Rafael Tanaka Não é fácil viver da arte e nem ser reconhecido por isso, aqueles corajosos e sonhadores buscam e almejam alcançar suas idealizações, aquele brilho no coração que desperta a vontade de viver. Ainda mais aqueles que estão começo e notamos sua paixão, aquelas pessoas que deixamos passar nas praças com seu violão ou metrô com sua dança. “Busker” é sobre manter o sonho vivo internamente enquanto tentamos sobreviver ao mundo rodeado de decepções.
Escrito e desenhado por Ryan Smallman, este é seu primeiro trabalho autoral, conhecido pelas artes do site Omelete, o jovem autor cresceu com sua identidade e deixa claro nesse primeiro momento que sabe cativar o público de uma maneira leve. A HQ foi lançada no final de 2018, mas fui conhece-la nas minhas árduas caminhadas pela Artists Alley da CCXP 2019 e valeu cada momento.
Em “Busker”, termo usado nos Estados Unidos para artista da rua, Clay é um músico urbano e junto de seu violão tenta ganhar a vida tocando covers e algumas de suas músicas autorais nas praças da cidade de São Paulo. Porém, tudo que recebe são míseros trocados que pouco dá para almoçar ou pagar o aluguel. Fora a luta de sobreviver com inúmeras pessoas passando a mal no seu suado dinheiro ganhado.
Entretanto, Clay ainda carrega em seu coração o sonho de se tornar famoso e atrair multidões com sua música, mas devido a grandes decepções e sem alternativas, o jovem decide aceitar um emprego fixo oferecido pelo seu primo. Porém, uma descoberta inovadora o coloca de novo a perseguir seu sonho de uma maneira que nunca imaginou. Talvez, um suspiro do seu próprio coração para não desistir.
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Sua narrativa simples nos conduz para os desafios da vida musical de arte, tanto internamente como externamente, impossível não se sentir atraído e conectado, ainda mais para pessoas que tentam todos os dias viverem do que percorrem suas veias e consciência. Afinal, são lutas diárias que enfrentamos para deixar apenas de sobreviver e passar a viver de nossa paixão sem se perde na ilusão da perdição.
Nossa geração carrega um peso incrível pelo sucesso, especialmente viver do que amamos, somos recheados de frustrações, conflitos e muitas vezes a falta de esperança. Em meio a tudo isso, temos aqueles momentos de brilho, exatidão e pura alegria que fazem todo o resto valer a pena, mas é um caminho nada simples e muito difícil. Afinal queremos provar nossa importância.
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Como o próprio Ryan Smallman declarou na HQ, seus dois amores são a música e a arte, então no decorrer da leitura nos perguntamos se o personagem não se trata de uma versão sua que sobreviveu a todas essas lutas, claramente uma homenagem de sua pessoa e a tantas outras que tentam a sorte em meio a mundo corrosivo pela ausência da arte. Seus traços destacam uma personalidade forte mas serena ainda valoriza todo o ambiente e seus personagens.
“Busker” é uma carta de amor para pessoas que sobrevivem e almejam viver de sua arte ou de sua liberdade profissional. Vale ressaltar o brilho de música criada especialmente para o quadrinho feita por Ryan e sua esposa Beatriz, que traz ainda mais personalidade para a história.
Simples, encantador e emocionante definem a jornada da leitura em uma obra que se apoia em demonstrar a beleza pela própria arte.
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