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The Last of Us – Parte 2 | O vazio de uma vida violenta

Demorou sete anos, mas chegou o tão sonhado e aguardo “The Last of Us – Parte 2”. Apesar dos spoilers vazados, o game conseguiu sobreviver a ansiedade e desejo de seus fãs.

Primeiramente, o texto não será uma análise do game, está você pode ler aqui! Tomarei uma visão mais profunda sobre a história e as conexões com nossas vidas, por assim, com o que devemos compreender da capacidade humana de lidar com dilemas. O artigo está recheado de spoilers, então caso você se preocupe e não queira perder nada, jogue o game primeiro e volte aqui depois.

The Last of Us - Parte 2 | O vazio de uma vida violenta

Em um mundo pós apocalíptico, dominado por criaturas nojentas e humanos egoístas, é difícil sobreviver da maneira correta. Joel fez o que precisou fazer para salvar a vida de Ellie no primeiro “The Last of Us”, a garota por quem criou lanços profundos, sendo que em seu passado havia perdido sua filha, o homem gerou por essa nova garota a emoção que havia perdido em sua vida: o amor paterno. Para mantar Elle ao seu lado, Joel fez o que acreditava que era justo e pertencia a suas vontades, entretanto, cego pelo egoísmo, acabou deixando sangue e corpos pelo caminho.

O que Joel havia esquecido é suas ações, como a de todos nós têm consequências, mais cedo ou mais tarde, somos cobrados pelo que fizemos no passado, nós podemos esquecer, mas a vida, meu amigo, ela não esquece. Seremos plenamente julgados por determinados atos, o maldito karma, o que você faz/reage às situações a sua volta tende a definir o que você irá proporcionar de retorno para você, o bom gera o bom, o ruim, bem, gera mais merda. Não adianta viver uma vida ruim e esperar que coisas boas aconteçam.

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The Last of Us - Parte 2 | O vazio de uma vida violenta

O passado na forma de uma mulher chamada Abby encontrou nosso personagem, como era esperado, ele não foi nada amigável com suas ações passadas, de uma maneira brutal em uma violência explícita, a sede de vingança no coração de Abby destruíu cada membro de Joel, raiva sendo movida por atos, olhe só, de um coração partido e uma vida destruída, Joel em sua necessidade de salvar Ellie, eliminou também a única figura paterna que Abby tinha, olhe só.

Muitos desdenharam e reclamaram que Joel havia estragado tudo o que representa no primeiro game, entretanto, com nós evoluímos, mudamos por assim dizer, os personagens da ficção também. Joel não deixou de extremamente forte e desconfiado, ele apenas passou a aceitar as coisas de forma mais plena depois de viver o período rodeado por pessoas boas na comunidade de Jackson. Ele apenas deu o voto de confiança, uma coisa que precisava ser feita para sobreviver.

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The Last of Us - Parte 2 | O vazio de uma vida violenta

O ciclo da vingança se repete, a vingança de Abby gerou a vingança em Ellie que também presenciou sua figura paterna ser morta, relembrando tudo que aquele rosto teve de importância em sua vida. O maldito karma retornou, mas quando ele foi embora? Afinal, está sempre presente de acordo com nosso comportamento. “The Last of Us Parte 2” tem a premissa de movimentar Ellie por uma jornada movida por ódio, não é atoa, ela usa suas próprias mãos para conseguir o que tanto almeja, nem que para isso precise perder toda sua humanidade, não é difícil se corromper nesse mundo. A pergunta é: qual é seu limite?

O roteiro não deixa de transparecer a vida, podemos não aceitar, mas a realidade é que sempre existirá duas visões sobre um acontecimento, a maneira egoísta é aceitar que apenas o nosso lado é o certo. Pensar que Joel era um herói, um salvador, pode até ser redundante, o homem foi um carrasco, mas encontrou o propósito e uma redenção por seu estilo de vida ao perceber a conexão com Ellie. O que faz lembrar-me de uma famosa frase “ninguém se reconhece como o vilão de sua própria história”.

The Last of Us - Parte 2 | O vazio de uma vida violenta

Embora muitos não gostaram da Abby, a personagem busca e caminha pela mesma jornada de todos, como Ellie e Joel caminharam nesse perverso e cruel mundo, a sobrevivência. A soldada da milícia WLF acredita em um regime que irá sobreviver e comandar as coisas de maneira coesa, o que não enxerga é que vive presa em um regime que dita as regras. Sua forma de enxergar esse mundo apenas muda quando é salva pelos irmãos Lev e Yara, membros dos Sarafitas, uma culto religioso dos mais fanáticos e que estão presos em uma falsa fé.

Os dois irmãos também enxergaram que estava em um regime autoritário no momento que decidiram ter liberdade de suas ações e pensamentos, impactados por Abby após sua também mudança, eles perceberam que precisavam sobreviver de uma maneira ou outra. Reconhecendo que seu propósito era manter os dois vivos, Abby foi impactada por abandonar e quebrar o ódio e remorso que perseguia sua essência.

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The Last of Us - Parte 2 | O vazio de uma vida violenta

Ellie, pelo contrário, ainda permaneceu no seu ciclo de vingança, iludida pelo ódio, não esquecia de sua mente o que haviam feito com o pobre Joel, afinal quem esqueceria tamanha atrocidade? Sorrateira, treinada, a antes carismática e ingênua deste mundo  se transformou em um monstro, matando um após um, crente que essa era sua grande necessidade.

O caminho aqui relembramos, se torna uma trilha de sangue, a violência pela violência, os meios justificam o fim, eliminar o que estiver a nossa frente para conseguir o que tanto almejamos, mesmo que para isso precisamos se desligar de todo nosso correto Ser. Muitos optam por persistir no passado, em vez de seguir com o novo presente. Ellie, depois de ser perdoada por Abby, esta que compreendeu o tanto que perdeu por sua necessidade de vingança, amigos e um grande amor.

The Last of Us - Parte 2 | O vazio de uma vida violenta

Ellie acredita que deixou o passado, mas ele a persegue, como qualquer um de nós, o sentimento não explorado, não trabalhado é aquele trauma que carregará sua vida inteira praticamente, se você deixar. Você pode optar por trabalhar isso internamente de maneira cordial ou ir empurrando ao fundo, até que um dia ele volta e é preciso se preparar para uma bomba de sentimentos prejudiciais explodindo em suas mãos.

Com isso não trabalhado, é simples uma pequena fagulha aflorar o que não estava finalizado. Com a descoberta do paradeiro de Abby, Ellie volta a ter vontade ao ser guiada pelo escuridão do ego. Ao que me remete uma frase budista “o ódio é como água salgada, quanto mais se bebe, mas tem sede”, ela sentiu o gosto e não queria deixar a ausência, acabou se viciando, como uma droga que corrompeu todo seu coração.

No embate final com sua inimiga, Ellie consegue derrotá-la e massacrá-la, perto de conseguir o que tanto almejou, lembra de Joel, uma breve lembrança de sua forma em vida e terminar por desistir de tal ato. Ela não perdoa Abby, o perdão vem de si mesmo, de seu interior, ao perceber que sua própria figura paterna estava em paz. Mas ao retornar para sua amada Dina, Ellie é recebida com o vazio que carrega antes em si, os rostos sumiram, pois de volta ao passado, suas ações afastaram quem realmente se importa com ela.  O quanto demorou para ela compreender o tanto que perderia nas causas da violência de uma vida vazia.

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The Last of Us - Parte 2 | O vazio de uma vida violenta

Claro, em primeira mão muito de nós odiamos este final, maldita Naughty Dog, não era isso que desejava. Afinal, estávamos presos às lembranças emocionais de sete anos atrás, volto com a compreensão de apenas um lado da história. “The Last of Us” nunca foi um jogo sobre Ellie e Joel, mas sobre pessoas, pessoas estas que querem e desejam sobreviver nesse mundo caótico, sobre a catarse da humanidade em um futuro distópico.

No fim ninguém estava certo, mas todos estavam errados, assim é a vida real, especialmente no cenário que vivem. Seja por esses motivos que a história seja tão profunda e arrebatadora, emoções que precisamos lidar em nosso dia a dia misturados aos sentimentos ruins, lembrar dos pequenos detalhes, o que temos e recebemos de bom, esses pequenos detalhes ao passar por nossa compreensão é capaz de transformar esse inferno chamado”vida” em maneira mais compreensível e suportável de lidar.

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Escrito por Rafael Tanaka

Publicitário, amante de cinema, quadrinhos, filmes e séries. Sempre existe coisas para se descobrir nesse mundo da cultura pop.

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