a quarta parede no melhor estilo Deadpool e passa a história toda escolhendo o artista de seu novo título. A introdução é hilária e a mudança de artistas a cada página diverte ao mesmo tempo em que nos brinda com páginas lindíssimas e várias interpretações diferentes de Harley desenhadas por nomes de peso como Darwyn CookeJim LeeAdam HughesCharlie AdlardBecky Cloonan só para citar alguns. A partir da edição número 1 da publicação original a HQ fica um pouco mais “normal”. O título ganha um artista fixo (Chad Hardin) e somos apresentados a premissa do roteiro: Harley herdou de um de seus pacientes no Asilo Arkham um prédio de frente para a praia em Coney Island, no Brooklyn – NY. O prédio é habitado por um elenco totalmente circense de criaturas bizarras que trabalham em um show burlesco no térreo do prédio. Então, Harley se muda para o Brooklyn e finalmente está em casa.

HQ do Dia | Arlequina #1 - Uma estranha no ninhoDurante estas oito edições do encadernado vemos a psicótica “heroína” conciliando sua nova função como administradora do prédio e de seus inquilinos com um emprego de psicóloga em um asilo e outro como corredora de roller derby. Enquanto tenta arrumar grana para sustentar as despesas do edifício, Harley tem que encarar uma legião de assassinos contratados para matá-la, já que sua cabeça está a prêmio. Essa quantidade de subtramas e o divertido elenco de apoio geram histórias bem variadas que alternam temas a cada nova edição – aqui vemos a facetas mais sensíveis e as mais desequilibradas da personagem e os autores não exageram em nenhuma das duas interpretações, mostrando uma personalidade naturalmente desequilibrada, mas com algum sentimento (mesmo que doentio). Conner e Palmiotti definem claramente um tom para a revista que segue na mesma toada de humor negro caricato durante todo o encadernado. A revista é cheia de morte, mutilações, sangue e violência. Harley é instável, imprevisível e agressiva como deve ser, mas em momento algum o título descamba para algum lado sombrio ou depressivo. Tudo é tratado como um desenho animado violento e a pegada da revista é bastante descompromissada e despretensiosa, tudo amarrado por um roteiro bem redondo. Harley e todo o elenco tem vozes bem definidasos diálogos não são obras primas modernas, mas satisfazem o roteiro e tem passagens engraçadas, apesar de serem recheados de frases clichê.

A arte de Chad Hardin durante grande parte do encadernado é bastante consistente. A ambientação de Coney Island, decadente e bizarra é muito interessante e bem executada. A caracterização de Harley é sexy sem apelar para o vulgar e a variação nos figurinos de todo o elenco é um ponto extremamente positivo. Os personagens mudam de roupas neste título, algo ainda difícil de se encontrar em quadrinhos de super heróis. O elenco de apoio é bastante marcante. A primeira vez que você ver um coadjuvante importante ele ficará guardado na sua mente. Mérito para o desenhista que consegue dar personalidade aos personagens secundários também. O enquadramento em toda a revista é padrão. Não revoluciona, mas também não compromete o fluxo de leitura. E as cenas de ação são o destaque, com bastante energia e humor em praticamente todas as histórias. Tudo para fazer destas oito edições uma leitura confortável e leve.

Arlequina #1 é um feijão com arroz descarado. A revista tem um tom muito casual e bem-humorado, se tornando uma leitura agradável se você não quer pensar muito e ler algo pra passar o tempo. Temos um roteiro bem manjado, mas sem furos, diálogos e situações engraçadas, um elenco marcante e uma protagonista carismática – tudo apresentado com uma arte consistente e que atende a simplicidade deste roteiro. Ingredientes bons o suficiente para uma leitura descompromissada e leve. Para quem quer conhecer a personagem nos Novos 52 e se divertir com suas aventuras é uma leitura válida. Se você espera muito mais do que isso deste material, então o encadernado realmente não merece o seu dinheiro.

Leia mais: A lista completa das animações da DC Comics

Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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