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Alimente suas paixões e nunca deixe elas morrerem

Nem sempre a gente percebe, né? De repente a rotina nos consumiu, vivemos no automático, nada além de trabalho e pagamento de boletos e mais boletos. Ser adulto não é fácil, mas esquecer a criança que mora dentro da gente é pior ainda.

Eu sempre fui muito crianção com tudo, levava um estilo de vida pautado pelo bom humor e por piadas até mesmo nas horas mais ingratas. Mas como dizia Chorão do Charlie Brown, “a vida cobra sério e realmente não dá pra fugir”. E não deu. Na busca por ser mais maduro, de ter mais inteligência emocional e segurar todas as pontas, fui ficando monocromático por dentro, esquecendo da criança e de boa parte das coisas que eu era apaixonado.

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Alimente suas paixões e nunca deixe elas morrerem

Muita gente diz que quando trabalhamos com o que gostamos, a gente não trabalha mais. Isso é uma grande mentira! Por vezes eu gostaria de ler um quadrinho, assistir a um filme ou série simplesmente pela diversão e ficou insuportavelmente chato não pensar em trabalho. Meu cérebro analisava tudo sem eu pedir, comparava com outras obras, identificava elementos, fazia todo o trampo sozinho enquanto eu queria apenas descansar.

Ao longo de 11 anos vivendo um dilema. Ao mesmo tempo que eu queria ir além, os efeitos colaterais eram mais latentes. A pressão do lado de fora foi aumentando, os compromissos e desafios também e tudo que eu era apaixonado foi se perdendo.

Fui diagnosticado com depressão e ansiedade há quase um ano. Desde então, tenho procurado ajuda de profissional, terapêutica e felizmente conto com a ajuda de familiares, amigos, irmãos que a vida me deu e uma esposa maravilhosa.

No processo de se dissolver e recompor, fui reencontrando algumas paixões pelo caminho e descobri o quão eu fui burro ao ter deixado elas de lado pelo simples fato de achá-las irrelevantes. Mal sabia o quanto elas contribuíram para minha sobrevivência e para tudo que eu sou hoje.

É fácil olhar para trás e lembrar do garotinho que sentava em frente à TV para assistir “Jaspion”, “Jiban”, “Jiraiya”, “Os Cavaleiros do Zodíaco”, “Changeman”, “Flashman”, “Power Rangers”, “O Fantástico Mundo de Bobby”, “Doug” e tantos outros.

Alimente suas paixões e nunca deixe elas morrerem

É prazeroso lembrar dos tempos em que eu corria para a locadora mais próxima e passava horas tentando escolher um filme bom e não me arrepender depois, de quando eu reunia meus amigos de infância para assistir comigo ou quando eu me sentia sozinho e me grudava a qualquer filme que eu tinha gravado em uma VHS de 6 horas. Quando eu matava aula para ir ao cinema ou guardava o dinheiro do lanche da escola pra gastar com Revista Herói. 

São lembranças como essas que nos retroalimentam. Imagens, momentos, sensações de como uma época foi decisiva para definir quem você seria no futuro, que formou caráter e que é fundamental para fazer a engrenagem rolar.

Hoje eu percebo que tudo aquilo que chegamos a gostar um dia não pode ser abandonado, mesmo que não seja mais interessante, é importante lembrar que por causa delas temos sangue quente correndo nas veias.

Me lembro também quando eu deixei de lado todos os meus DVDS e doei, vendi ou joguei fora boa parte deles por pura birra. Agora, ao ter noção de que esses elementos são essenciais para minha vida continuar, percebo o quão fui desleixado comigo mesmo. Minha coleção poderia ser enorme, uma verdadeira videoteca dentro de casa, mas não.

Alimente suas paixões e nunca deixe elas morrerem

Minha sorte foi que eu consegui enxergar com ajuda de muitos, que mesmo diante de momentos escuros as paixões que me alimentavam. E, por meio delas, criei a proteína e vitaminas que me dão forças, sabedoria e esperança de um futuro melhor.

Alimentar suas paixões é um ato de autocuidado e de respeito com você. É como uma vacina que se toma em pequenas doses para manter-se imune ao cotidiano e as mazelas da vida.

Alimente-se e nunca sinta vergonha ou esqueça de suas paixões. Elas salvam vidas.

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Alimente suas paixões e nunca deixe elas morrerem

Salvou a minha!

Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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