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Review – Fallout 4 | Ou: apenas um jogo…. mediano?

É, eu sei, uma afirmação meio complicada – que provavelmente vai afastar muita gente só pelo título. A questão é que não estamos falando de qualquer desenvolvedora, nem de qualquer franquia, e muito menos de qualquer valor de jogo (o mais caro desse ano sem nem levar em conta DLCs).

Depois de ter descoberto a franquia Fallout graças a um amigo, decidi jogar desde o primeiro até o New Vegas (e, bem, segui a refinação e a evolução do conceito do game do início até o melhor jogo da franquia).

Com os três games principais e a espécie de spin-off que foi o New Vegas, e o lançamento de uma versão mais robusta e definitiva no final de 2012, a Bethesda deixou os fãs numa espécie de vácuo de produção em relação à saga. Seria de bom tamanho e extremamente lógico e compreensível que a franquia parasse por ali.

Só que estamos falando da Bethesda, mãe de The Elder Scrolls, do filho mais ‘recente’ Skyrim (que, apesar de não ser o melhor da série – na minha opinião, foi o mais celebrado). Uma continuação era uma questão de tempo. Estamos falando de uma empresa grande que se garante a partir de seus dois principais (e gigantescos) títulos.

Salto no tempo, anúncio de Fallout 4 com a quantidade de features e possibilidades in game. Todos ficaram empolgados. O preço chateou consideravelmente (produto, enquanto “peça” única, mais cara do ano), mas não desanimou justamente pelo bombardeio de características, inovações e melhorias. Saíram teasers e até alguns vídeos interativos e jogos mobile para divulgar o game.

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E então saiu, em novembro, o game. Eu poderia ter lançado a review na época, já havia jogado o bastante para dar o meu parecer. Muita gente faz isso: reserva em torno de 6h-8h de jogatina, anota os pontos principais e transforma em review. Decidi tomar um caminho um pouco diferente, esperar que as resenhas saíssem, que uma quantidade razoável de gente tivesse acesso e que até alguns dos MODS da comunidade (a parte mais brilhante, sem comparação, dos produtos da Bethesda, são os criadores de mods – que são independentes) saíssem. O famoso “tempo para respirar”.

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Transformei minhas 6h-8h de jogatina pesada em quase 60 distribuídas ao longo de bastante tempo, e cheguei à conclusão de que não, Fallout 4 não é um jogo ruim. Longe disso. É um bom jogo, tem boas mecânicas, boas ideias, boa execução… mas não passa disso, de um produto mediano – ainda mais enquanto tomamos seus predecessores em conta (e o preço). Evito usar o termo “medíocre”, porque o game superou sim algumas expectativas e claramente se destaca da maioria dos lançamentos desse ano, porém, não de todos os outros da série.

Vou me ater aos pontos positivos e negativos de maneira muito mais objetiva do que nas outras reviews e focar, no final nos dois principais pontos negativos do game. Vamos lá.

Review - Fallout 4 Ou apenas um jogo mediano

Jogabilidade é fluída e tranquila. Os controles são intuitivos. Depois de vinte minutos jogando, você sabe exatamente o que tem de fazer enquanto comando para chegar na ação que pretende, seja no PC, no Xbox One ou no PS4. Os controles são responsivos de maneira ideal e você sente o peso de tudo o que faz in game, seja caminhar, correr (com ou sem armadura), agachar, utilizar armas, etc.

O som não é perfeito. Prestando atenção você vai descobrir muitas semelhanças com os pacotes de som presentes em Skyrim. Alguns dos sons antigos foram regravados, insistindo na identidade sonora da série (é o tipo de decisão que raramente gera resultados ruins – isso dentro de games de uma mesma franquia e de uma mesma geração. Seria inconcebível, por exemplo, Metal Gear utilizar dos mesmos pacotes de sons dos seus primeiros títulos – os pixelados). Há profundidade e imersão, mas não passa disso.

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Os efeitos de iluminação são estupendos. Enquanto os gráficos não são o forte do jogo, e isso é tranquilamente compreensível pela atenção dada pelos desenvolvedores e desenvolvedoras ao gameplay. Não que não sejam impressionantes, mas eles não têm o feeling “perfeito” daquilo que já conseguimos enxergar na nova geração. E então nos deparamos com a reutilização (levemente remodulada) de MUITA coisa que foi usada em Skyrim – e isso é comum. Pacotes de animação e programação em geral são reutilizados; mas a maneira como foi empregada em Fallout 4 chega a provocar certo incomodo. Mais uma vez, nada que pese numa decisão final. É um detalhe específico que gera aquela sensação de déjà vu e serve até como “assinatura” gráfica da Bethesda.

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O sistema de customização física apesar de não ser perfeito (qual é?), é um bem “fino” e legal. Não espere “se fazer” com perfeição dentro do jogo, mas bem perto você vai chegar.

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A construção de bases e a manutenção das mesmas por melhoria constante focado em estratégia (os mods focados apenas nisso vão começar a explodir dentro de alguns meses, se preparem) é a pérola do game. Existem comunidades, discussões, subreddits e até vídeos focando apenas nessa feature.

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Ela funciona na base de coleta de recursos, construção em craft simples (como já conhecemos bem) e de posicionamento, mas isso funciona de um jeito incrível não só como elemento de jogabilidade, mas ponto de imersão.

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Confesso que parte significativa das minhas cinquenta e poucas horas se endereçaram a isso.

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O sistema de crafting, em geral, foi remodulado e melhorado. Ponto fundamental do novo game.

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Não é um jogo difícil, mas é desafiador. Você não pode enfrentar todo e qualquer perigo de frente por mais que tenha uma armadura completa ou uma boa arma. O combate não é um processo único e pontual. Quanto menos você consome durante uma ação complicada, melhor. Essa é outra pérola que, bem, não é exatamente algo de inovador. Estratégia e tática empregadas em decisões é uma das marcas registradas do jogo.

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Sistema de skills e perks foi refinada e, diria, melhorada. É uma direção certa a se seguir e, bem, como provavelmente veremos novos Fallout daqui alguns anos, é certamente esse o caminho a se seguir.

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A trilha sonora não é surpreendente, apesar de ter ótimos momentos, trazendo bastante do clima pós-apocalíptico e, ao mesmo tempo, retrofuturista nas partes que lhe cabe – e, claro, a acidez típica da série. Falar de lore num jogo tão grande e bem construído é sacanagem, afinal, a história é o ponto principal de um game desse nível.

Os dois principais pontos negativos são 1. Emburrecimento na jogabilidade enquanto RPG 2. Escolha artística em relação às cores.

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O emburrecimento aconteceu justamente onde não poderia acontecer: sistema de escolhas e no fim do karma in game. Antes, o que eram decisões e escolhas bem definidas que mudariam cada linha da história, agora foram reduzidas a diálogos simplistas e muitas vezes vazios. O caráter do seu personagem por coisas que você fazia e/ou dizia significaria em acontecimentos futuros e se desenrolaria em subplots e na acessibilidade de personagens, novos diálogos e até mesmo ações novas. E tudo isso foi deixado de lado no novo título.

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A grande “desculpa” dada, foi a garantia de maior acessibilidade ao novo jogador, ou a simples necessidade de vender mais abrangendo um público maior, abrindo o nicho nas beiradas. Enquanto a lógica é completamente compreensível, e uma suavização disso no gameplay fosse não só aceitável, como louvável, a aplicação no jogo transformou o que era um dos sistemas mais legais de jogos do gênero em algo vazio. A imersão é reduzida significativamente ao custo de ser algo mais “limpo”.

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A parte artística, apesar de também receber uma grande “desculpa”, divide bastante opiniões. Enquanto os quatro primeiros jogos da série focaram num tema bem mais sombrio e decadente, com cores falhas, padrões de cinza, cores arenosas, ferrugem, lama, e o desgaste, Fallout 4 traz cores fortes. E isso não seria uma escolha ruim caso fosse 100% bem aplicada. O mundo inteiro tem partes bastante coloridas.

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A cor não é um elemento de destaque emocional. Não é uma maneira de contar uma história, de levantar um mistério, de levar o/ jogador/a a se perguntar o porquê de determinadas coisas. A cor está ali porque está ali, e a “desculpa” é de que já se passou tempo suficiente para que a decadência fosse revertida a algo… diferente.

Isso funcionaria… se a decadência não fosse praticamente a mesma, se os personagens não passassem por conflitos semelhantes. A cor não é um elemento diferenciador, de reconstrução, de expressão, de qualquer coisa. É um elemento gráfico secundário. Ponto.

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No final, Fallout 4 é um bom jogo, não me levem a mal. O que pega é o tempo e o esforço empregados em um jogo que não segue a refinação e a expectativa criada por seus predecessores e, principalmente, o preço. O preço é o principal argumento em questão de gasto e entrega.

Mas saiba: você vai se divertir, você vai imergir naquele mundinho – mas não será nada como New Vegas ou o Fallout 3. É intenso, dinâmico e divertido, mas não é metade do que poderia (e deveria) ser.

Que a temporada de mods venha com força (e que ela esteja com todos nós).

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Escrito por Equipe Proibido Ler

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